Minas cortejada

O segundo colégio eleitoral do Brasil preserva seus segredos e suas manhas. Candidatos à presidência olham para Minas como quem procura sua amada. Minas, a noiva desejada. Nos últimos dias, andaram por BH um emissário de peso do presidente Bolsonaro, um de seus filhos, senador Flavio Bolsonaro, e o candidato Ciro Gomes.

Buscavam apoio de candidatos ao governo de Minas. Mas onde encontra-los? Na Cidade Administrativa, talvez.  Zema já anunciou que quer a reeleição. Mas, céticos, os mineiros aguardam o dia D (2 de abril), da desincompatibilização. Vai que ele resolva tomar outro rumo. Ninguém sabe o que conversaram senador e governador. Notícias dão conta de que Flávio foi lhe propor Marcelo Álvaro Antônio, seu correligionário, para companheiro de chapa de Zema. Dizem alguns que a sondagem foi outra e que o governador fez cara de paisagem e não lhe respondeu nem que sim, nem que não. Felipe D’Ávila, do Novo, se apressa em visita-lo.

Na prefeitura de BH, possível. Mas Kalil ora diz que será, ora que está pensando, ora, ainda, que poderá nem ser candidato. Amigos falam que ele já esvaziou suas gavetas. O tempo dirá. Seu limite é também o dia D. No início de abril, saberemos se o destino dos dois será percorrer o pedregoso caminho para o Palácio Tiradentes.

Na sua passagem por BH Ciro foi diplomático, vejam só. Teceu loas a Kalil e respeitou Zema, com quem não terá nenhuma chance de se aliar. Gostaria de repetir em Minas a aliança construída com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, mas sabe quão difícil seria aqui. Kassab, o estrategista do PSD, ainda mantém a candidatura do mineiro Rodrigo Pacheco à presidência, mas conversa com Lula, quiçá para antecipar aliança com o PT na disputa nacional, recebendo, em troca, entre outras tantas coisas, o apoio de Lula a Kalil, hoje sem entrada no interior. Nas contas de perdas e ganhos, Lula poderia ser muito útil para Kalil. Mas, o que almeja o PT de Minas Gerais? Ninguém no PT acredita em revés, portanto fazer uma bancada federal maior é fundamental tanto para facilitar a governabilidade de Lula quanto para abocanhar um quinhão maior do rico fundo partidário. Candidatura ao governo estadual, mesmo com baixa probabilidade de vitória, pode ser alavanca para conquistar cadeiras no parlamento.

Mostra-nos a história que quem ganha em Minas recebe como prêmio o Palácio do Planalto, o que torna o eleitorado mineiro tão cobiçado. Contudo, será que os votos para presidente dependem do apoio de candidato ao governo estadual ou, ao contrário, este seguirá a preferência de seus eleitores, sejam elas quais forem? Ah! A história também nos revela que traição é costume nas entranhas de Minas. Candidato não respeita alianças e acordos, pois só é fiel a si mesmo, e, por essas bandas, eleitor anda muito ressabiado. Eh Minas, eh Minas, boneca cobiçada.


Carlos Eduardo Orsini

Executive Director & CEO at YKS SERVIÇOS LTDA

2 a

Caro Paulo, como dizia nosso querido e saudoso Hélio Garcia: "Minas Gerais foi e sempre será o equilíbrio do Brasil"...mas há muito tempo que não conseguimos ter uma estratégia política no sentido de liderar esse cenário.

Quando vamos parar de falar de nomes e passar a discutir projetos? Quem sabe assim eles apareçam?

Ricardo Guedes

CEO and founder of SENSUS - Ph.D. from The University of Chicago

2 a

Análise perfeita

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