Mosca na Sopa

Gente talentosa é algo admirável. Raul Seixas se apropriou do incômodo causado pelas moscas para escrever uma poesia bem humorada e crítica. Logicamente o artista não trazia conceitos de segurança alimentar, mas enquanto consumidor deixava bem claro que uma "Mosca na Sopa" é bem irritante.

ESTÁ ABERTA A TEMPORADA DE MOSCAS!!! O que fazer?

Lamento ser portador da má notícia, mas as condições climáticas, características da primavera/verão no hemisfério sul, associadas à enorme disponibilidade de matéria orgânica, resulta no aumento exponencial das ocorrências de moscas em todos os ambientes, urbanos ou rurais, domésticos ou industriais, sobretudo no período de outubro a dezembro.

Mas como reduzir riscos? Afinal, o especialista Raul Seixas já escreveu: E não adianta vir me dedetizar, Pois nem o DDT pode assim me exterminar, Porque você mata uma e vem outra em meu lugar".

Felizmente a sociedade que o artista conheceu evoluiu em muitos aspectos. No combate a moscas não foi diferente. Conquistamos pelo menos duas abordagens que geram impactos muito positivos na redução dos riscos associados a este inseto.

A primeira abordagem é física - relacionada a três estratégias: a) manter o ambiente limpo e sem atrativos; b) manter o ambiente confinado; e c) instalar dispositivos para captura. Isso funciona muito bem. As rotinas adequadas de limpeza, sanitização, organização de insumos e manejo de resíduos atenuam significativamente a atratividade às moscas. Assim como a automatização no fechamento de portas, uso de telas em janelas e ralos, manter containers de resíduos tampados, climatização de alguns ambientes, pressão positiva e outras técnicas geram expressivos resultados para reduzir o risco de contaminação por moscas. O uso de dispositivos para captura, com iluminação UV, ou atrativos biológicos, se bem dimensionados são um excelente aliado tanto para conter parte dos insetos que acessam os ambientes, quanto para gerar dados estatísticos precisos.

A segunda abordagem é química. Selecionando "inseticidas adequados". Mas aqui temos uma baita encrenca. Será que existe "inseticida não adequado"? Pois é. Existe sim. Embora a enorme maioria dos inseticidas estejam registrados na ANVISA para extermínio de moscas (e de fato exterminam), em alguns cenários existem formulações que garantem melhor performance. O Especialista em Controle de Pragas saberá selecionar a melhor metodologia.

Cito um exemplo. Há alguns anos visitei um frigorífico/abatedouro que realizava auto-serviço, no qual um profissional do próprio frigorífico empregava uma única formulação super repelente e sem efeito residual 2 vezes por dia ao redor de toda a edificação para matar moscas. De fato exterminava muitas moscas, mas gerando 2 problemas sérios: a) gastava rios de inseticida e b) continuava registrando muitas moscas nos pontos críticos. Naquela oportunidade pude apoiar a área de qualidade do frigorífico a desenvolver um novo programa para controle de moscas baseado em estratégias sanitárias associadas ao uso de inseticidas não repelentes e elevado efeito residual, de modo que na época mais quente fossem realizados 2 tratamentos por semana e no período menos quente, apenas 1 tratamento por semana. Não houve economia na aquisição de produto químico, porque inseticida melhor formulado custa mais caro, mas gerou uma enorme economia no tempo do profissional, que pôde assumir outras tarefas menos tóxicas, além de reduzir risco de contaminação ambiental e contaminação cruzada por ingredientes químicos.

Segundo o "Maluco Beleza" em sua música, você deveria perder o sono por causa da mosca que está a "zum-zumbizar", mas graças à evolução tecnológica que conquistamos, existem alternativas que reduzem significativamente o incômodo das moscas desde instalações residenciais até grandes complexos industriais. É preciso que o profissional parceiro no Controle de Pragas esteja sempre atualizado e ofereça soluções ousadas, que ultrapassem a cômoda escolha de apenas repetir aplicações das mesmas formulações pouco eficazes.