A mulher selvagem somos nós

A mulher selvagem somos nós

Neste Dia da Mulher, eu quero treinar a minha intuição, conectar com a minha essência feminina e convidar todas as mulheres a fazerem o mesmo. Escrevo inspirada em um livro que me encantou. Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da Mulher Selvagem. A autora é Clarissa Pinkola Estés e o livro é um clássico que passou por diferentes gerações e cruzou a minha vida só agora. Vou me desafiar a escrever um artigo diferente, sem revisão e escrito bem rapidamente, exatamente para ser mais espontâneo e verdadeiro.

Aprendi que quando as mulheres escutam essas exatas palavras, mulher e selvagem, uma lembrança antiga é acionada e volta a ter vida. São palavras poderosas que podem nos reconectar com a origem do feminino, que pode ter sido esquecido por negligência, por algum relacionamento, por padrões culturais tidos como adequados.

Começo explicando que a palavra selvagem não é usada no sentido pejorativo como algo fora de controle ou feroz, mas sim no seu sentido original de algo natural e exuberante. Algo que sustenta a força de todas as mulheres, sem a qual não podemos viver.

Quem nunca vivenciou situações que despertam essa presença da mulher selvagem? Situações que, ainda que rapidamente, nos deixam com vontade de querer mais, nos trazem um sentimento de vida, uma energia superpoderosa? Isso geralmente acontece comigo quando estou na natureza. Quando estou perto da água em movimento ou das montanhas. Quando estou com a minha família. Quando sinto o cheiro das minhas filhas. Quando escuto música latina. Quando danço. Quando ando de bicicleta. Quando aprendo. Quando ajudo alguém. 

Quando eu me reconecto com a minha natureza, sinto que realmente recebo uma visão mais ampla, uma fonte de sabedoria, uma inspiração, uma intuição vibrante. Ao me guiar pela mulher selvagem, passo a ver não com meus dois olhos, mas com a intuição, que tem milhares de olhos.

 Afinal, o que é a mulher selvagem?

Ela é a origem do feminino, é a força da vida-morte-vida; é a incubadora. É a intuição, a vidência, é a que escuta com atenção e tem o coração leal. Ela domina a linguagem dos sonhos, da paixão e da poesia. É aquela que se enfurece ao ver a injustiça. Ela foi esquecida há muito, muito tempo. Sem essa compreensão, não ouvimos a nossa melodia interior, a nossa alma, e nossos dias podem se tornar um tédio paralisante ou mera ilusão. Sem essa compreensão, nos calamos quando estamos fervendo por dentro.

 Eu quero neste texto, escrito no dia que celebra as conquistas das mulheres, dar coragem e incentivo para todas as mulheres que estão nesse caminho encontrarem sua força natural. Não importa se você é introvertida ou extrovertida, se você é urbana ou do campo, se você é uma mulher que ama mulheres ou uma mulher que ama homens, ou os dois, se você quer chegar ao topo ou apenas levar a vida como ela é: a Mulher Selvagem lhe pertence. Ela pertence a todas as mulheres.

Vamos nos reconectar com a nossa natureza, a nossa intuição, a nossa sabedoria, os nossos ciclos, pois aí está a nossa potência e a nossa fonte de energia. Exercitar os nossos dons, pois, como os músculos do corpo, se não forem usados eles acabam definhando. Confiar naquele sexto sentido que diz que uma pessoa é perigosa e devemos ficar longe dela, confiar no sentimento inexplicável que briga com a nossa razão e nos fala pra acreditar em uma ideia que parece maluca mas tão incrível ao mesmo tempo. “Uivar” (vale sem as aspas também) no intervalos pra lembrar que somos fortes e podemos chegar onde quisermos. Usar a chave secreta do Barba Azul (quem não conhece, dê um google na lenda ou leia o livro da Clarissa ;-D) porque precisamos descobrir o que está escondido atrás da porta...

Vamos neste dia lembrar que temos uma natureza autêntica, própria nossa, linda, maravilhosa, intuitiva. Não somos e não queremos ser iguais aos homens, não é esse o caminho. Busquemos a equidade e não a igualdade.

Para terminar, eu quero homenagear três mulheres sábias, mulheres lobas que muito me ensinaram sobre a minha natureza. Gailesh, que trabalha pela cura do feminino e me reconectou com a minha origem. Isildinha Nogueira, mulher sábia, a velha, o rio debaixo do rio. E por fim e mais importante, minha mãe, mulher corajosa, minha artista indomável que, quando eu recomendei esse livro, disse despretensiosamente que já o havia lido há 20 anos, mas que leria de novo.

Feliz Dia da Mulher!!

Obs: eu tenho que confessar que não consegui seguir à risca a regra de não editar o texto. Mas foi por pouco...

José Luiz Andreazza

Supervisor Jurídico no Grupo Maringá | LEC - Legal, Ethics & Compliance | Gestão Jurídica Estratégica

3 a

A busca pela ligação com nossa essência a partir do que é natural é engrandecedor e um divisor de águas. Sem dogmas, paradigmas ou qualquer coisa criada pelo nosso externo, viver a essência e suas virtudes é o caminho. Eu me encanto em ver essa caminhada de vocês e em como o ser humano se desenvolve, quando se permite e busca isso. E vocês tem isso nato, da proteção e intuição. Equidade com certeza, igualdade não, pois nós temos muito que aprender com vocês, por toda a trajetória cultural que foram colocadas e agora o desabrochar.

Amei!

Bruna Freitas

Encantamento do Cliente | Head de Marca | Marketing Produto | Estratégia | Planejamento | Branding and Product Management

3 a

Amo esse livro. Fica na minha cabeceira e a medida que vou precisando de luz em qualquer sentido na minha trajetória recorro a ele p/ me empoderar e ter forças para ir sempre além!! Ótimo artigo Carla.

Itala Herta

Business Strategist | Innovation and Real Impact | DE&I

3 a

Carla! Vendo agora esse texto, obrigada por nos inspirar e recobrar por meio dessas palavras tantas coisas que as vezes esquecemos de lembrar umas as outras! Me orgulho em poder cocriar e aprender contigo ❤️

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