Mulheres que amam ciência e tecnologia, o mundo é de vocês
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Mulheres que amam ciência e tecnologia, o mundo é de vocês

Desde criança, eu sonhava em criar soluções para deixar a vida das pessoas mais práticas. Pensava nisso enquanto me identificava com matérias relacionadas a ciências exatas. Contas e números sempre foram meu lugar de encantamento. Hoje, sou uma mulher na área da tecnologia, mais precisamente, trabalhando com a inteligência artificial por voz, Alexa, e de fato, contribuindo para trazer soluções antes inimagináveis ao dia a dia de tanta gente. Mas não estou aqui me propondo a falar de mim ou da minha trajetória. Eu tive sorte, já que meus pais e, principalmente minha irmã mais velha, que já cursava Engenharia, me apoiaram muito na hora de escolher a faculdade. Mas, infelizmente, o suporte e a representatividade do mercado de ciências e tecnologia para as mulheres ainda não é uma realidade.

As mulheres representam somente 28% dos pesquisadores no mundo todo, segundo dados da ONU e da UNESCO. No Brasil, mulheres representam menos de 1 terço dos empregos relacionados à ciência e à tecnologia, segundo o Ipea. Olhando para esses índices, não há como não se espantar e revisitar histórias de mulheres por trás de grandes feitos científicos, que por muito tempo foram apagadas dos registros. Ainda bem que hoje temos acesso a essas histórias por muitos canais - seja em filmes, como “Estrelas além do tempo”, sobre a equipe de cientistas da NASA formada exclusivamente por mulheres negras à frente de uma das maiores operações tecnológicas da história; ou em livros infantis, como por exemplo “As cientistas”, com 50 mulheres que transformaram o mundo por meio da ciência, tudo contado de forma lúdica, informativa e colorida, trazendo a conversa para as mais novas gerações de meninas, que, assim como eu, sonham em mudar a vida das pessoas por meio da tecnologia.

Porém, a provocação é que não precisamos depender de produções cinematográficas ou literárias para fomentar a discussão e inspirar. Em todos os nossos espaços podemos e devemos falar sobre isso. Por isso levanto também essa bandeira.

Mas, por que hoje?

Dia 11 de fevereiro celebramos o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, de forma a exaltar a importância da conscientização da sociedade e do fortalecimento do compromisso de todos na promoção da igualdade de direitos entre meninas e meninos, homens e mulheres nos diversos níveis educacionais.

Como mulher e engenheira, na área da tecnologia, acompanhando de perto tantas inovações no meu dia a dia profissional, acredito que esse é um dos caminhos para que a representatividade comece a se concretizar de fato. Vamos inspirar, motivar, representar? Na Alexa, por exemplo, ao dizer "Alexa, fale sobre cientistas incríveis”, você ouvirá histórias de Natalia Pasternak, Nadia Ayad, Georgia Sampaio, Marie Curies, Françoise Barré-Sinoussi e Margaret Hamilton.

Temos muitos mais nomes surgindo por aí, inclusive no Brasil. Impossível não vibrar com a biomédica Jaqueline Góes de Jesus, que ajudou a sequenciar o coronavírus e até ganhou uma boneca Barbie em sua homenagem. Também assisti com grande emoção à história da Verena Paccola, estudante de medicina de 22 anos que foi premiada pela NASA por descobrir 25 novos asteroides. O mais importante deles, ela nomeará em homenagem à sua avó - decisão forte e inspiradora, que traz o nome e a força feminina de suas raízes para um grande feito científico. Verena disse em uma entrevista: “É possível a mulher estar na ciência”. Eu entendo a necessidade da afirmação - conforme os números também mostram - e quero reforçar o coro.

Mas afinal, por que esse afastamento das mulheres da área das ciências exatas? Já se sabe que não se trata de diferença de capacidade intelectual entre os gêneros, mas sim que padrões preestabelecidos contribuem para afastar as mulheres de determinados espaços. São construções sociais que iniciam-se desde o ambiente familiar e escolar e falta de representatividade que afastam as meninas das exatas de forma estrutural. Convido a todos a levantar o debate e reconhecer mais histórias de mulheres na Ciência, para assim, estimularmos a curiosidade e encorajarmos às meninas apaixonadas pelos números, pela pesquisa e pela tecnologia.

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