Não adianta comprar tecnologia se ...
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Não adianta comprar tecnologia se ...

Não adianta comprar tecnologia se a governança é frágil!

Estamos vivendo um aumento exponencial no investimentos em tecnologias pelas empresas.

Soluções inovadoras surgem a cada momento, prometendo eficiência, automação e a tão sonhada transformação digital.

As soluções de IA, por exemplo, são a moda ou tendência do momento. No entanto, mesmo com investimentos vultuosos, muitas empresas continuam enfrentando os mesmos problemas: falta de resultados concretos, projetos de TI inacabados e uma crescente frustração.

Há inúmeras pesquisas recentes que citam que gestores se arrependeram de contratar mais de 50% dos projetos de TI nos últimos anos porque não tiveram resultados ou o projeto se inviabilizou pelo custo crescente, dificuldade de manutenção, ausência de mão de obra qualificada, entre tantos outros motivos.

Mas por que isso acontece? Uma das respostas pode estar na falha de governança.

O mito da tecnologia como solução mágica

A crença de que a tecnologia, por si só, resolve todos os problemas é um erro comum, principalmente, nas rodas dos decisores ou conselhos empresariais que pouco conhecem como uma tecnologia é criada, desenvolvida e mantida.

Imagine comprar um carro de alta performance e nunca trocar o óleo ou calibrar os pneus. Com o tempo, o motor falha, os pneus desgastam e, de repente, o carro não funciona mais tão bem.

No contexto empresarial, a tecnologia é apenas a ferramenta, mas é a governança que permite que ela produza efeitos e resultados esperados. É o conjunto de regras, processos e pessoas que garantem que essa ferramenta seja usada da forma como a organização a idealizou.

A governança é o alicerce

Sem uma governança robusta, qualquer investimento em tecnologia está fadado ao fracasso.

Governança, nesse contexto, envolve estabelecer processos claros, definir responsabilidades e garantir que todas as áreas da empresa trabalhem em conjunto para se obter o resultado. Não se entrega a tecnologia para que área de TI a implante, sozinha, isolada do restante da organização. É como dar uma receita gourmet para quem só sabe fritar ovo.

Não adianta ter o software de ERP mais moderno do mercado se as equipes de negócios, suprimentos, TI e jurídico não se comunicam adequadamente. A governança bem feita alinha todas essas áreas e garante que a tecnologia seja aplicada de maneira estratégica, e não apenas como uma resposta reativa a problemas pontuais.

A falha nas negociações

Quando a governança é negligenciada, o impacto se reflete também na forma como as empresas escolhem e negociam suas tecnologias. Sem uma estrutura sólida, os processos de compra de tecnologia tornam-se improvisados, com decisões sendo tomadas às pressas e muitas vezes baseadas em informações incompletas ou mal compreendidas.

Esse ambiente caótico, que parece ser produtivo, abre espaço para desperdícios financeiros e, mais grave ainda, para a assinatura de contratos com cláusulas que, a longo prazo, podem se voltar contra a própria empresa.

Um exemplo típico desse cenário é a falta de atenção na leitura de termos de licenciamento durante as negociações de tecnologia. Muitas vezes, as empresas se concentram no preço ou nas funcionalidades imediatas, mas ignoram as condições de suporte, as métricas de cobrança, as penalidades por descumprimento ou a falta de detalhamento dos prazos de entrega. Meses depois, esses pontos negligenciados se transformam em armadilhas que geram disputas com fornecedores, aumentam os custos e prejudicam a execução ou a conclusão dos projetos.

O erro de focar apenas na implementação

Muitas empresas ainda acreditam que o principal desafio está na implementação dos novos sistemas. Mas a dura realidade é que a fase mais crítica vem depois: a integração desta tecnologia com os processos da empresa e a criação de uma cultura de governança em torno dela. O pós-contrato, a execução e a monitoração dos entregáveis são etapas cruciais para garantir que o valor do investimento seja percebido e que a empresa não acabe desperdiçando recursos. E é por isso que deve-se gastar um bom tempo na preparação e planejamento da aquisição, antes mesmo de se sentar os potenciais fornecedores.

Mas quem acredita nisso ? Somente as organizações que possuem uma boa governança. Com processos, políticas e regras bem definidas e que garantem que o processo de aquisição e negociação jamais seja conduzida pelo fornecedor.

Parece uma utopia, mas não é! Na prática, mais de 70% das compras de TI são conduzidas pelos fornecedores que conhecem bem o formato e comportamento de usuários e compradores de TI mais do que eles mesmo.

É comum ver casos de empresas que, após uma grande implementação de tecnologia, percebem que os problemas continuam os mesmos: falta de visibilidade nos processos, dados fragmentados e a incapacidade de usar a tecnologia de forma eficaz. Isso ocorre porque as práticas de governança não foram bem definidas desde o início, e o uso da tecnologia acaba sendo improvisado, mais uma vez.

Exemplo prático

Pense na aquisição de um software de gestão de contratos. Ele promete automatizar processos e aumentar a eficiência, mas sem uma governança adequada, as equipes continuam ignorando os fluxos estabelecidos, contratos importantes continuam sendo esquecidos ou mal geridos e os riscos permanecem.

Outro exemplo comum está nas áreas de TI, onde as empresas investem em sistemas de segurança avançados, mas falham em criar uma cultura interna de conscientização sobre segurança da informação. Não adianta comprar firewalls e antivírus de última geração se os colaboradores continuam caindo em golpes de phishing por falta de treinamento e governança.

Esses exemplos mostram que a falta de atenção em detalhes aparentemente menores, como a leitura atenta de um contrato ou a definição clara de responsabilidades no uso da tecnologia, pode gerar consequências que vão além do fracasso do projeto. Elas afetam a sustentabilidade da empresa no longo prazo.

Tecnologia sem governança é desperdício

Se as organizações desejam que a tecnologia entregue o valor prometido, precisamos lembrar que ela é apenas uma parte da equação. A outra parte é a governança. Empresas que não investem em governança robusta estão apenas colocando um “band-aid” em seus problemas, enquanto os desafios reais continuam crescendo por baixo da superfície.

Antes de correr para o mercado em busca da solução tecnológica mais recente, vale a pena olhar para dentro da organização e perguntar:

Estamos prontos para governar essa nova tecnologia? Ou será ela a nos governar?

Bons Negócios a Todos.

O tempo de mudar ( ou de governar ) está passando....

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