Não contrate feministas
Elas são péssimas.
Sabem pensar, argumentar, estudam bastante e procuram, o tempo inteiro, uma solução que inclua todo mundo, mas, principalmente, as mães que estão sozinhas pra criar os filhos, muitas delas, pretas; os gays que são agredidos o tempo todo, as mina sapatão que só querem ser deixadas em paz, as travestis que morrem todo dia, as pessoas não-binárias que não aguentam mais terem a própria existência questionada, o tempo inteiro, por todo mundo, olha que coisa.
Isso dá um trabalhão pra vc administrar.
Não contrate feministas.
Elas são colaborativas e não vão entrar na sua onda de estimular competição feminina pelo corpo, pela cabeça, pela sedução. Não vão ficar de fofoca e grupinho contra uma outra mulher, porque, em primeiro lugar, uma feminista vai se preocupar em saber se essa outra mulher precisa de ajuda e como a rede de apoio pode atuar.
Não contrate feministas.
Elas são participativas, mas, talvez, não do jeito que vc espera. Não do jeito padrão. Não do jeito calado. Porque elas estão cansadas de repetir as mesmas coisas, muitas vezes, em looping eterno, sem ver movimento positivo das pessoas em volta - ou vc acha que os problemas de uma equipe não nascem das questões de preconceito e gênero, bem fundinho, lá no viés inconsciente?
Porque todo mundo é homem e mulher de bem, o inferno são os outros, não tenho nada contra mulheres, tenho até amigas que são :)
Não contrate feministas.
Elas são resolutivas, só que nem sempre pelas vias tão capitalistas assim. Porque dinheiro é bom, mas dinheiro que tem mancha de sangue de gente preta, de menstruação estressada, de orientação sexual ignorada, de árvore cortada, de índia assassinada, esse dinheiro elas não querem, nunca quiseram, agora só têm mais voz.
Não contrate feministas.
Sua empresa corre o risco de ficar mais inovadora, mais diversa, mais potente, mais plural, mais movimentada.
Mas isso... Isso dá um trabalhão pra vc administrar.
Não nos contrate.
Só se vc quiser mudar o mundo com a gente.
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Ana Tomazelli é Jornalista e ex-Diretora de RH, com 20 anos de atuação dentro e fora do Brasil. Decidiu fazer uma transição de carreira pra ser Pesquisadora, Professora e Terapeuta, fundando o Ipefem em Julho de 2019.
Você encontra como @anatomazellibr no Linkedin e no Instagram, porque ela não dá conta de tanta rede social assim.
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O Ipefem é o Instituto de Pesquisa e Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas, uma ONG focada em Saúde Mental que atua com pesquisa, educação e terapia pra fazer da violência sócio-emocional um lugar do passado.
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