"Não há limite para Lemann", diz autora de biografia do empresário

"Não há limite para Lemann", diz autora de biografia do empresário

Os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira são figurinhas carimbadas do mundo de negócios brasileiro.

Eles são acionistas da cervejaria Ambev, da Lojas Americanas e da B2W, dona das marcas Submarino e Americanas.com.

Mas, nos últimos dez anos, eles passaram a ser conhecidos no mercado internacional por conta de uma série de aquisições que os levaram para o topo do mundo corporativo.

Primeiro, uniram a Ambev com a belga Interbrew, dando a origem a Inbev, em 2004. Quatro anos depois, compram a americana Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser, criando a maior cervejaria do mundo.

Na terça-feira 13, eles surpreenderam o mundo ao anunciar a compra da SABMiller, por mais de US$ 100 bilhões, o terceiro maior negócio da história.

O trio ainda é dono da rede de lanchonetes Burger King e da Tim Hortons, além de terem unido a fabricante de ketchup Heinz com a Kraft Foods.

Qual o limite de Lemann, Telles e Sicupira? Para a jornalista Cristiane Correa, autora do livro “Sonho Grande”, biografia dos empresários, não há limite para a ambição do trio. “A barra está sempre subindo”, diz Cristiane. “O sonho grande de anos atrás não deve ser mais o mesmo.”

Leia a entrevista:

O empresário Jorge Paulo Lemann e seus sócios, Marcel Telles e Beto Sicupira, anunciaram nos últimos 10 anos compras bilionárias atrás de compras bilionárias. A aquisição da SABMiller, por mais de US$ 100 bilhões, no entanto, é a maior delas. Qual o limite do trio?
Acredito que eles não têm limite nenhum. Quando eles compraram a americana Anheuser-Busch (em 2008, por US$ 52 bilhões), acreditava-se que eles estavam na linha de chegada. Mas não. Eles não têm linha de chegada. Eles acabaram de fazer uma aquisição que é duas vezes maior do que a da Anheuser-Busch. Dá para imaginar? A barra está sempre subindo para o trio. O sonho grande de anos atrás não deve ser mais o mesmo. Eles queriam ter a maior cervejaria do mundo. Bem, eles já têm. Fico me perguntando qual será o sonho grande deles agora.

Você pode imaginar qual o novo sonho grande do trio?
Tem sempre a história de comprar a Coca-Cola ou a Pepsi. Quando eles compraram a Kraft (que se uniu a fabricante de ketchup Heinz, que era da 3G em conjunto com Warren Buffett), ninguém falava nada desse negócio, que criou um gigante na área de alimentos. Mas é difícil de saber. Cada aquisição é sempre maior do que a outra.

O que se pode esperar da SABMiller, agora nas mãos da AB Inbev? Analistas dizem que ela é uma empresa bem redonda e que será difícil conseguir sinergias.
Falava-se isso também da Heinz, que ela era bem administrada. Mas o trio tem uma visão diferente. Eles são uma máquina de fazer incorporações de forma eficiente e rápida porque já fizeram isso tantas vezes. O Jorge Paulo, o Beto e Marcel têm apenas um truque, mas eles sabem fazer como ninguém esse truque. Tenho certeza que eles não pagaram esse valor bilionário pela SABMiller se não soubessem que iriam ganhar mais dinheiro.

O estilo de gestão de Lemann está ganhando o mundo corporativo. Você poderia explicar de forma resumida quais são os principais pontos desse estilo?
A meritocracia é um primeiro valor. Outro é buscar gente boa o tempo todo. Isso está no discurso da maioria das empresas, mas poucas sabem fazer como eles. A história de corte de custos é uma realidade em todas as empresas que eles compram. Os americanos ficam malucos, por exemplo, por ter de imprimir folhas em frente e verso. Parece mesquinharia, e é um pouco, mas faz sentido. Por que vai jogar papel fora? E, por fim, a simplicidade. Isso é muito importante. Eles são muito simples e sempre acreditam que dá para fazer mais e melhor. O topo nunca chega para eles.

Você acabou de escrever a biografia de Abilio Diniz, que também está investindo em diversas empresas. Quais as semelhanças e diferenças entre Diniz e Lemann?
O Abilio e o Jorge Paulo têm uma disciplina absurda para tudo. Isso vale para negócios, esporte e até para manter o peso. Ambos contam também com uma supervisão de longo prazo. A diferença óbvia é que o Abilio gosta de aparecer e o Lemann, não. O Abilio gosta de um holofote e sempre gostou. A vaidade do Jorge Paulo é fazer uma coisa grande e o negócio fala por si só.

Lemann é sócio do lendário Warren Buffett e cada vez mais seu nome é citado como referência no mercado internacional. Como você acredita que ele será lembrado no futuro?
Acredito que ele será lembrado por duas coisas. A primeira é por ter criado um modelo de gestão que influenciou o mundo. Na outra ponta, ele está deixando um legado em educação com suas ONGs. Mas isto ainda está muito distante do legado da área de gestão.

LEIA MAIS NOTÍCIAS NO BLOG BASTIDORES DAS EMPRESAS

DOUGLAS DANTAS MUNIZ

CONSULTOR DE TREINAMENTOS NA FOCUS CONSULTORIA,TREINAMENTO E SERVIÇOS

9 a

Essa atitude é para poucos !

Washington Souza

Gerente de Operações na Wprint

9 a

...dinheiro, domínio, visão e audácia !

Sempre está na hora certa e no momento certo para fazer suas mega aquisições e fusões.O fator competência aliado a sorte pesa muito para o seu sucesso.

oliwer nardelli

HANGARES, GALPÕES E ARMAZENS DE CARGAS , SAP AIRPORT MANAGEMENT - SMART PORT

9 a

Um excelente exemplo de pessoa e empreendedor. Sempre com os olhos no futuro.

Eduardo Corceiro

Superintendente de Auditoria e Monitoramento de Mercado (Autorregulação)

9 a

Excelente reportagem!

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos