Não há mais espaço para o medo de defender quem mantém sua marca e propósito relevantes

Não há mais espaço para o medo de defender quem mantém sua marca e propósito relevantes

Assim como em 2016, estamos diante de uma ofensiva conservadora que visa proibir os casos de aborto por estupro, anencefalia ou risco de vida após as 22 semanas de gestação. Naquele momento, Eduardo Cunha atuava como maestro no Congresso Nacional para minar qualquer sustentação da Presidente Dilma. Hoje, Arthur Lira coordena a votação de projetos de lei com a estratégia de chantagear e constranger o Executivo Federal perante a comunidade evangélica. Os deputados que apoiam esse PL não estão preocupados com esse tema, os fetos ou a realidade de mulheres e crianças brasileiras. Trata-se de manobra política e discursiva, ok. Acontece que esse jogo de xadrez tem ganhado contornos cada vez menos democráticos no nosso País.

E quando o próprio processo democrático está em jogo, aqui na Think Eva, nos perguntamos: quem tem força para fazer oposição a esses interesses? As mulheres nas ruas? As poucas deputadas e mulheres na política que lutam pela própria sobrevivência nesse espaço hostil? É necessário que o poder econômico também entre na briga. E fica a questão: SETOR PRIVADO, CADÊ VOCÊ? Onde estão as marcas e empresas que celebram as mulheres no mês de março? Que bradam com orgulho suas práticas ESG? Não há mais espaço para o medo de defender quem mantém sua marca e propósito relevantes.

Em 2022, assistimos perplexas algo parecido nos Estados Unidos. A Suprema Corte decidiu revogar oficialmente a decisão conhecida como Roe vs. Wade, que por meio século garantiu o direito ao aborto no país. As consequências da não garantia na Constituição americana à saúde reprodutiva das mulheres e meninas estão sendo devastadoras. E mesmo lá — com a guerra cultural e a polarização nos maiores índices históricos — marcas e empresas dos mais diversos mercados se manifestaram. Com posicionamentos públicos e política de garantia de direitos, esses atores defendem as mulheres. Um exemplo prático são as empresas que oferecem como benefício a cobertura de custos de viagem a mulheres que precisam abortar em estados onde o procedimento ainda é permitido. E por que fizeram isso? Por que são bonzinhos? Claro que não. Mas porque entenderam que não existe mercado sem intersecção com direitos humanos. Não existe consumidora se elas não forem primeiramente cidadãs plenas de direitos.

Desde 2018 o campo da comunicação mudou. Para além da estética (representatividade na propaganda), da ética (ações sociais concretas extra e intramuros), mais que nunca é necessária a ação política se uma empresa deseja concorrer em um mercado saudável. Já sabemos que uma sociedade doente e sem pluralidade é um mercado ruim. Não existe mais a neutralidade que um dia as marcas puderam, privilegiadamente, desfrutar. Nós, da Think Eva, falamos disso desde o primeiro dia da nossa existência, lá em 2015. Ainda que o mercado despriorize o propósito e o impacto social, seguiremos dizendo o óbvio: o não posicionamento nesse momento já é tomar uma posição. É hora de dizer sim para a vida das mulheres. Todos que optarem pelo silêncio, saberemos, terão lavado suas mãos.

Celia Linsingen, MSc.

BRANDING | MARKETING SUSTENTÁVEL | ESG 🌎💚🇧🇷🇵🇹Consultora, Mentora, Branding as a Service, Professora, Palestrante, Podcaster, Conselheira Consultiva, Multiplicadora B

6 m

Muito bem colocado! Cadê as marcas que se dizem apoiadoras do ODS 5?

Adelaide Oliveira

Coordenadora no Projeto Circular Campina Cidade Velha

6 m

Chega de covardia do mercado publicitário . Enquanto lemos esse texto necessário nesta rede tão focada no mercado, mais uma mulher foi estuprada nesse país, outra menina foi vítima da crueldade de um homem que, infelizmente, vai continuar a vida enquanto ela carregará cicatrizes emocionais e físicas inimagináveis. É pela vida de todas as mulheres! Todas! Queremos ser vistas como cidadãs dignas de direitos. Chega de covardia. Se posicionem.

Fernanda Castelo Branco

Gerente de Comunicação Corporativa e Marketing Digital | Estratégia de Mídias Sociais

6 m

Em 2022, nos EUA, empresas se posicionaram mesmo em meio a um cenário polarizado 💪

Egnalda Côrtes ✊🏽

CEO da CÔRTES e COMPANHIA (1a. agência de influenciadores negros de LATAM desde 2015 | Ambiciosa | Changemaker | Mentora de aceleração de Negócios | TedX Speacker | Reconhecida pela ONU Mulheres por legado já construído

6 m

Que conversa útil. De fato não estou vendo a máquina PODEROSA DE COMUNICAÇÃO, chamada Publicidade, sendo utilizada pelas marcas para reforçarem seu posicionamento qto a pauta feminina. São os direitos das mulheres que estão sendo aviltados, logo, filhas, mães, amigas, irmãs, colegas de trabalho, funcionárias, o silêncio diz muito sobre o tal PROPÓSITO!

Danìela Entrudo 🎯

Sócia-fundadora na Gofun Eventos e no Movimento Muitas Mulheres

6 m

👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

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