Teremos cada vez mais espaço para mulheres na liderança, e cada vez menos para visões ultrapassadas sobre papéis de gênero.

Teremos cada vez mais espaço para mulheres na liderança, e cada vez menos para visões ultrapassadas sobre papéis de gênero.

Carta aberta de duas mães co-CEOs

Há 10 anos, começamos nossa jornada à frente da Think Olga e da Think Eva , com a responsabilidade imensa de ampliar os debates de gênero na sociedade e ajudar a promover mais equidade e oportunidades às mulheres dentro das empresas. De lá pra cá, não tem um dia que a gente passe sem notícias, polêmicas e indivíduos que tentam barrar os avanços que todas nós, arduamente, estamos conquistando.

A polêmica da vez de que "mulher minha não pode ser CEO" vai muito além do pensamento de um único empresário. Resolvemos falar sobre isso porque, infelizmente, a maioria dos líderes homens também não querem ver mulheres CEO dentro e fora de suas casas. Hoje, apesar de estudarem e se prepararem mais, apenas 38% dos cargos de gerência ou mais altos são ocupados por elas. Além disso, o último relatório do Governo Federal mostra que a desigualdade salarial aumentou e elas ganham em média 20% a menos do que os homens

Em um país em que mais da metade dos lares são chefiados por mulheres e em que a maior parte da carga de cuidado - com a casa, com a família e com o bem-estar de todos - recai sobre nós, como podemos aceitar que elas trabalhem mais em todos os âmbitos da vida e ganhem menos por estruturas que ainda favorecem os homens? Que alegam falta de "casca" e que precisamos focar nossa "energia feminina" apenas no lar e na família? Enquanto as lideranças questionarem a capacidade e competência de suas funcionárias, elas não vão avançar em suas carreiras. O mesmo vale dentro de casa: com um companheiro que não dá suporte e não divide as tarefas de cuidado, as chances de crescimento profissional são drasticamente reduzidas. Quebrar essas barreiras, construídas ao longo de séculos, significa uma mudança no paradigma cultural e social, entendendo a mulher como igual, potente e capaz.

Não queremos exaltar a falsa ideia de super mulher que tem que dar conta de tudo sozinha. É assim que acabamos sobrecarregadas e adoecidas. O que precisamos é de políticas públicas e empresariais que fortaleçam as mulheres e as mães para que elas possam viver, trabalhar, estudar e fazer o que desejam com o seu máximo de potencial, em condições justas e com as mesmas oportunidades. De políticas nacionais de cuidado que ajudam a redistribuir e valorizar esse trabalho até jornadas mais flexíveis e trilhas justas de remuneração, temos muito a construir no setor público, no corporativo e no debate civil. 

Como mulheres, mães e principalmente líderes de organizações feitas por mulheres e para mulheres, estamos aqui para apoiar essa conversa — sempre com dados e proposições. Estamos aqui também para reforçar que não há mais volta. O presente que se configura já pertence também às mulheres e um futuro possível sustentável à vida só vai acontecer com mais equidade. Por aqui, reafirmamos que trabalharemos sempre, e cada vez mais, para a promoção de mulheres em espaços de poder. E para que, cada vez menos, visões ultrapassadas sobre papéis de gênero prosperem em discursos e atitudes. É o nosso compromisso e é inegociável.

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Maira Liguori e Nana Lima , co-fundadoras da Think Olga e da Think Eva

Marianna Laranjeira

Conselheira | Professora | Mentora | Sócia-diretora na Amsel & Ara | Co-fundadora do Hub Elas no ESG

2 m

Precisamos de mais ações concretas ao invés de discursos vazios, para mudarmos essa triste realidade. Seguimos juntas!

Luiza Rudge

Diretora de Desenvolvimento Institucional @ Instituto Desiderata

2 m

Obrigada pela texto tão lúcido e claro!

Parabéns, Nana Lima e Maira Liguori! Vocês nos representam! 🤝👏🏻

Andrea Siqueira

Partner and CCO AMPFY| Caboré Creative of The Year | LIAisons Coach | Good Latinas For Good Mentor and Co-Founder

2 m

Exatamente! E é cultural… incrível ver que em outros paises como US e alguns paises da Europa, o trabalho em casa e com os filhos é normalizado e mais dividido, enquanto isso não for realidade no Brasil, mulheres se sobrecarregam e adoecem…

Com todos os pingos e todos os is. Obrigada.

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