Na dúvida, faça
Já faz alguns dias que estava nesse paradoxo: vontade de escrever por aqui, mas sem saber exatamente sobre o quê. Foi aí que fui atingido pela incontável vez – e agora não faço a menor ideia de onde – pelo emblemático slogan da Nike: “Just do It”. E me veio esse estalo do “Apenas Faça”.
E foi o que fiz. Abri uma tela do word e comecei a escrever exatamente sobre esse tema. Sobre o quanto às vezes ficamos amarrados – ou nos amarramos – e evitamos o aprendizado, a evolução, uma nova skill no currículo, simplesmente pelo medo de errar. Tudo bem, temos muitos censores, chefes, auditores, toda uma estrutura de punição ao erro bem estruturada ao nosso redor, mas será que ela é tão forte assim? Na real, já paramos para refletir o quanto a gente muitas vezes está se boicotando nesse processo empírico de erro e acerto que é a vida, agindo como o maior de nossos próprios censores?
Na maior parte das vezes, a gente é melhor do que imagina e os outros nos veem com mais crédito do que a gente acaba se enxergando. E não, isso não é autoajuda: é científico.
Ray Bradbury, escritor e novelista norte americano, tinha uma célebre frase: “Vá para a beira do precipício e salte; construa suas asas enquanto cai”. A tradução é livre e minha mesmo, então talvez perca um pouco da liricidade que o pensamento possui em sua língua original, mas a mensagem está clara: se joga. Não vou, no entanto, ir para o lugar comum de que “os grandes ícones de sucesso já erraram”, ou mesmo falar sobre “quantos negócios Elon Musk e Jack Ma quebraram antes de serem bem sucedidos”. Prefiro ir na direção de algo mais tátil para nós mortais e que efetivamente possa ajudar de alguma forma a refletir.
O medo excessivo da falha é algo que é assunto de estudo de vários psicólogos, fazendo com que há algum tempo a Psychology Today montasse um artigo com os "10 sinais de que você tem medo da falha" (que, como falei, não é tão recente, mas vale ler aqui se você tiver um tempinho). Aliás, uma das soluções que eles apresentam para isso é “dominar o medo”, agindo de forma a compartilhar com os que te cercam suas angustias e inseguranças. Isso vai ajudar a reafirmar-se ao receber esse apoio de fora: na maior parte das vezes, a gente é melhor do que imagina e os outros nos veem com mais crédito do que a gente acaba se enxergando. E não, isso não é autoajuda: é científico.
Então vem a epifania: se vou errar de qualquer jeito, por que não errar logo?
Voltando ao princípio, da criação do slogan da Nike lá para cá, muita coisa aconteceu. A era da informação – e da documentação – é marcada por processos, e quando eles não são bem geridos, coloca amarras em muita gente. Eu mesmo adoro uma burocracia e perco muitos timings buscando por uma perfeição que não existe, já que mesmo fazendo com calma, erros sempre acontecem. Então vem a epifania: se vou errar de qualquer jeito, por que não errar logo? Há quase 20 anos eu vi uma palestra – acho que foi do Sérgio Cariello, ícone brasileiro dos quadrinhos – em que ele falou que todo mundo é um desenhista incrível, mas para começar a fazer desenhos legais, tem que primeiro fazer um monte de desenho ruim. Ou seja, começe agora!
Eu comecei com esse artigo. E, na boa, posso até ter errado. Se assim for, eu aprendi. Se não, muito que bem.
E você, o que vai aprender hoje?
Sócio-Diretor Executivo at Blue Ocean Business Events
7 aGênio!