A natureza mutante da liderança
Qual a melhor definição sobre liderança?
O tema liderança tem ressoado há muito tempo nas mentes de filósofos, cientistas, profissionais de diferentes áreas do conhecimento em todo o mundo. É uma pergunta que não tem uma única resposta, na minha opinião.
Assim como na natureza onde tudo se transforma, o conceito de liderança evolui ao longo do tempo. Os primeiros estudos sobre liderança apresentam uma visão voltada para características pessoais inatas, intelectuais e físicas e, com o passar do tempo, foram absorvidas novas características e outros paradigmas que trazem o contexto como elemento influenciador do perfil do líder, o que demonstra que novas habilidades sempre estiveram presentes e foram se modificando ao longo do tempo.
A liderança é o resultado de um processo evolutivo
A natureza mutante da liderança acompanha a própria evolução do pensamento e entendimento sobre o mundo. Desde o século IV a.c com Platão até os dias atuais com a Teoria Evolucionária da Liderança (teoria EvoL). Essa teoria me chamou a atenção por trazer uma abordagem adaptável em que o líder enxerga as organizações como sistemas complexos em evolução constante e, portanto, tentam se adaptar constantemente.
Os fundamentos deste pensamento tem origem nos estudos e nas descobertas mais recentes da neurociência e das ciências comportamentais. Os estudiosos Nikolaos Dimitriadis e Alexandros Psychogios têm uma visão de que a liderança é o resultado de processos fisiológicos, neurológicos e psicológicos influenciados pela própria evolução biológica dos seres humanos e fortemente motivados pelo contexto. Essa nova abordagem começa a fazer ainda mais sentido ao nos depararmos com os desafios complexos que a humanidade vive nos dias atuais.
A capacidade de influenciar é uma competência para liderar, isso não é novidade. A definição de influência, segundo o dicionário, é uma ação de um agente físico sobre alguém ou alguma coisa, suscitando-lhe modificações. Isso significa que a liderança é uma atitude. Cada atitude é composta por crenças, sentimentos (ou afetos) e tendências de ação (comportamentos) que envolve afeto, cognição e comportamento. Por isso pergunto:
O que existe por trás de toda decisão tomada pelo líder? Qual é a quantidade da influência de um líder? Ela eleva ou destrói? Ela beneficia a todos ou apenas o seu ego?
Se toda ação é decorrente de um processo neurobiológico que depende fundamentalmente dos pensamentos, sentimentos e emoções. Isso significa que temos que ser cuidadosos e estratégicos ao administrar essa energia advinda do funcionamento do nosso próprio cérebro.
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Todos nós somos líderes
Hoje sabemos que todos temos liderança e podemos desenvolvê-la, aperfeiçoá-la e adaptá-la. Longe de ser uma ciência exata e tão somente arte, posso dizer que é uma atitude que envolve coragem. Por que para lidar com um ambiente mais complexo e diverso, a adaptabilidade é fundamental. Essa adaptabilidade exige novos comportamentos, que por sua vez precisam de novos circuitos neuronais e novas formas de pensar para encontrar as soluções necessárias. A coragem é fundamental para olhar para os nossos próprios padrões de pensamentos, encarar nossas próprias sombras e acolher a nossa própria vulnerabilidade.
Sendo assim, torna-se impossível estabelecer um perfil único de liderança que possa ser utilizado em todos os contextos. Definitivamente liderar não é ocupar um cargo ou posição hierárquica. Liderar é uma atitude, uma força de vontade e uma capacidade em utilizar o potencial existente em cada ser humano, a começar por si mesmo, para um propósito comum: preservar a vida.
O que vai exigir do líder num futuro próximo é desenvolver a sua capacidade em ter cérebro adaptável. Mas o que é um cérebro adaptável? É aquele que utiliza todos os recursos disponíveis para aprimorar as habilidades de tomada de decisão e gerenciamento das reações emocionais de forma eficaz e significativa.
Se você deseja adaptar-se neste período de transição da humanidade, comece por compreender como o seu cérebro funciona e descubra as melhores maneiras para utilizar o potencial existente. Para isso, o autodesenvolvimento será imprescindível. Ter um cérebro adaptável, com domínio do seu funcionamento interno, que traz confiança e colaboração para dentro das organizações, uma vez que o futuro da liderança é relacional e unifica três elementos centrais: o líder, o seguidor e o contexto.
Nada é mais tão atual: “conhece-te a ti mesmo”. Um dos aforismos (um pensamento expresso de maneira breve) mais famosos da história, encontrava-se no pórtico de entrada do templo do deus Apolo, na cidade de Delfos na Grécia, no século IV a. C.
Por isso, nunca pare de perguntar, de buscar e nunca pare de aprender.
Boa adaptação!