Nem vilão, nem herói: o ChatGPT será um aliado na Educação
Não sei se você já testou o ChatGPT, mas certamente já ouviu falar dele ou leu sobre essa nova ferramenta de inteligência artificial que está à disposição de qualquer pessoa na web. O fato é que, desde que foi lançado, em novembro de 2022, o novo recurso tecnológico e suas façanhas estão causando burburinho nas redes sociais. E não só. Na comunidade educacional e acadêmica mundo afora, o ChatGPT tem gerado polêmica, dividido opiniões e, acima de tudo, causado bastante medo sobre as possíveis consequências da sua utilização na criação de conteúdo e em análises de estudos já prontos – entre outras infinitas possibilidades que a novidade promete. Instituições americanas e canadenses, por exemplo, proibiram o acesso à ferramenta em seus ambientes corporativos. Em Nova York, uma lei vedou seu uso nas escolas públicas.
Esse sofisticado chatbot de Inteligência Artificial (IA) provou-se capaz de, em segundos, escrever ensaios convincentes, traduzir conteúdos complexos e resolver problemas de matemática como se fosse humano, só que de modo infinitamente mais rápido. Intitulado Generative Pre-Trained Transformer (GPT), esse robô de linguagem natural baseada em deep learning foi treinado por meio do feedback humano a “entender” o significado de palavras e a gerar novos conteúdos, com base em um total de 570 GB de texto, o equivalente a 40 bilhões de palavras. Depois de treinado, foi exposto às consultas de milhões de pessoas e recorre ao enorme banco de dados disponível na internet para executar as tarefas que lhe pedem. Incrível, não?
Suas respostas impressionam pela coerência, pela relevância e pela racionalidade. Parece realmente que existe uma pessoa do outro lado. Mas basta analisar com um pouco mais de profundidade para concluir que, embora a plataforma seja capaz de organizar dados de forma coerente, não substitui o pensamento crítico ou a criatividade humana. Falta ao ChatGPT o fator humano, a capacidade de discernir, compreender, interpretar, criar, construir raciocínio, fazer conexões com base em experiências anteriores e se superar. A inteligência artificial é programada para simular essas habilidades, mas existe uma limitação que não consegue ultrapassar: sentir, intuir, demonstrar empatia, solidariedade, enfim, Amar.
O importante, neste momento, é aproveitarmos esse instrumento como o aliado que ele pode ser, tanto do estudante quanto do educador. Até porque muito em breve o ChatGPT deve se tornar onipresente em nosso cotidiano, assim como o Google e a Wikipedia.
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O potencial dessa ferramenta para a educação é enorme. Os estudantes podem usá-la para pesquisa e referência, nas lições de casa (o chat pode dar exemplos e aprofundar explicações), como tutor ou ferramenta de correção, fornecendo feedback e orientação e avaliação personalizada a um texto que o próprio aluno insere na plataforma. Para o ensino de idiomas, então, é uma mão na roda: a pessoa pode praticar conversação com o robô. Para o docente, o robô pode atuar como um monitor de classe, fornecendo análises dos dados de desempenho do aluno e de suas interações, permitindo, assim, aos educadores criarem planos personalizados às necessidades e interesses específicos de cada um. Ou seja, o ChatGPT pode vir a ser um bom parceiro do professor, ajudando-o a testar novas estratégias de ensino e de aprendizagem.
É claro que nem todos farão bom uso da ferramenta e é preciso cuidado: a própria empresa criadora dessa ferramenta, a Open AI, startup do Vale do Silício, já admitiu que o ChatGPT, em algumas situações, pode reproduzir informações falsas existentes na web como se fossem verdadeiras. Então, mais do que nunca, o discernimento e a capacidade crítica do ser humano serão os fiéis da balança ao lidar com essa tecnologia. Para facilitar essa vigilância, já existem modelos como AICheatCheck e GPTZero, que usam a IA para checar se o texto foi escrito por um ser humano ou uma máquina, com base na escolha de palavras e na estrutura da frase. Felizmente já se pode detectar o plágio com a mesma facilidade de quem usa a tecnologia para tentar enganar.
Como todo avanço científico, a tecnologia é criada pelo homem para facilitar a vida e frequentemente traz consigo consequências boas e más com as quais é preciso aprender a lidar. Em relação a mais essa novidade, existe uma certeza: apesar de todas as dúvidas, tecnologias como o ChatGPT vieram para ficar. O sucesso após seu lançamento foi imediato – eram mais de 100 milhões de usuários no fim de janeiro de 2023 e outras empresas se apressaram a lançar seus chatbots, que vinham sendo desenvolvidos há anos. Com o tempo, o recurso vai se aperfeiçoar pelos seus desenvolvedores e por si próprio, pois seu modelo prevê o aprendizado contínuo, baseado no feedback das pessoas que o utilizam, na reação e correções que cada um dos milhões de usuários forem fazendo a cada resultado apresentado. Cabe a nós entender o novo cenário e aprender rapidamente a lidar da melhor forma com mais essa surpreendente invenção humana, em benefício da educação e do avanço do conhecimento.
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1 aRealmente um bom aliado ao estudo. Boas considerações para reflexão. Discernir e compreender... inteligência, compaixão, paixão nas palavras e interpretações... nada deverá substituir ou deixar de relevar o lado humano. É imprescindível. Sigo utilizando e atualizando na tecnologia mas continuo amando Gente 😍
Diretora de Comunicação | Diretora de RP | Marcas e Reputação | Comunicação | Diretora de Novos Negócios
1 aBoa reflexão. Realmente nada substitui o pensamento crítico e a criatividade humana.
Founder & CEO, CLO na Santa Fé Investimentos
1 aLúcidas as considerações Marcelo! Neste caso a funcionalidade da criatura jamais superará a criatividade do criador!
CEO / Board Member / Angel Investor
1 aOtimo artigo Marcelo Battistella Bueno! Nao existe beneficio em lutar contra tecnologias que ja estao inseridas no comportamento das pessoas. Temos que aprender a melhor forma de conviver e usar o AI de forma positiva.
Especialista em Gestão Ágil e Lean / Mentora de trabalhos acadêmicos / Mestre em Gerenciamento de Projetos de Tecnologia / Estudante de Psicologia
1 aGostei Marcelo Battistella Bueno ! Recentemente concluí minha dissertação de mestrado e usei o chatGPT para startar uma pesquisa sobre a relação atual entre soft e hard skills. A pesquisa me levou a uma perspectiva que não tinha pensado inicialmente mas de fato foi o meu sentimento e experiência profissional com o tema que me fizeram chegar ao resultado final da minha dissertação. Vejo a Educação como parte fundamental para nos ajudar a fazer o mais proveitoso uso dessas ferramentas ao ensinar como processarmos mais rapidamente esse conjunto de milhões de dados e solucionar problemas de décadas da humanidade. Antes não se tinha acesso à informação é isso dificultava muito as descobertas. Hoje a informação é compartilhada praticamente em tempo real. Muito obrigada por compartilhar sua reflexão.