Nenhum jornalista é uma ilha
"Casa de ferreiro, espeto de pau". O ditado é tão popular que ninguém mais suporta ouvir, mas a verdade é que a expressão pode ser transferida para várias outras profissões. E no caso do jornalismo não é diferente. Muito embora a matéria-prima da atividade seja a comunicação, diversos profissionais não compreendem que a chave para uma comunicação eficiente é o diálogo e a sincronia entre os diversos atores que compõem o processo de informar. Isso significa: trabalho em equipe.
Ironicamente, muitos jornalistas detestam o trabalho em equipe. Existem redações inteiras em que os repórteres mal se conversam durante o expediente, o que acarreta até em textos duplicados, em diferentes páginas, na edição do dia seguinte. Mas esse é o menor dos problemas. No caso do impresso, além dos repórteres também compõem o processo os editores, diagramadores, fotógrafos, artistas gráficos e até os funcionários do departamento comercial.
O repórter pode até realizar uma excelente reportagem, mas, sem uma boa comunicação com o fotógrafo, não haverá imagem adequada para o texto. A foto e o texto podem estar perfeitas, mas, se o diagramador não compreende a importância do material e a mensagem que deve passar, seu efeito será enfraquecido. E tudo pode estar ideal, mas, se ao final a redação descobre que o departamento comercial conseguiu um anúncio de página inteira que, literalmente, “mata página”, de nada terá adiantado o trabalho de todos ao longo de uma tarde inteira.
Isso serve para telejornais, programação em rádio, portais na internet. Jornalismo é trabalho em equipe, e não pode ser de outra forma. Mas para que isso funcione não adianta aguardar apenas boas iniciativas dos funcionários da empresa. A direção precisa entender que a comunicação interna necessita organização, e o editor-chefe deve ser capaz de eleger prioridades na hora certa, dividir tarefas adequadamente, sendo o pivô dessa intercooperação.
A rotina nas empresas jornalísticas é tão focada no ritmo frenético da busca por informações externas, que acaba deixando de oferecer os minutos que são vitais para que, entre uma reportagem e outra, seus colaboradores conversem entre si. Longe de isso ser prejudicial à produtividade, é algo saudável para o sucesso diário no ambiente profissional, e faz com que estar no mesmo espaço deixe de ser convivência inevitável e passe a ser relacionamento agradável entre colegas. O resultado dessa mudança de percepção estará nas páginas do jornal do dia seguinte.