Networking sem assédio: práticas e Leis para conhecer

Networking sem assédio: práticas e Leis para conhecer

Eventos de networking corporativo são essenciais para o desenvolvimento profissional, proporcionando oportunidades para estabelecer conexões, compartilhar conhecimentos e promover colaborações. 

No entanto, esses ambientes também podem deixar algumas pessoas, especialmente as mulheres, vulneráveis a comportamentos inadequados, incluindo diversas formas de assédio. 

É aí que esses espaços acabam se tornando, ainda hoje, uma nova formação do Clube do Bolinha. Para tornar espaços verdadeiramente inclusivos e acolhedores, é crucial implementar políticas e práticas que promovam a igualdade de gênero e combatam o assédio e a discriminação.

Identificando um assédio

Identificar o assédio em eventos de networking corporativo é fundamental para garantir a segurança e o bem-estar de todos os participantes. É importante prestar atenção a sinais de desconforto, medo ou constrangimento nas vítimas, que muitas vezes podem hesitar em expressar abertamente suas preocupações. Para ajudar, vamos olhar para três tipos de assédio:

Assédio moral

O assédio moral envolve comportamentos que visam humilhar, ridicularizar ou intimidar uma pessoa, afetando negativamente seu bem-estar emocional. Em eventos corporativos, isso pode ocorrer através de comentários depreciativos sobre a competência profissional, isolamento social, exclusão de atividades ou manipulação psicológica.

Assédio discriminatório

O assédio discriminatório baseia-se em preconceitos relacionados a raça, gênero, orientação sexual, deficiência, idade, entre outros. Manifestações desse tipo de assédio incluem piadas ofensivas, comentários depreciativos, exclusão deliberada de atividades ou qualquer tratamento diferenciado prejudicial.

Assédio sexual

O assédio sexual é uma das formas mais conhecidas de assédio e inclui avanços sexuais indesejados, toques não consentidos, comentários inapropriados, olhares lascivos e qualquer comportamento de natureza sexual que crie um ambiente hostil ou intimidante. Em eventos de networking, isso pode ocorrer durante conversas informais, reuniões ou até mesmo em áreas sociais do evento.

O impacto do assédio em eventos corporativos vai além do sofrimento individual das vítimas. Pode afetar a reputação do evento, diminuir a participação de profissionais talentosos, criar um ambiente de trabalho tóxico e levar a consequências legais para os organizadores e empresas envolvidas. 

Vejas as Leis que protegem contra o assédio em SP

Lei nº 14.786/2023

A Lei nº 14.786/2023, conhecida como "Lei do Protocolo Não é Não", estabelece medidas para prevenir e combater o assédio em eventos esportivos. Apesar de ser específica para eventos esportivos, seus princípios podem ser aplicados de forma ampla em outros tipos de eventos, incluindo os corporativos. A lei destaca a importância de protocolos claros e eficazes para garantir a segurança e o respeito em qualquer ambiente público.

Lei nº 17.635/2023 do Estado de São Paulo

A Lei nº 17.635/2023 cria mecanismos de proteção contra o assédio sexual em espaços públicos e privados de acesso público no Estado de São Paulo. Esta legislação obriga a implementação de medidas de prevenção e combate ao assédio, bem como campanhas educativas que promovam um ambiente seguro e respeitoso.

Lei nº 17.621/2023 do Estado de São Paulo

A Lei nº 17.621/2023 dispõe sobre medidas de combate à violência contra a mulher no âmbito do Estado de São Paulo. Embora focada na violência contra a mulher, a lei também abrange ações preventivas contra o assédio, incentivando um ambiente seguro e igualitário para todas as pessoas.

Além disso, a violência contra a mulher é crime tipificado na Lei Maria da Penha (11.340), de 07 de agosto de 2006, assim como a importunação sexual é crime constante no artigo 215-A do código penal, com pena de 1 a 5 anos.

Conheça o Protocolo “Não se cale”

O protocolo "Não se cale" também é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo voltada para a prevenção e combate ao assédio sexual e outras formas de violência contra a mulher. Aqui estão os principais pontos do protocolo:

  1. Definição de assédio e violência: o protocolo define claramente o que constitui assédio sexual, violência física e psicológica, proporcionando um entendimento claro das atitudes inaceitáveis.
  2. Educação e conscientização: promove campanhas educativas e de conscientização para informar o público sobre o que é assédio e violência, seus impactos e a importância de denunciar.
  3. Canal de denúncia: estabelece canais seguros e confidenciais para que as vítimas possam relatar incidentes de assédio e violência, garantindo que suas queixas sejam ouvidas e tratadas de forma adequada.
  4. Apoio às vítimas: oferece suporte psicológico e jurídico para as vítimas, ajudando-as a lidar com os efeitos do assédio e a buscar justiça.
  5. Responsabilização dos agressores: define procedimentos claros para a investigação e punição dos agressores, assegurando que atos de assédio e violência não fiquem impunes.
  6. Treinamento e capacitação: promove treinamentos regulares para profissionais de segurança, saúde e outros envolvidos, garantindo que saibam como agir em casos de assédio e violência.
  7. Monitoramento e avaliação: inclui mecanismos para monitorar a implementação do protocolo e avaliar sua eficácia, permitindo ajustes e melhorias contínuas.

Apesar de não ter sido desenvolvido para esse cenário especificamente, aplicar os princípios do protocolo "Não se cale" a eventos corporativos ajuda a criar um ambiente mais seguro, inclusivo e respeitoso. 

Ao adotar políticas claras, oferecer canais de denúncia, apoiar as vítimas e garantir a responsabilização dos agressores, os organizadores de eventos corporativos podem promover uma cultura de respeito e igualdade, beneficiando todos os participantes.

Conheça o Protocolo “Não se cale” aqui. 

Eventos de networking corporativo devem ser ambientes seguros e inclusivos, onde todos os participantes se sintam respeitados e valorizados. A conscientização sobre os diferentes tipos de assédio, juntamente com a aplicação de leis e a implementação de medidas preventivas, é essencial para criar um ambiente onde todos possam aproveitar plenamente as oportunidades oferecidas por esses eventos. 

Recentemente escrevi outro artigo sobre o assunto do networking inclusivo, trazendo algumas estratégias para promover a inclusão em eventos, você pode conferir aqui

Com um compromisso conjunto de organizadores, empresas e participantes, é possível construir uma cultura de respeito e igualdade, garantindo que o networking corporativo seja uma experiência positiva para todas as pessoas.

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