Novos (lug)ares
Como é fácil falar que estamos bem, sem estar bem! A mesma coisa pode ser dita sobre querer algo e esperar que "caia dos céus". Nada contra aqueles que dizem algo sem ser ou esperam algo sem nada fazer. Mas, esperei um tempo considerável antes de fazer algumas conversões na minha vida.
Hoje, com quase trinta e todos, como diria uma grande amiga, tenho a oportunidade de rever parte da minha história e validar cada escolha. Ainda que não tenham sido as melhores, aos olhos de tantas pessoas, essas foram as melhores que fiz, e que me conduziram até este momento, inclusive com gargalhadas e prantos.
Foi assim que me deparei com várias pessoas ao longo do tempo, que ainda permanecem em minhas memórias, e são importantes para compreender quem sou e porque ajo de um determinado modo. Não é algo exclusivo nem pessoal esta questão, mas as experiências e como as vivi, isto sim, ninguém as viveu. A conexão, portanto, desta narrativa com novos (lug)ares se dá por ser sempre algo diferente do que já aconteceu, e que tendo a buscar continuamente.
Perante o processo de viver cada dia, tanto minhas decisões quanto a influência do meio foram relevantes para que eu pudesse olhar para dentro e encontrar quem sou: único, porém, multifacetado. Os recortes, neste caso, não são peças, mas realidades distintas que se sobrepõem e aparecem quando são necessárias ou oportunas.
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Quem disse que "somos uma única coisa" e "temos uma única vida" talvez não tenha visto que podemos viajar em nossas imaginações, sofrer com o presente e ao mesmo tempo com o ausente, nem mesmo tem entendido que podemos chorar de alegria e sorrir de tanta raiva, para não aprofundar que a vida só é porque ela acontece. Ou seja, há modos diferentes de agir ou apresentar-se, mas nunca de manter-se de um único jeito em todos os lugares e tempos, pois estamos em movimento.
Como já deve ter ouvido falar, "águas passadas não movem moinho" ou "ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio". É deste jeito que tudo se faz novo! Viver é sempre manifestar de experiências diversas daquelas que aconteceram a um segundo atrás, o que garante que sejam um tipo de "verdades absolutas". Ainda que não seja linear nosso tempo, que vejamos também como oportuno, cíclico, pontual, etc., a certeza que temos é da mudança das coisas, ainda que em nível micro, e que o igual só existe na imaginação (e olhe lá).
Ao admitir que ares mudam e lugares também, uma importante proposta para a vida talvez seja unir o que nos afeta (ares) e para onde queremos ir (lugares) como forças que movem nosso ser, impulsionando a viver um novo, de uma nova forma, com novas pessoas e cheio de novas alegrias (ou dores), mas sempre em "novos (lug)ares".