O Apoio que Chega Tarde Demais

No caminho para a liderança, muitos enfrentam uma jornada solitária. Enquanto você ainda é anônimo, o apoio é escasso. Mas, ao alcançar o sucesso, que pode ser uma posição na empresa ou uma grande conquista de outra natureza, aqueles que antes estavam distantes surgem, trazendo consigo parabéns e perguntas sobre como você conseguiu tal feito. A questão é: onde estavam essas pessoas quando você mais precisava?

O Início, o Anonimato

Quando você começa sua carreira, sonhando em se destacar, ou quando inicia um empreendimento, o anonimato é seu companheiro constante. Nessa fase, as dificuldades são inúmeras: falta de reconhecimento, escassez de oportunidades, e, muitas vezes, a sensação de estar sozinho em um mar de concorrentes. É nesse momento que o verdadeiro apoio faz toda a diferença. Porém, infelizmente, é também nessa fase que ele mais falta.

Muitos líderes compartilham histórias de como, nos primeiros anos de suas carreiras, tiveram que se contentar com poucas pessoas ao seu lado, acreditando no seu potencial. Colegas, mentores e até mesmo amigos que poderiam oferecer palavras de encorajamento ou orientação, muitas vezes se mantêm distantes. Essa é a fase em que a persistência se torna sua maior aliada, e você aprende a seguir em frente apesar dos obstáculos.

O Ponto de Virada

Após anos de esforço, aprendizado e superação, chega o momento em que o reconhecimento finalmente aparece. Uma promoção, um projeto de sucesso, ou até mesmo uma exposição na mídia transformam você de anônimo a alguém notado. É aqui que as coisas mudam de forma drástica.

De repente, as mesmas pessoas que estavam ausentes durante sua luta aparecem para dar os parabéns. Perguntas sobre como você alcançou tal ‘coisa’ começam a surgir de todos os lados. Alguns até tentam se aproximar, interessados em se beneficiar da sua nova posição ou do seu conhecimento. Esse fenômeno, por mais comum que seja, traz à tona uma reflexão importante sobre as relações no mundo corporativo. Mas por que isso acontece? A "Teoria do Capital Social" de Pierre Bourdieu e os estudos sobre a "Análise de Redes Sociais" (SNA) oferecem insights interessantes para entender essa dinâmica.

Bourdieu sugere que o capital social de um indivíduo é frequentemente subestimado ou ignorado enquanto ele está "no anonimato". As redes sociais, muitas vezes, não reconhecem ou valorizam o potencial latente de alguém até que esse potencial seja realizado em forma de sucesso tangível. Quando isso acontece, as mesmas redes que antes eram passivas ou indiferentes podem se tornar ativas, buscando associar-se ao agora reconhecido capital social do indivíduo. Isso vale também para outros contextos sociais que você possa estar como por exemplo: Trabalho, família, amigos, etc. Estudos de Análise de Redes Sociais (SNA) mostram que a densidade e a centralidade das redes de um indivíduo aumentam significativamente à medida que ele alcança sucesso. Em outras palavras, quanto mais visível e reconhecido o sucesso de uma pessoa, mais pessoas se aproximam, buscando estabelecer ou reestabelecer conexões. É aqui que entra os interesseiros e bajuladores.

Um dos aspectos mais frustrantes dessa nova fase são os bajuladores. Essas pessoas que antes mal notavam sua existência, agora buscam sua amizade e aprovação. Eles elogiam seus feitos, muitas vezes de forma exagerada, e mostram um interesse repentino em tudo o que você faz. Embora possam parecer aliados, é preciso estar atento às suas verdadeiras intenções.

O bajulador não está interessado no seu sucesso por quem você é, mas pelo que ele pode ganhar ao estar próximo de você. Essa é uma das armadilhas da liderança: saber identificar quem realmente está ao seu lado pelo seu valor e quem está apenas em busca de benefícios próprios. E neste ponto podemos facilmente ser traídos pelo nosso Ego.

Valorize quem esteve ao Seu Lado

Dito tudo isso, é preciso estar atento que, ao alcançar o sucesso, você se lembre de quem realmente esteve ao seu lado durante a fase de anonimato. Essas são as pessoas que merecem seu respeito e gratidão, pois foram elas que acreditaram em você quando ninguém mais acreditava.

Nutrir essas relações é importante para manter os pés no chão e lembrar que, por trás de cada conquista, há um caminho árduo que foi trilhado.

Para aqueles que já alcançaram a liderança ou almejam essa posição, fica a reflexão sobre o papel da solidariedade no mundo corporativo. É fácil se envolver nas próprias ambições e esquecer-se de apoiar aqueles que ainda estão no início de suas jornadas. No entanto, a verdadeira liderança se manifesta também na capacidade de elevar os outros, de estender a mão para aqueles que precisam, mesmo quando não há visibilidade ou reco mpensa imediata.

A solidariedade no ambiente de trabalho não deve ser algo condicionado ao sucesso alheio. Pelo contrário, deve ser um princípio constante, uma demonstração de empatia e compreensão pelas dificuldades que todos enfrentam em algum momento de suas carreiras.

O sucesso traz visibilidade, reconhecimento e, infelizmente, a presença de bajuladores. Mas ele também oferece uma oportunidade de construir relações autênticas e de valorizar aqueles que estiveram ao seu lado desde o início. Na liderança, essas relações são fundamentais, pois são elas que realmente sustentam o líder em momentos de desafio e que compartilham de forma genuína as alegrias das conquistas.

E para finalizar, compartilho humildemente um conselho: Ao alcançar o sucesso, o reconhecimento público ou até mesmo um bem material de grande valor aos olhos da sociedade, não se deixe iludir pelos parabéns tardios ou pelos interesses superficiais. Lembre-se sempre de onde veio, de quem esteve ao seu lado e de como você pode retribuir o apoio que um dia te fez falta, oferecendo a mão a quem ainda trilha o caminho que você já percorreu.

Vamos continuar essa conversa nos comentários? Me conta, você ja passou por algo parecido?

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