O ativo da reflexão
Em nenhum momento da história se teve tanto acesso à uma infinidade de informações a que temos atualmente. Este fenômeno tem afetado a sociedade como um todo, em questões comportamentais e, até, de saúde.
O excesso de informação está intimamente relacionado à conectividade digital intensa. Avalanches de informação invadem nossas mentes todos os dias, dominando nossa atenção e consumindo nosso precioso tempo. Além disso, estudos indicam que há um aumento nos casos de algumas síndromes, tais como as de pânico, ansiedade, déficit de atenção, depressão, entre outras, consequentes deste fenômeno.
Com o avanço galopante da Inteligência Artificial, o ser humano se encontra em um de seus maiores desafios: desafiar o tempo para pensar, imerso sob uma montanha de informações, competindo com algoritmos e robôs pela sobrevivência. Informações, por si só, não geram conhecimento. O conhecimento advém do pensamento crítico. O pensamento crítico precisa, basicamente, de informações, tempo e reflexão. O ato de refletir está cada vez mais difícil nos dias de hoje.
Falta de tempo ou procrastinação? Aquela tal prioridade que fica lá esquecida. Preguiça de pensar? A neurociência nos explica que o cérebro economiza energia, reduzindo esforços para buscar o desconhecido. Muito mais além disso, o fato é que o ser humano está "desaprendendo" a refletir. Assim como a caligrafia deixou de ser usada com o advento dos computadores e smartphones, a reflexão sobre os acontecimentos não tem sido exercida ao passo que as informações de fontes diversas tomaram nossa preferência e nosso tempo.
Inicia-se, neste contexto, alguns movimentos em contra fluxo. Mindfulness e Slow Food são alguns deles. Em especial, o Mindfulness, que veio com a proposta de desacelerar o pensamento, focar no momento presente, reduzir a ansiedade. Em breve, será possível nos depararmos com um tipo de movimento "Thinkfulness", com a finalidade de promover a atividade transgressora de pensar.
Em um cenário no qual o mundo urge por mentes criadoras, inovadoras, empreendedoras, será essa a consequência mais terrível da tecnologia para o ser humano?