O atraso brasileiro
Durante as minhas férias de julho, tive a oportunidade de visitar a Europa. O momento era de protestos locais, contra os excessos da indústria do turismo, e de pressão cambial no Brasil. Viajar para países de alta renda traz sempre o desconforto da comparação, reforçando o “complexo de vira-lata” sugerido por Nelson Rodrigues e analisado por Eduardo Giannetti.
É inevitável questionar os motivos pelos quais o Brasil segue atrasado em seu processo de desenvolvimento. No caso da moura e árida Andaluzia, onde estive, a economia vai bem. Excluindo-se os anos da crise financeira de 2008 e os impactos econômicos da pandemia, o crescimento espanhol tem oscilado acima de 3,5%, com inflação controlada.
Historicamente, a região é um dos berços do capitalismo comercial que promoveu um choque de civilização com os povos originários na América Latina e gerou a acumulação inicial para o salto da indústria. Mais recentemente, no entanto, este sucesso se deve não mais à incorporação de trabalho e capital, mas ao aumento da produtividade gerada por avanços institucionais.
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A zona do Euro foi um passo decisivo para reduzir o risco geopolítico e para fazer avançar a agenda do crescimento. O projeto incentivou os países periféricos a avançar e superar a estagnação dos anos 1980. Houve novos investimentos em infraestrutura, redução do risco cambial e do custo de capital, maior integração dos mercados de bens e trabalho e novas regras que limitaram a discricionariedade nas escolhas de política. Todos estes fatores estimularam também a indústria do turismo, vista agora com reserva pelos europeus.
Mesmo com insatisfações sociais e políticas, o resultado das reformas foi um ambiente econômico de maior estabilidade e crescimento. O mundo parece estar avançando, enquanto o Brasil ainda discute questões conjunturais básicas, como as relações entre controle das contas públicas, câmbio, inflação, juros e crescimento. Isso sem falar na conhecida agenda estrutural de crescimento. De volta ao trabalho, vejo que nosso caminho é longo, o que inclui o futebol.
Head de Mesa de Operações | Equity Sales Trader Sênior | Clientes Private
5 mRoberto Padovani, excelente reflexão!! Basta lembrar que somos desde os anos 50 "o país do futuro". Porém, já estamos em 2024 mas ainda somos o mesmo "país do futuro". O apelido ainda não mudou depois de quase 80 anos de história em um mundo que, em sua grande maioria, se move e evolui muito rapidamente. Vamos em frente!! Kkk
Jornalista
5 mPadovani, muito boa sua reflexão.
C-level executive with a broad range of professional experience
5 mArtigo muito interessante, Roberto Padovani , obrigado por compartilhar suas percepções do atual momento andaluz / espanhol / europeu, vis-à-vis nossa atual realidade brasileira.
Gerente Comercial | Account Manager | Administradora | Bancária | Produtos Financeiros
5 mExcelente artigo!
Corporate Senior Banker
5 mParabéns pela reflexão Padovani! Abs