O aumento do juros deveria ser mais agressivo?
Nestes tempos em que a inflação tem acelerado, perguntas surgem quanto a política monetária do Banco Central do Brasil. Afinal, por que não age de maneira mais agressiva, subindo a taxa de juros acima do neutro, ou mesmo da inflação? Após algumas leituras e investigar algumas opiniões de economistas, encontrei uma possível justificativa para tal.
No geral, há um consenso de que o BCB age com independência. A grande questão é quanto a origem do choque. E há dois grandes violões: o câmbio e a oferta. A demanda ainda é considerada baixa por muitos, está se recuperando gradativamente, na medida que os empregos aumentam e a economia se recupera das políticas públicas de restrição para lidar com a pandemia. Aliás, alguns até vêem como preocupante o nível da demanda (no sentido de baixa).
Logo, um aumento do juros com uma política monetária mais Hawk da poderia afetar principalmente a demanda, que não é a principal causa. Assim como poderia dificultar o aumento da oferta. Já quanto ao efeito sobre o câmbio, alguns apontam que a alta do câmbio está principalmente ancorada a um cenário de semidominância fiscal e de incerteza política/jurídica, o que resulta em ceticismo que o aumento do juros resulte em uma queda do câmbio - qual a maioria considera acima do equilíbrio.
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Diante de tudo isto, os olhos se voltam principalmente para o governo, sobretudo sobre a capacidade do Paulo Guedes em lidar com os problemas fiscais pós-Covid. E se o governo conseguirá, de fato, mostrar um cenário político mais estável, o que também depende do jurídico que tem sido visto cada vez mais como um mar de incertezas. Para desfavorecer o cenário, há outro fator de peso que contribui negativamente e aumenta o ceticismo do mercado: 2022 é ano de eleições e, indiretamente, os movimentos no xadrez já começaram.
Ainda assim, as expectativas do Juros para 2021 e 2022 são cada vez maiores. Alguns já projetam uma selic acima de 8% em 2022.