O CASAMENTO CIGANO
“O Casamento é à Moda Cigana”, com a festa tradicional na comunidade que normalmente pode durar 3 dias.
Também já existem casos de União de Facto. O casamento na igreja (católico) e o casamento com papéis (civil) é quase inexistente.
O casamento é o reconhecimento de uma nova família que se forma, de acordo com as normas da cultura cigana e obedecendo à ritualização que reproduz os seus valores. A indiferença do casamento cigano pelas normas da sociedade é uma revelação da afirmação da sua identidade cultural.
Embora o casamento “arranjado” pelo pai, pelo avô, ou pela mãe, ainda durante a infância da rapariga ou já com esta em idade de casar, a mulher tem a possibilidade de recusar esse noivo e escolher o seu companheiro, sem que isso constitua um drama familiar.(???).
O “arranjar” do casamento significa o selar de uma amizade através da aliança preferencial. A norma que regula o casamento é endogâmico. A maioria das mulheres ciganas estão casadas com um primo, que se aplica a relações familiares em diversos graus e até pode não significar consanguinidade. Na comunidade cigana as pessoas podem tornar-se primas por “adopção” o que significa uma solidariedade especial que se transforma numa relação de confiança e afectividade com direitos e deveres idênticos à que existe entre familiares.
Na cultura cigana, o casamento é de uma importância muito relevante. É a partir daqui que se forma uma nova família onde se fundem todos os valores (coesão, solidariedade, respeito pelos mais velhos, protecção das crianças, transmissão da cultura, respeito pela palavra e pela ideia de presente.
Casar é passar para o estatuto de adulto/a, passagem que se dá no fim da infância, sem o período de maturação que a juventude constitui para as sociedades escolarizadas. No entanto o estatuto de adulto/a só é plenamente assumido com o nascimento do primeiro filho.
A precocidade do casamento é característica das sociedades não escolarizadas e relaciona-se com o estatuto dos papeis em que ser mulher (ser homem) adulta (o) é ser casada (o) e em que ao ser “noiva” se associa o valor da virgindade. Desta forma a cultura cigana dispõe as expectativas de acordo com os valores que preza e reproduz a sua essência. Para as mulheres ciganas, casar cedo é o natural e o desejável.