O CEO "CAR GUY"
Jim Farley, CEO da Ford, um "car guy" que se engajou na eletrificação e está conduzindo a empresa para o futuro.
Compartilho aqui mais uma belíssima entrevista do Jim Farley, CEO da Ford, concedida a NBC News, e aproveito para destacar alguns pontos que me chamaram a atenção.
Primeiro de tudo ele é um verdadeiro entusiasta por carros. Muito além de um "business man" e isso está fazendo toda a diferença para a Ford. Ele sempre foi apaixonado pela Ford e se descreve como um "old school car person".
Inicia sua fala demonstrando sua paixão por dirigir. Já logo aponta que os carros elétricos proporcionam muito prazer de dirigir, um prazer diferente. Uma "experiência" que precisa ter mais gente falando sobre ela para propagar as diferenças e vantagens. Foi brilhante nisso.
Eu concordo muito com ele pois quando lancei o Jaguar I-Pace no Brasil, em 2019, passei por algo transformador. Mas isso fica para um outro artigo.
Ele segue mostrando a importante posição rumo a eletrificação da Ford nos EUA e explica como os modelos híbridos estão sendo valorizados como indicativo do interesse pela eletrificação. As pessoas têm interesse, mas a eletrificação não pode ser algo imposto.
Volta para 1909 quando um terço do mercado americano era de carros elétricos e os argumentos de vendas não eram relacionados ao fato de serem elétricos, e sim sobre a sensação de dirgí-los.
Nos dias de hoje ele sugere que os reguladores respeitem as opções dos clientes sem forçar os carros totalmente elétricos. Que os reguladores entendam que os clientes farão suas escolhas baseadas em seus usos e condições. E assim a transição vai acontecer na velocidade dos clientes. Completa que os BEVs não devem ser considerados como a solução total ou, na outra ponta, como a solução errada.
Aponta que ainda serão necessários mais 5 anos para rentabilizar nos elétricos com carros menores e mais acessíveis. Atualmente é dificílimo ter lucro em carros grandes e caros onde só as baterias podem custar US$ 50.000. Ele se entusiasma ao falar do sucesso da Ford em veículos comerciais em que a utilização mais previsível e repetitiva os torna mais atraentes para eletrificação. A Ford detém 70% do mercado de veículos comerciais elétricos nos EUA.
Em seguida nos dá uma pequena aula sobre o sucesso da China com sua estratégia em direção a eletrificação iniciada há 10 anos e que hoje produz 70% dos carros elétricos do mundo. Considerando os subsídios do governo chinês fica difícil a competição e a recente tarifação de carros chineses nos EUA vai ajudar a indústria americana tirar o atraso.
Demonstra uma grande preocupação com veículos modernos (e chineses) sendo máquinas de coleta de dados de várias naturezas. Na China há regulamentação sobre esses dados mas nos EUA ainda não. E aí veículos chineses rodando nos EUA podem ser um problema muito sério.
Na sequência mais uma aula sobre a produção de baterias e os elementos necessários e onde são extraídos e processados. Hoje tudo é processado na Asia, e os EUA têm que investir nessa frente também.
Há dois anos a Ford criou uma operação "skunkworks" (uma operação independente que não tem que seguir as regras da organização) na California para desenvolver inovações.
Essa decisão foi feita com base na experiência em fazer 3 modelos elétricos, o Mustang Mach-E, a F150 Lightning e a Transit EV. Nas palavras dele, se você solicitar aos engenheiros de produto e produção de veículos a combustão que façam um modelo elétrico esse modelo não será um grande veículo.
Do ponto de vista dos clientes serão ok, mas do ponto de vista de custos não. Os modelos elétricos demandam uma abordagem de engenharia totalmente diferente com foco em otimizar tudo para proporcionar a menor bateria (em tamanho) possível. Isso porque a bateria ainda é a parte mais cara de um veículo elétrico. Ele também explica diferenças de abordagem na manufatura, como por exemplo a montagem de módulos eletrônicos logo depois da pintura, para que esses módulo possam monitorar as montagens subsequentes e assim eliminar processos e aumentar a qualidade.
Essa operação skunkworks deve ter seu primeiro modelo no mercado em 2 anos e meio, um carro de US$ 30.000, rentável, e competindo com Tesla Model 2 e modelos chineses.
Sobre AI ele aponta para as possibilidades otimizações na cadeia de fornecedores e manufatura, e nos engenheiros de software. Mas acredita que a força de trabalho continuará, porém evoluindo para outros tipos de trabalho. Interessante que ele levantou uma questão sobre a quantidade de energia necessária para manter os grandes centros de processamento de dados, necessários para operações digitais dos dias de hoje, e como esse tema ainda demanda soluções.
Na sua abordagem sobre carros autônomos e robotaxis ele explica que a Ford tirou o pé disso e decidiu focar em direção semiautônoma nível 3 para ser usada em estradas e diminuir riscos de acidentes o quanto antes. A complexidade para a implementação segura de robotaxis requer muitos investimentos e outros fatores que ainda precisam ser resolvidos. Focar no nível 3 com implementação mais rápida contribui para a redução de acidentes agora, enquanto robotaxis e direção autônoma vão demorar muito mais tempo pare serem confiáveis.
Perguntado sobre a competição com a Tesla, antes de responder ele reconhece e agradece a importância do Elon Musk pela sua visão e implementação dos carros elétricos. Agradeceu também pela Tesla concordar e ceder o uso da sua rede de carregadores à Ford, que acabou sendo seguida por outros fabricantes. Quanto a competição ele explica que a Ford não vai concorrer no segmento de comodities. Continua:
"Quando os clientes entrarem em um Ford não se sentirão como em um Tesla."
Eu descrevi aqui apenas alguns pontos. Vale assistir o vídeo completo.
Torcendo aqui pelo sucesso da Ford.
BIG HUG
Visionário em Regeneração e Inovação Colaborativa | Produtor Musical e DJ | Criador de Conteúdo Poderoso com IA | Fundador do SANCTUM PORTAL SC e Ação Social SANCTUM
2 sem"Paulo, sua visão em 'O CEO Car Guy' é inspiradora e totalmente alinhada com o que acredito! Nos meus projetos, como o AION.DJ e o SANCTUM, busco unir arte, tecnologia e impacto social para criar experiências transformadoras. Sua abordagem de liderar com paixão e estratégia é exatamente nossa direção para potencializar iniciativas que conectem pessoas e marcas a algo maior. Gostaria muito de explorar ideias e possibilidades de colaboração contigo!"