O dia em que eu me dei mais uma chance
Sem saco para colocar uma foto bonita. Segue uma de arquivo pessoal.

O dia em que eu me dei mais uma chance

No dia 03 de fevereiro de 2020, o meu podcast completou 1 ano de atividade. Foram 50 episódios lindos, que em produzi entre fevereiro de 2019 e fevereiro de 2020. 

Durante todos esses episódios eu tive a honra de conhecer e entrevistar quase sessenta pessoas e tive mais de meio milhão de horas “estrimadas” nas interwebs da vida.

No dia 03/02/2020 eu lancei um quinquagésimo primeiro episódio, onde eu não entrevistei ninguém como de costume, pelo contrário, eu tive um monólogo de pouco mais de uma hora e meia, onde eu contei como foi o trabalho de um ano de uma pessoa que nunca tinha feito podcasts na vida até virar o auto-intitulado “host nômade favorito” da nomadesfera brasileira.

O que eu não contei no episódio 51 (o episódio especial de 1 ano) foi que a única coisa que eu pensei durante toda a semana que antecedeu seu lançamento foi em desistir do Podcast Nômade. No dia 03/02/2020 eu me dei mais uma chance. 

01 - O ciclo perfeito.

Essa era a minha desculpa. 1 ano exato, 50 episódios exatos. Esse era o ciclo perfeito. Essa era a única justificativa que eu tinha para encerrar o podcast nômade. 

Era um sentimento de que eu tinha feito a minha parte.

Tinha conectado algumas pessoas e tinha acendido a chama. Outras pessoas poderiam continuar aquele trabalho e eu tinha enfim contribuído com meu tijolo perfeito.

Quando eu iniciei meu podcast, em fevereiro de 2019, eu estava solitário na gélida Bucareste/Romênia. Eu lembro que eu me repetia constantemente durantes os primeiros episódios: “seu único objetivo é gravar um episódio por semana, e não parar!”. Eu queria fazer novos amigos!

Um objetivo simples e sem muita ambição. Acho que foi justamente por não ter colocado uma pitada de ambição nesse projeto, que quando chegou janeiro de 2020, eu não pensava em outra coisa que não fosse “me aposentar” do podcast nômade.

Aliás, eu nem chamava o Podcast Nômade de projeto… Não chamava de nada, e quando pensava nisso, mentalizava apenas que era um hobby. 

02 - Eu criei um podcast sobre um assunto que eu queria aprender.

Uma coisa que definitivamente me ajudou nesse trabalho com o Podcast Nômade foi ter criado um canal onde eu poderia conhecer pessoas que tinham esse estilo de vida nômade. Era um assunto que eu tinha pleno interesse, pois estava nos meus primeiros dias de transição para adotar esse estilo de vida itinerante.

Escolher falar de algo que eu queria aprender foi uma boa jogada, mas o que eu não poderia imaginar é que esse assunto iria me cansar gradativamente. Não é do meu costume falar abertamente sobre isso e justamente após um bom número de entrevistas, eu sentia que já tinha adquirido informações necessárias sobre uma vida nômade.

Em pouco menos de 15 episódios, eu já estava satisfeito com o que eu tinha aprendido.

Eu tive sorte de não ter nichado meu podcast exclusivamente para “nômades digitais”, pois isso ampliou minha visão para outros estilos de nomadismo, como vanlifers (pessoas que moram dentro de veículos adaptados em casas), voluntários (pessoas que trabalham por acomodação e comida) , repatriados (pessoas com outras nacionalidades, que as permitem entrar em dezenas de outros países com muito mais facilidade), mochileiros e freelancers.

Também é fato de que com o tempo, talvez por pura afinidade com o empreendedorismo, eu me sentia muito mais a vontade me comunicando com outros empreendedores, e isso também fez com que eu buscasse me aprofundar mais nas histórias de vida das pessoas.

No fundo, eu tinha cansado de novo. 

03 - Insistência ou persistência?

Eis que eu chego na semana que antecede o fatídico episódio 051. O momento onde eu simplesmente anunciaria o fim deste trabalho com alguma série de stories na conta oficial do Podcast Nômade no Instagram, ou faria um episódio comemorativo, expondo vários bastidores do primeiro ano de episódios.

Não é segredo nenhum que eu dei continuidade com os episódios. Inclusive isso fica claro no início deste texto. O que eu não expus até agora foram as lições que eu refleti que me fizeram sentido o suficiente para continuar:

  1. Eu iniciei esse trabalho para conhecer gente e por mais que eu já tivesse feito conexões incríveis, sabe-se lá quantas outras tantas pessoas interessantes eu ainda poderia conhecer. Como foi o caso do Thiago Dalleck, Rafaela Kich, Tiago Henriques, Stefany Guedes, Evilázio Côelho e Matheus de Souza (este último, responsável por me dar um empurrãozinho para a escrita no LinkedIn). Todos os citados eu conheci após o episódio 051.
  2. Eu também percebi que apesar do título ser “Podcast Nômade”, eu não precisaria falar apenas do estilo de vida nômade, mas a própria temática do podcast poderia “nomadear” por diversos assuntos e porque não? Poderíamos falar de TUDO pelo ponto de vista de convidados nômades, que na prática, são pessoas com uma mentalidade globalizada, que transcendem barreiras geográficas, monetárias, culturais, entre outras…
  3. Aquela semana de reflexão também me abriu os olhos para um detalhe, eu repetia muito a palavra “nomadesfera” durante minhas entrevistas. Eu resolvi verificar a disponibilidade de registrar essa palavra, e para minha feliz surpresa, estava acessível. Eu registrei de pronto, e mesmo sem ainda ter uma ideia clara desse projeto, eu senti que era essa a oportunidade de dar aquela pitada de ambição que me faltou no início de tudo.
  4. Por fim, talvez a minha necessidade de me conectar com pessoas poderia ser também a necessidade de outras pessoas. Assim, eu entendi que esse poderia ser um propósito claro para o Podcast Nômade. Ajudar outras pessoas a se conectarem entre si.
Eu tomei coragem, lancei o episódio 051 e me expus de diversas formas.

Ainda lancei uma campanha de financiamento coletivo, para ouvintes que quisessem contribuir financeiramente com esse projeto. Chorei descontroladamente por quase 30 minutos quando no dia seguinte ao lançamento vi que tinha atingido a singela quantia de R$ 215,00 em apoios de ouvintes, e chorei mais alguns momentos ao longo da semana, quando assistia os vídeos de diversas pessoas que me compartilharam felicitações pelo aniversário de um ano do podcast.

Também fiz um voto. No 2º ano do Podcast Nômade, eu lançaria um livro resumindo do episódio 1 até o episódio 100. Estaria eu criando um segundo ciclo perfeito? Pode apostar que não!

Talvez se eu tivesse insistido na fórmula do início, insistido em dar continuidade ao Podcast Nômade com as aspirações, anseios e expectativas que eu tinha quando eu comecei, o podcast não teria completado sequer 1 ano de existência, mas foi meu puro desejo de continuar, semana após semana, que fez com que eu persistisse, sempre mudando, sempre evoluindo, sempre repensando em novos caminhos, fazendo com que assim o projeto não só continuasse, como crescesse. 

A lição que eu tiro dessa história dialoga muito com a mensagem de “anti-alienação“ que o livro Mais esperto que o diabo, do Napoleon Hill traz. Ao criar um podcast sem um propósito claro, ele tenderia a ruir. Foi apenas quando eu refleti um propósito claro para o trabalho de conexão que desenvolvo com o Podcast Nômade, que ele enfim passou de ser apenas um compromisso semanal que eu tinha comigo mesmo, para ser um projeto com a intenção de melhorar a minha vida, e a vida de quem eu puder alcançar! 

Sobre o autor:

Opa! Sou o Heitor, pernambucano, mestre em Administração pela UFPE, idealizador da Expire (uma plataforma de terapia online), criador do Podcast Nômade, o podcast oficial da Nomadesfera (comunidade de nômades Brasil a fora!) e de quebra, integrante do duo folk Casaprima.

 

#saúdemental

#melhoresconselhos

#paralercomcalma

Bibiana R.

Empreendedora em desenvolvimento humano

4 a

Achei inspirador esse texto! Obrigada por compartilhar isso com a gente!

Bruno Kenji Soda

Analista de Planejamento e Demanda | Cadeia de Suprimentos | Análise de Dados | S&OP

4 a

Eu já acompanhava o termo nômade digital à um tempo antes de conhecer seu trabalho. Mas foi quando pensei: "Certeza que já devem ter feito um podcast sobre isso, seria genial!" Pesquisei no Spotify e bingo! Vi aquela logo preta e branca e fui direto ouvir os episódios. Sou uma daquelas pessoas que você ajudou a se conectarem com outras. É absurdo o tanto de informação boa a partir de uma seleção incrível de pessoas que você fez. Eu já estou de olho nesse livro!

Thiago Dalleck

Web designer, fotógrafo e escritor.

4 a

Ótimo artigo, Heitor! Admiro a sua persistência e a vontade de fazer as coisas! Como você disse, você quis continuar evoluindo e aprendendo. Sou muito grato por termos nos conectado e por fazer parte dessa história bonita que é o Podcast Nômade ❤️ Que bom que você não desistiu!

Erih Carneiro, PhD 🏳️🌈

Marathoner | Founder at Gombo Agency | Speaker | Business Influence Specialist | Creator Economy | ESG | Influence Marketing | Lecturer | Columnist | Curator | Instagram and TikTok @erihcarneiro

4 a

Heitor, seu Pernambucano cabra da peste, você é boca de zero nove. Obrigado pela generosidade de compartilhar com a gente a tua história com o podcast. Eu sou fã, cara! Grande abraço e até qualquer treta da vida dessas aí. Ah, aqui fala um baiano!

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