O dia que voltei de licença-maternidade. E todos os outros depois.
Há quase 1 ano retornei da minha licença maternidade. Estava cheia de angústias e ansiedade, e medo de que a escolha que fiz para minha filha de cristal que pode quebrar a qualquer momento não fosse a correta. Estava contando as horas desde o início da semana, e me martirizando como se estivesse a caminho da forca só de imaginar em voltar a trabalhar e deixar minha bebê em casa. Fiz até um post aqui, contando um pouco sobre todas essas incertezas e paranoias que se instalam na nossa cabeça nesse período.
No dia D, acordei mais cedo e fiquei o máximo de tempo que pude com a Sofia - Era como se fossem os últimos 20 minutos da minha vida ao lado dela. Chegou a hora de ir para o trabalho, e aí, meu amigo, nessa hora não consegui conter o choro. Saí de casa aos prantos, como se tivesse acabado de perder alguém querido pra sempre. Fui dirigindo até o trabalho, tentando me distrair com o trânsito (veja só, nessas horas o trânsito até vira distração). Fui me acalmando aos poucos, controlei a respiração, fiz uma programação mental do meu dia e foquei no bom e velho “pensamento positivo”. Estacionei o carro na vaga de costume, usei 1kg de base para disfarçar o vermelho do meu rosto, chamei o elevador e subi. Finalmente, cheguei no LinkedIn e não encontrei ninguém nesse trajeto (ufa!). Fui direto para a copa, precisava de um café e checar se continuava tudo igual 6 meses depois. Eis que sou recebida com muito carinho por dois amigos de trabalho que não via há tempos – Pá! Caí no choro (sou dessas que começa a chorar e não páram nunca mais). Pára, respira, acalma, toma café. Chega mais uma pessoa. Abraça e dá boas vindas novamente, e o ciclo re-começa. Chora, pára, respira, acalma, toma café chá.
Já na minha mesa, sou recebida com uma mensagem de boas vindas, um porta-retrato com uma foto minha e da minha filha e flores (Obrigada, @Janaína Zen) - o que fez com que tudo parecesse um pouco mais fácil.
Ligo meu computador, uma sensação estranha, não fazia isso há 6 meses, tempo em que passei chafurdada entre fraldas, leite, mamadeira, Galinha Pintadinha e choro de bebê. Confesso que a sensação de fazer algo diferente foi ótima.
O dia foi passando, fui me atualizando sobre as novidades da empresa, conversando com um aqui, outro ali, e aí lembrei: tenho uma filha! Mas que mãe desnaturada! 3 horas sem ter notícias da filha. Mando mensagem para babá, tudo em paz. Checo na câmera, tudo em paz. Fico em paz.
No fim do dia, saio correndo, afinal um bebê de 6 meses não pode ficar tanto tempo longe da mãe. Abro a porta de casa e sabe o que aconteceu? NADA. Estava tudo em ordem, Sofia estava bem, feliz, brincando, creio que nem tenha sentido minha falta. E eu fiquei lá sentada, paralisada, observando e pensando: sobrevivi.
Por que estou contando tudo isso? Porque ninguém sabe como as mães se sentem ao retornar da licença maternidade para o trabalho. Ninguém (tá, eu sei, talvez você aí entenda) entende que a mulher sai do trabalho para dar à luz, e não é mais aquela mesma funcionária que só pensa em trabalho, workaholic, trabalho até tarde e nos fins de semana. A gente tem receio de que não vai dar conta de tudo - aquele mais do mesmo, que já virou um clichezão - mas que é a mais pura verdade: como ser mulher, esposa, profissional e agora mãe. E sabe o que? A gente dá conta. E dá conta de muito mais do que poderíamos imaginar.
A gente aprende, se divide, se re-inventa e se re-modela. A gente faz acontecer, porque ganhamos habilidades inimagináveis antes da maternidade. Ganhamos confiança, paciência, resiliência, resistência, empatia.
Tenho um amigo mala @Guilherme Lima, que diz que fiquei mais “fofinha” pós maternidade – acho que ele tem uma certa razão.
Até pensei que poderia parar de trabalhar, e riscar uma das funções-clichê da minha vida. Só que resolvi que para mim o melhor seria voltar, e não porque “ah, você é mãe, mas é bom se sentir útil, sair dessa vidinha e fazer algo maior, né?”. Não! É só porque experimentei os dois mundos e descobri que o que me faz sentir viva não é o papel de mãe em período integral, e sim exercer a profissão que escolhi, matar o tal leão por dia, me enfiar em projetos novos e produzir coisas que eu sinta orgulho, mas principalmente ter a oportunidade de trabalhar em uma empresa como o LinkedIn que me permita ser mãe também.
Sabe como foi o 2o dia de trabalho? Feliz. Saí de casa com o coração tranquilo, Sofia estava brincando, dei um beijo, fechei a porta, ouvi ela gargalhando e não olhei pra trás mentira, mas foi só de rabo de olho. Já nem lembrava como havia sido dramático o primeiro dia. Hoje estou aqui, quase 1 ano depois, completamente satisfeita com minhas decisões e planejando a próxima etapa, e olha - está tudo bem.
Li seu post e adorei... Chorei no começo, no meio e no fim! Fiquei imaginando... Que bom se tmb acontecesse assim comigo! Mais acho que além de coragem precisarei de muito controle emocional por que ficar longe de uma bebê por 14 dias ou mais ñ será nada fácil!! #vidanomar.
Sócia Diretora / Head of Marketing - Work Freedom
7 aWillian Maricato Moura
Software Engineering Tech Leader at Banco Sofisa S/A
7 aMuito bonito seu relato Fernanda Focante.
Customer Success | Liderança de Equipe
7 aQue bacana, poderia dizer o msm, mas tive a infelicidade de ser demitida! Parabéns para empresa que trabalha pois vc teve a oportunidade de ser mãe e continuar trabalhando!
Business Aviation - Sales Brazil
7 aé tudo isso mesmo!! ;)