O Empreendedorismo da Crise
O nosso país enfrenta uma crise econômica nunca antes vista. A atual situação nefasta da economia brasileira teve o seu início em meados de 2014 e o recuo do produto interno bruto (PIB) estabeleceu-se por dois anos consecutivos.
A grande crise econômica brasileira já está fazendo história e veio fortemente revigorada pela crise política e de confiança de investidores internos e, principalmente externos, além de um índice de desemprego elevado a patamares nunca antes vistos.
Nesse cenário pessimista e de incertezas políticas e econômicas surgiu uma busca desenfreada e mais ainda, despreparada pelo empreendedorismo. Esse empreendedorismo exacerbado, que em um outro momento poderia significar um elemento positivo para o desenvolvimento de qualquer nação, no quadro crítico em que o Brasil se encontra não reverbera recuperação econômica como consequência.
No Brasil da atualidade observamos um crescimento acelerado de pequenas empresas e MEI’s (Microempreendedores Individuais), isso, sem a observância de fatores básicos e fundamentais que visam a sustentabilidade dos empreendimentos.
As empresas surgem, hoje no Brasil, pela necessidade de sobrevivência ao desemprego ocasionado pela situação de recessão econômica pela qual o país passa. As atividades e CNAE’s estabelecidos, muitas vezes, mais de um por empreendimento são definidos empiricamente, tendo em vista alguma experiência profissional acumulada por seus respectivos empreendedores em algum momento da vida profissional, não sendo suficiente e trazendo como consequência imediata o fracasso do negócio.
Enquanto a mídia faz o seu trabalho de mostrar somente casos de empreendedorismo de sucesso, incentivando a abertura de novos negócios, o governo se abstém da responsabilidade por todo esse movimento empresarial equivocado.
O “abre e fecha” de empresas e pequenos negócios domésticos traz desgaste tanto para empreendedores quanto para a economia brasileira já tão enfraquecida.
O surgimento de um número, cada vez maior, de pequenos negócios concorrentes ameaça as médias e até as grandes empresas, que reagem a esse movimento promovendo ajustes que geram mais desemprego dando força e continuidade a um círculo vicioso, que alimenta a crise econômica.
É realmente bom para a nossa economia o surgimento de inúmeras pequenas empresas e uma população enorme de microempreendedores individuais atuando como concorrentes em um mercado em total recessão?
Quais serão as consequências em médio e longo prazos desse movimento desordenado e dessa consequente oferta de mão de obra não qualificada e inexperiente?
Esses são questionamentos que devem ser analisados friamente por economistas comprometidos somente com a realidade, e por organismos governamentais responsáveis pela sustentabilidade das médias e grandes empresas, que são em sua grande maioria geradoras de empregos e de desenvolvimento.