O futebol brasileiro e o futebol civilizado

Maurício Noriega

Fui curtir o futebol civilizado com meu filho por uma semana. Ver de perto o funcionamento de um time realmente mundial. Treino, museu, jogo, um poco da estrutura espetacular de um gigante como o Barcelona.

Pude testemunhar que perdemos a mão completamente na maneira como vemos e tratamos o futebol no Brasil.

Claro que nem tudo é perfeito. Na Europa existem episódios de racismo, brigas, ódio. Mas de forma geral o futebol é apreciado como uma expressão de arte, cultura, lazer.

No Brasil o futebol foi transformado em trampolim do ódio, da intolerância, da irascibilidade.

Em vez de trabalhar por um bem comum, a melhora do produto como um todo, cartolas brasileiros se esgoelam à distância numa ridícula batalha de holofotes.

Como a comandar o futebol brasileiro está o vácuo, não existe virtude para dar o exemplo, os cartolas desvalorizam seu próprio negócio com pensamentos medievais.

O pensamento é sempre individualizado, cabotino. O silêncio só é rompido por interesse próprio, jamais do produto.

Um campeonato dos melhores dos últimos anos, cristalinamente superior em termos de técnica ao do ano passado, com três times fazendo campanhas excelentes, além de muitas outras atrações, cede espaço ao velho e malcheiroso Tapetão mofado.

É preciso, sim, investigar a fundo a questão de interferência externa em jogos. Isso deve ser investigado de forma macro, retroativa, para identificar se vem sendo feita por quem e desde quando. Há vários jogos que geram dúvidas.

A arbitragem brasileira vive acuada por sua fragilidade, além de ser humilhada pelas imagens de TV que mostram um jogo muito diferente daquele visto pelos árbitros e jogado pelos atletas em campo. Episódios recentes mostram que os árbitros usam a súmula para se defender de seus erros. O apadrinhamento de árbitros que são ungidos como os melhores sem desempenho para tanto, nivela por baixo porque mata oportunidades e impede a formação de uma equipe de arbitragem nivelada por cima. Para que trabalhar tanto se na Copa estará sempre o mesmo? É assim a quantas Copas? Muda apenas um nome.

As orientações passadas aos árbitros para interpretação são desastrosas. Mal redigidas, confusas. 

Em vez de falarmos do campeonato consistente e de excelente aproveitamento do Palmeiras, do alto nível de concentração e treinamento e das variações táticas de Cuca, da versatilidade dos jogadores, falamos de tribunais e julgamentos. Em vez de falarmos do grande trabalho do novato Zé Ricardo, antenado, atualizado, do time leve e de bom toque de bola do Flamengo, falamos de súmulas. Em vez de falarmos da quantidade incrível de jogadores decisivos do Atlético Mineiro, da molecada boa de bola do Santos, da desanuviada que Renato deu no Grêmio, da espetacular reação do Botafogo, as lutas honrosas de Cruzeiro, São Paulo e Inter contra o rebaixamento, falamos de julgamentos.

Enquanto os dirigentes dos clubes, que são a razão de ser do futebol, não entenderem que somente remando juntos e pensando na melhora do seu produto conseguirão arrecadar mais e atrair mais consumidores, capitalizando suas instituições para torná-las mais fortes na concorrência sadia pelo mercado, continuaremos vivendo na Idade Média da bola, uma espécie de Albânia na qual não vale vencer o oponente mas é preciso aniquilá-lo.

Enquanto nao houver um redimensionamento de educacao, de principios e impunidade no Brasil, sera muito difícil conseguir ver o nosso Futebol sair da miseria em que se encontra.

Leandro Gonçalves

Proprietário na Onda Biocosméticos

8 a

Por isso sou seu fã... escrevo pela primeira vez, mas refletindo a fundo quem tem que mudar!? Dirigentes são reflexo da sociedade, futebol muitas vezes é o caminho para criminalidade, tráfico de drogas, barbarias de torcida "desorganizadas"... Trabalho com evento universitário no estado do MS, organizado jogos entre Atléticas do estado e também entre universidades, porém se corremos atrás de apoio da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU), não mexem uma palha, pois o interesse sempre é o benefício próprio e nunca os universitários, para mobilizar a sociedade para prestigiar o evento, mesmo sendo, muitas vezes para beneficiar uma instituição de caridade através de doação de alimentos não temos nunca casa lotada, culpo a sociedade em geral, que por conta dos desleixos de presidente como o daqui do estado que está a varias décadas no cargo e não abre mão do salários e beneficio que o cargo lhe dá, faz da Federação de Futebol do Mato Grosso do Sul (FFMS) sua casa, mas mal cuidada, estádios depredados e sucateados o poder privado pouco se importa com esporte da região, poucas empresas dispõe a ajudar, até mesmo por conta de dirigentes corruptos e preguiçosos, pois aqui como todo o Brasil esporte amador era acima de tudo lazer, interação, respeito e honestidade entre pessoas diferentes, porém dirigentes ou aqueles que tem algum poder, pouco importa esporte amador, pois não dá lucro e não enche as suas contas bancarias.

Cesar Jube

Representante comercial da empresa Dartfish Inc. Responsável por toda operação comercial da Dartfish no Brasil e America Latina.

8 a

Excelente ponto de vista e que pena nao termos dirigentes que consigam enxergar um pouco de tudo isso que voce pode notar por ai. Ja tive essa experiencia e é exatamente a mesma coisa que eu senti. Estamos a anos luz de ter um futebol de respeito. Parabens!

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