O futuro é logo ali. Onde investir sua grana de curto prazo?
Hoje avançaremos mais uma etapa em nosso périplo para nos tornarmos investidores. E essa etapa, sem dúvida, trata-se de um divisor de águas. Depois de todo esforço para “arrumar a casa” - e eliminar as dívidas -, constituir a providencial reserva de emergência e colocar no papel os seus sonhos, chegou a hora de trabalhar para começar a realizá-los.
Se você ainda está trabalhando nos estágios anteriores, não esmoreça, você está no caminho certo e chegará aqui mais rápido do que imagina, acredite. O dinheiro é extremamente fiel àqueles que o tratam com zelo. (se você está chegando agora, recomendo que dê uma olhada nos passos anteriores – mentalidade de investidor; orçamento; reserva; objetivos -, pois o caminho para se tornar um investidor é “path-dependent”, ou seja, é gradativo; cada etapa depende de uma anterior).
“Aquele que pouco semeia, igualmente, colherá pouco, mas aquele que semeia com generosidade, da mesma forma colherá com fartura” 2 Coríntios 9:6
Pois bem, hoje vamos falar sobre quais são as aplicações mais apropriadas para realizar os objetivos de curto prazo, aqueles que desejamos realizar em um ou dois anos (esse prazo pode variar de investidor para investidor, mas o que importa aqui é o conceito), como a próxima viagem de férias, aquele curso para dar uma incrementada na sua carreira, o negócio que você quer iniciar em seis meses, etc.
O que vai determinar se o objetivo é de curto prazo, seja ele qual for, é o tempo em que precisará dispor dos recursos para realizá-lo. Se for inferior a dois anos, pode colocar esse objetivo nessa “caixinha”. Simples assim – lembra dos sonhos que colocou no papel?
Acho que você já percebeu que o “tempo” é uma variável determinante para qualquer investimento (quiçá para qualquer coisa na vida), e você está certo, quanto menor o tempo disponível para manter uma aplicação, menor o risco que poderemos incorrer, e, como já vimos, quanto menor o risco, menor o retorno (não existe almoço grátis, lembra?).
Como estamos falando dos objetivos de curto prazo, ou seja, dos seus sonhos mais imediatos, o tempo disponível é limitado. Isso quer dizer que esse dinheiro não aguenta “desaforo” (oscilação). Logo, assim como ocorre para os recursos que formam a reserva de emergência, as palavras de ordem são preservação de capital e liquidez.
Liquidez nada mais é do que a capacidade de transformar algo em dinheiro rapidamente. Por exemplo, se você faz um depósito na sua conta, você poderá sacá-lo a qualquer momento, no primeiro caixa eletrônico que aparecer, logo, tem uma elevada liquidez. Já se tentar vender um imóvel, provavelmente terá que anunciá-lo, contratar um corretor, receber várias visitas de potenciais compradores e negociar à exaustão, o que poderá levar meses. Logo, imóveis tem baixa liquidez, em geral.
Uma vez entendido que os investimentos de curto prazo devem acessar aplicações conservadoras e com boa liquidez, é hora de pôr a mão na massa e selecionar essas aplicações.
Para início de conversa, como a finalidade dos Investimentos de Curto Prazo se assemelha à da Reserva de Emergência (preservação de capital + liquidez), podemos considerar as mesmas alternativas que compõem esta última, ou seja Tesouro Selic e Fundos DI de baixo custo (cuja taxa de administração seja inferior 0,5%).
Desse modo, após formar o seu colchão de emergência, se você desejar ser extremamente conservador para seus investimentos de curto prazo, você pode continuar aplicando apenas nessas opções.
Mas se você quiser incrementar um pouco mais o retorno da caixa “Curto Prazo”, você pode acessar títulos bancários de baixo risco, como CDB, LCI e LCA, ou títulos públicos prefixados (leia-se Tesouro Prefixado) cujo prazo de vencimento combine com o objetivo planejado.
Para essas novas opções, no entanto, cabem algumas observações importantes.
Primeiro, não espere um retorno extraordinário. Lembre-se, se o risco é baixo, o retorno também será. Esse conceito precisa estar “muito vivo” na sua cabeça. Ele será apenas levemente superior ao Tesouro Selic ou aos Fundos DI.
Segundo, cada título desses apresentará algumas peculiaridades que deverão ser observadas. Vamos a elas.
No caso do CDB, da LCI e da LCA, não foque apenas na taxa oferecida. É preciso observar a solidez e a credibilidade do banco emissor. Em geral, os bancos menores oferecem taxas maiores, mas é preciso avaliar com cuidado. Procure bancos que possuam um bom histórico junto ao mercado e que sejam transparentes (dê um Google!).
É verdade que, para esses títulos, o FGC garante até R$ 250.000,00 no caso de falência do banco emissor, mas o processo para ressarcimento do valor investido pode levar algum tempo. E como a sua necessidade (prazo para utilização do dinheiro) é de curto prazo, é melhor evitar esse risco.
Em relação ao retorno, no caso do CDB, só vale a pena investir neste título se o retorno oferecido for de pelo menos 100% do CDI. No caso da LCI ou da LCA, exija pelo menos 80% do CDI. Caso contrário, agradeça o seu gerente pelo cafezinho e aplique no Tesouro Selic ou em um Fundo DI (desde que tenha uma taxa de administração baixa).
Outro ponto que precisamos observar com cuidado é a liquidez de cada título. Tanto a LCI quanto a LCA possuem carência, quer dizer, um período mínimo para fazer o resgate. O prazo mínimo é de 90 dias, mas, de modo geral, quanto maior for o rendimento do título, maior o prazo de carência que o banco exigirá.
O CDB por sua vez pode ter resgate diário, mas de modo geral, toda vez que o banco conceder uma taxa maior do que 100% do CDI, ele fixará um prazo mínimo para resgate (carência).
Por fim, precisamos falar do Tesouro Prefixado. Em relação à rentabilidade, este título público garante uma boa previsibilidade de retorno para o investidor, uma vez que o rendimento total será preestabelecido. De maneira geral, este título será atrativo quando oferecer um retorno superior à taxa Selic (hoje 6,5%).
Já em relação à liquidez, o Tesouro Selic pode ser negociado através do Tesouro Direto e pode ser comprado ou vendido diariamente. No entanto, dadas as suas características, o valor deste título pode oscilar de acordo com a variação da taxa de juros, de modo que o investidor pode ter prejuízo caso deseje sacá-lo antes do vencimento. Por isso a recomendação é que mantenha o título até o vencimento (se quiser saber mais sobre os títulos públicos acesse o site do Tesouro Direto).
Se você optar por qualquer um desses títulos, é importante que você tente casar o prazo do vencimento do título com o prazo em que precisará utilizar os recursos. Assim, o ideal é que o prazo de vencimento do título seja um pouco menor que o prazo em que utilizará o dinheiro. Se o prazo for maior, é recomendável abrir mão do retorno adicional e aplicar nas opções mais conservadoras, como Tesouro Selic e Fundo DI (com taxa barata, não esqueça), que permitem resgate a qualquer tempo.
E então, já programou as férias do próximo ano, ou já começou a juntar grana para abrir o seu negócio, ou ainda, já planejou o iniciou daquele curso que vai catapultar a sua carreira? O que pretende fazer daqui a dois anos? O que está esperando para pôr a mão na massa?
P.S.: Caso tenha alguma dúvida específica em relação aos títulos ou alguma das etapas que tratamos até aqui, não hesite em me contatar. Estou à disposição.
Coordenador de Risco de Investimentos
6 aObrigado por acompanhar os artigos e pala excelente dica. Vou fazer isso. Abraço!
GeoTech R&D Specialist | Doutorando em Modelagem da Terra e Ambiente | MSc. Ciências Ambientais | Geotecnologias | Licenciamento Ambiental | Waste Management| Aerial Mapping
6 aTexto instrutivo e produtivo. O dicionário da "sopa de letrinhas" dos fundos de investimentos é um bom artigo que tenho referência dos seus textos. Veja para colocar no rodapé. Forte abraço