O Humor no Trabalho II: o valor de uma boa risada
A noção de humor é relativamente nova em seu significado moderno, cujo primeiro registro aconteceu na Inglaterra em 1682, já que antes disso, significava disposição mental ou temperamento. Voltaire, diferentemente, propôs uma origem francesa para o termo, alegando que o humor na nova acepção inglesa, significando “plaisanterie naturelle” (brincadeira natural), derivava do humeur francês, conforme foi empregado por Corneille em suas primeiras comédias.
De fato, o termo inglês “humour” originou-se do francês no sentido de um dos quatro fluídos principais do corpo (sangue, flegma, bílis e bílis negra), no entanto, é duvidoso afirmar que o significado inglês contemporâneo derive também da França. Na verdade, de 1725 em diante, o francês caracteriza invariavelmente o termo como um empréstimo inglês. Em 1862, Victor Hugo ainda falava sobre “essa coisa inglesa chamada humor”, e foi somente no início dos anos 1870 que alguns franceses começaram a pronunciá-la do jeito francês.
Em sua pesquisa histórico-cultural do humor, Bremmer e Roodenburg o definem como “qualquer mensagem – expressa por atos, palavras, escritos, imagens ou música – cuja intenção é a de provocar o riso ou um sorriso”. Essa definição permite aos autores estenderem as investigações à Antiguidade, à Idade Média e ao início do período moderno, e também identificar a importância do humor na cultura desses povos. Entretanto, tal conceito deixa de fora o humor como virtude ou o humor como um traço de personalidade ou, ainda, como reação fisiológica do corpo humano.
O humor estudado como reação fisiológica trouxe importantes contribuições. Os trabalhos do Dr. Hunter Adams nos EUA e dos “Doutores da Alegria” no Brasil serviram de incentivo para as pesquisas sobre os benefícios do humor e do riso.
Quando rimos, o número de células naturais que destroem tumores e vírus aumenta, assim como Gamma-interferon, uma proteína que combate doenças; células T, importantes para o nosso sistema imunológico; e células B, que produzem anticorpos de combate a doenças.
Além disso, o som de uma risada é muito mais contagiante que uma tossida ou espirro. O humor e a risada causam um efeito dominó de alegria e diversão, bem como, iniciam vários efeitos físicos positivos.
Uma boa risada pode ajudar a reduzir o estresse, abaixar a pressão sanguínea, elevar o humor, fortalecer o sistema imunológico, melhorar o funcionamento cerebral, proteger o coração, conectar-se aos outros, causar relaxamento instantâneo e fazer você se sentir bem.
A risada ativa a química da vontade de viver e aumenta nossa capacidade de combater doenças, além disso, rir relaxa o corpo e reduz os problemas associados à pressão alta, infarto, artrite e úlcera. Algumas pesquisas sugerem que a risada também possa reduzir o risco de doenças cardíaca. Um estudo realizado na University of Maryland Medical Center sugere que um bom senso de humor e a habilidade de rir das situações difíceis ajudam a mitigar os efeitos físicos prejudiciais de emoções estressantes.
Se sua organização não tem humor, não é humana
Por isso, Abramis nos alerta para termos cuidado com as organizações nas quais o humor não está presente, pois assim como ser bípede e ter a capacidade de mentir, o humor também nos define como humanos. O humor é quem nós somos. Se uma organização não tem humor, não é humana, pois retira uma das características centrais do ser humano. É verdade que o humor não é necessário para fechar negócios, porém, não é possível eliminar somente uma característica humana por vez.
Então, conclui Abramis, se o humor é supresso, outras características pessoais valorizadas no ambiente empresarial também são provavelmente supressas, particularmente, saúde mental, satisfação no trabalho e, talvez a mais importante para as organizações, a criatividade. Em uma pesquisa realizada com os funcionários de um hotel de luxo de São Paulo sobre sua percepção em relação ao humor no ambiente de trabalho, foi observado que os funcionários pesquisados acreditam que um ambiente de trabalho bem-humorado favorece a sua criatividade devido à segurança que sentem em situações inesperadas (57,14%) e a melhor comunicação (25,57%).
Além disso, houve unanimidade em duas questões: todos acreditam que não é necessário ser sério para ser responsável, e todos afirmam ter superiores bem-humorados. Além disso, observou-se que 71,43% dos pesquisados afirmaram que o humor do superior influencia de alguma maneira no seu próprio humor.
Para finalizar, segundo Abramis e Gliner, pesquisas apontam que pessoas bem-humoradas tendem a serem mais satisfeitas com seus trabalhos. E como constataram Oliveira e Gueiros em um estudo do setor hoteleiro, a satisfação dos funcionários conduz à satisfação dos clientes.
Assim, o clima organizacional que assume o bom humor como uma de suas características, traz implícito a aceitação do ser humano e de suas necessidades de harmonia e integração. Afinal, o humor fornece frequentemente uma forma de aliviar a monotonia e de extravasar - ou mesmo impedir - o estresse e ainda ajuda a estimular a criatividade, ou mesmo construir um bom entendimento com colegas e clientes, e ainda oferece como bônus uma maior satisfação dos clientes. Mas esses dados serão apresentados em outra conversa sobre humor...