O leilão e as relações comerciais

Uma vez em uma classe da ESPM o professor Fábio Cardia( um dos melhores que eu tive) simulou um leilão .

Ele pegou seu relógio, colocou o preço mínimo e iniciou. Ele tinha técnica, sabia valorizar o objeto contando sua história e atributos e por isto, nós passamos longos 15 minutos leiloando. 

Nós primeiros 3 minutos, o valor do relógio já não importava mais.

O que nos motivava era a competição que nos mantinha ali.

Todos queriam ganhar!

Ele explicou, que o mesmo ocorre quando a gente quer pagar barato de qualquer jeito. 

O valor se perde e o desejo de não pagar por ele cega o comprador que não dá atenção aos detalhes. 

Já vi muito comerciante aumentar o preço pela ocasião, elevando a margem conforme a situação do cliente. 

Particularmente eu não acho ético. 

Mas também não acho ético cliente que leiloa preço. 

Quando alguém quer me vender algo, mas leiloa preço em minha empresa eu o elimino da lista de fornecedores, porque sei que não haverá uma relação ganha ganha ali.

Acredito que se não vai haver reciprocidade não deve ao menos haver depreciação. 

Quem constrói negócios que se destacam por ser diferentes não gosta de ser comparado só pelo preço. 

E quem leiloa preço, não quer enxergar os diferenciais. 

No seguro, principalmente de automóvel, é comum ver clientes leiloando. Creio que é uma das práticas mais nocivas do mercado, tanto para clientes quanto para corretores. 

Se a empresa é ética, o leilão não vai colar, ela tem uma margem definida como mínima e sabe que não deve ser mais cara, apenas estar posicionada com preço que justifique seu trabalho e sua estrutura. 

Comprar seguro olhando só o valor da última linha é talvez uma das atitudes mais levianas, ou ingênuas que eu conheço. 

E quase como escolher um paraquedas ou um capacete pelo preço. 

As vezes "a bala de prata" que te salvaria, está no diferencial que você não quis pagar.

Não leiloe sua tranquilidade!