O MAR É SALGADO

O MAR É SALGADO

Por José Carlos Castro Sanches

Site: www.falasanches.com

FONTE DA IMAGEM: ARQUIVO PESSOAL

“O Mar é salgado, mas adoça a alma!” (Ieda de Paula)

Nesta data é comemorado o Dia do Músico, todavia quem reinou foi a poesia. Na solenidade de posse de Salgado Maranhão na Academia Maranhense de Letras – AML, em 22 de novembro de 2024, diante de um auditório lotado e algumas personalidades que marcam a história brasileira, tais como, o ex-presidente José Sarney, o Ministro Flávio Dino, o presidente da AML Lourival Serejo, demais acadêmicos, autoridades e convidados. O cenário estava preparado e tudo estava pronto para o belo espetáculo literário, esmerado na simplicidade.

Salgado Maranhão, a partir de então ocupará a cadeira No 07, outrora ocupada por Antonio Carlos Gomes Lima,  patroneada por Gentil Homem de Almeida Braga, escritores devotados à causa literária e motivo de orgulho para os maranhenses. Era dia de festa na AML, em reconhecimento ao laborioso trabalho e devoção à literatura, à música e especialmente à poesia, que naturalmente flui nas conversas e encontros com o novo membro da Casa de Antonio Lobo.

Há algum tempo percebo que a academia por vezes tropeça nas escolhas dos seus membros, entrega-se às provações do poder político, jurídico e outras afinidades dúbias no que concerne ao seu verdadeiro objetivo – preservar a literatura, aditando aos acadêmicos pessoas com destacada atuação literária, motivo do prestígio que se avigora desde a sua criação. Esqueçamos portanto, os deslizes a apeguemo-nos ao momento presente. Como disse Henry Ford: “O passado serve para evidenciar as nossas falhas e dar-nos indicações para o progresso do futuro.” E Belchior: “ O passado é uma roupa que não nos cabe mais.”

Da mesma forma que abomino as práticas que diferem do padrão pré-estabelecido, sou um crédulo admirador e reconheço as virtudes daqueles que por merecimento ocupam lugar de destaque nesta prestigiada arcádia – aqui me refiro ao acadêmico Salgado Maranhão.

No seu discurso de apresentação desde as primeiras linhas a poesia destilava com a seiva de mel das colmeias, singrava na pureza d’alma nos versos entrelaçados de emoção; na história da família, da sua mãe: eterna dama inspiradora, do pai, do torrão Natal, das adversidades, desafios de um negro para prosperar em um país eivado de preconceitos.

Nada disso foi motivo para impedir que o garoto decido a desenhar uma nova história prosperasse – partindo do povoado de Cana Brava das Moças, na cidade de Caxias, interior do Maranhão, ganhou a estrada rumo a Teresina, Rio de Janeiro, São Luís e além-mares. Soube usar o seu talento para encantar – criou estilo – avantajou-se por largas perífrases, metamorfoseou ideias, fez da metanoia o seu hábito.

Foi então que a poesia retida nas entranhas do pequeno ser, enclausurada na terra herdeira desabrochou e tomou ares sobre ventos indômitos; o canto dos passarinhos passou a ter outra melodia aos ouvidos de quem os escutava; a batida do tambor africano soava como canção de ninar; o alimento escasso tomava fôlego nas cercanias do virtuoso – que outrora – era um pobre menino, sem lenço sem documento, mas criado e educado com muito amor sob princípios e valores, éticos, morais e espirituais que maneiam a sua índole desde a meninice.

As palavras de Félix Alberto Lima ao receber o ilustre escritor naquela noite magnética – ora de saudosismo e dor contida pela partida de Antonio Carlos Gomes Lima,  que no passar lépido pela Ilha do Amor – deixou histórias e muitas saudades. Seguiu delineando os caminhos percorridos pelo sucessor do seu irmão, numa atmosfera de empatia, sensibilidade e amor recíproco – agora vestiam-se de pelerines iguais, juntavam as mãos e as bandeiras para a partir de então carregarem juntos a prosa e a poesia, motivos de comunhão no cobiçado sodalício maranhense. Salgado Maranhão, nasceu para ser grande como o mar. O Dono do Mar, é Salgado!

Por fim, se não existisse algo interior e profundo que nos unisse senão as virtudes de poeta, talvez a academia deixasse de ter o seu valor como instrumento de continuidade e propagação da literatura. Agora com a visão alinhada aos preceitos e a retomada para os caminhos da poesia – vislumbra-se a meu ver um novo horizonte na Academia Maranhense de Letras.

Eu tiro o chapéu para o amigo escritor e poeta Salgado Maranhão e desejo-lhe pleno sucesso na jornada literária – que os propósitos e a missão pela qual Deus concedeu a sua passagem por este planeta -  em tempo determinado e iluminado por Ele, seja para abençoar e engradecer as suas virtudes e realizações. Contrariando a máxima de Pitágoras - a imortalidade não se faz apenas por desejos – ela é fruto de trabalho árduo, competência, seriedade e sabedoria daqueles que sabem valorizar a vida e dar sentido aos seus sonhos.

Enquanto a solenidade seguia intensa e atrativa, especialmente pelas palavras que brotavam como ervas aromáticas, espalhando as ramas pelo chão e o cheiro de poesia se confundia com a maresia...  nos integrávamos em inefável sintonia que contagiava o ambiente como uma bela sinfonia com variados acordes poéticos. Naturalmente que a música “Caminhos de Sol” de Zizi Possi, não ocorreu por acaso era um presente em duplicata para o autor da letra Salgado Maranhão e para o público presente, extasiado com a canção muito bem executada pela dupla de jovens: uma cantora e um sanfoneiro – que abrilhantaram a festa literária com a breve performance musical.

Espero estar em futuro próximo com vocês – nesta briosa academia – berço de notáveis intelectuais, fonte de inspiração e sabedoria, nela estão a seiva, o néctar e o mel. Dela nunca extrairemos o fel, se fizermos das palavras e das ações instrumentos de propagação do amor, da paz, da amizade e da solidariedade. Deus seja louvado!

“Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.”

(Fernando Pessoa)

São Luís, 23 de novembro de 2024.

José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes, da Academia Vianense de Letras e da Academia de Ciências Letras e Artes de Presidente Vargas. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade. 

FONTE DA IMAGEM: ARQUIVO PESSOAL

Autor dos livros. Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na Mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Poesia. Participa de diversas antologias brasileiras.

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS23.11.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra. 

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