O Mercado de Adquirência está perto do fim?

O Mercado de Adquirência está perto do fim?

Adquirência é a indústria que viabiliza aos estabelecimentos comerciais o recebimento de transações com cartão, que basicamente tem no seu core as Bandeiras, emissores e Credenciadores.

Esta é indústria complexa e cara, considerada por Edson Santos e Luis Cavalcanti, autores do livro Payments 4.0, como uma “máquina de Goldberg”. Goldberg foi um inventor norte-americano que desenhava máquinas extremamente complexas com vários equipamentos interligados para executar tarefas extremamente simples. Isto é o que ocorre com uma transação de cartão, que geralmente é realizada em 1 segundo, porem envolve muitas empresas e serviços interligados para que a transação ocorra.

Então como uma indústria assim poderá competir, em tempos onde surgem soluções de pagamentos mais simples como Pagamentos Instantâneo (Pix) e Digital Wallets? - Em um primeiro olhar parece óbvio que esta indústria esta perto do fim. Já há alguns anos também ouço dizer que China já aboliu as maquininhas e que o Brasil deverá seguir o mesmo caminho. Será?

Em primeiro lugar não podemos comparar o mercado de Adquirência da China com o Brasil. A China não aderiu da mesma forma ao mercado de Cartões, partindo quase que diretamente do pagamento com dinheiro para o pagamento eletrônico via QR Code, abolindo a aceitação de cartões plásticos e dinheiro, recebendo exclusivamente pagamento por QRCode através aplicativos difundidos localmente no pais. Já o Brasil teve uma adesão ao mercado de cartões impulsionada nos anos 2000, pelo desenvolvimento econômico e social (estabilidade, maior bancarização e melhor distribuição de renda apoiando o aumento de consumo), juntamente com ações dos participantes do sistema de pagamentos eletrônicos (forte investimento para expansão da rede de aceitação, ampliação da base de portadores, sistemas anti-fraude, forte investimentos desenvolvimento tecnológico), atualmente o Brasil tem um dos parques de maquinas mais avançado e seguro do mundo, graças a adoção da autenticação Chip & Pin (com senha, ao invés de assinatura). Esta série de fatores ajudaram a consolidar a cultura do uso do cartão no Brasil. Esta cultura se baseou no hábito do portador sair de casa apenas com o seu cartão, forçando os estabelecimentos a cada vez mais aceitar cartões, criando assim um ciclo virtuoso para os cartões.

Um segundo fator que precisamos levar em consideração para avaliar se esta indústria está perto do fim é o tamanho deste mercado. Segundo dados da ABECS, os brasileiros realizaram 13,6 trilhões de transações com cartão no primeiro semestre de 2021, movimentando o valor de R$ 1,2 trilhão. Ao todo, o valor transacionado foi 33,2% maior que no mesmo período do último ano. Ou seja, mesmo com o pais em crise, com alta taxa de desemprego e concorrendo neste primeiro semestre com o Pix, o volume transacionado com cartões ainda mantem um crescimento robusto e expressivo. Este crescimento vem atraindo cada vez mais concorrentes neste mercado, que inicialmente se concentrava em apenas dois Adquirentes e a partir da abertura de mercado em 2010 expandiu e hoje já passam de 25 Adquirentes e mais de 200 Sub-Adquirentes.

Respondendo à pergunta inicial, ainda que seja muito arriscado realizar qualquer previsão de médio e longo prazo, devido a estarmos vivendo um mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear and Incomprehensible — Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível) termo cunhado por Jamais Cascio em 2020, diante do colapso mundial causado pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Acreditamos fortemente que o mercado da Adquirência ainda terá uma jornada considerável pela frente, desde que observe os seguintes fatores: 1) Necessidade de melhorar a experiência agregando novas formas de pagamentos nas maquininhas; 2) Impulsionar soluções para pagamentos invisíveis;  3) Considerar em suas soluções as iniciativas de Pagamentos Instantâneos, Open Banking e Moedas Digitais; e 4) Observar as iniciativas de Fintechs (Startups de finanças) e TechFins (empresas com grande base de clientes de serviços não financeiros, caracterizadas por sua capacidade de alavancar os dados coletados no seu negócio principal para uso em serviços financeiros. Ex. Google), para realizar ajustes de rota quando necessário.

Alexandre Melo

Software Architect | Software Engineer | Systems Analyst | Full Stack Developer | Oracle Developer | Node.js | Ruby on Rails | Java | SpringBoot | Quarkus

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Grande Vellar, muito bom texto trazendo uma leitura agradável e informativa. Ao mesmo tempo que nos leva a reflexão sobre o assunto!!! Parabéns meu amigo!

Elenilton Souza

Gerente de Produtos de Crédito para Pessoas Jurídicas na Sicredi

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Paraben Vini, excelente reflexao…

Luis Alberto Alves

Especialista de Produtos de Adquirência | Meios de Pagamento | Product Management | Design | Discovery | Rentabilidade e Eficiência financeira de produtos | Advogado

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Excelente reflexão!

João Pedro Rodrigues

Especialista de Riscos no Grupo Boticário | Governança, Riscos e Compliance.

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Belo texto meu caro! Obrigado por compartilhar.

Cidmar Luis Stoffel

Sócio Fundador da Agro4U e da Reta Intermediação e Consultoria - Conecto pessoas, produtos e serviços

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Belíssima reflexão!! Abraços meu amigo!!

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