A competitividade do Brasil [no World Competitiveness Ranking]
Todo ano vemos nesta época a notícia sobre o Ranking de Competitividade Mundial dos países. Divulgado anualmente no mês de junho, os dados exploram múltiplos fatores que afetam a prosperidade de mais de 60 economias.
O Anuário de Competitividade Mundial do IMD (uma escola de negócios da Suíça, baseada em Lausanne) tem sido publicado desde 1989, e se tornou um relatório anual abrangente e um ponto de referência mundial sobre a competitividade dos países. Ele fornece comparações e tendências, bem como estatísticas e dados de pesquisas extensas. Analisa e classifica os países de acordo com a forma como gerem as suas competências para alcançar a criação de valor a longo prazo.
Ele baseia-se em uma quantidade abrangente de critérios de competitividade selecionados como resultado de uma pesquisa e utilizando literatura econômica, fontes internacionais, nacionais e regionais, e retorno da comunidade empresarial, agências governamentais e acadêmicos.
A competitividade de uma economia não pode ser reduzida apenas ao PIB e à produtividade porque as empresas também têm de lidar com dimensões políticas, sociais e culturais. Os governos precisam, portanto, proporcionar um ambiente caracterizado por infraestruturas, instituições e políticas [econômicas] eficientes que incentivem a criação de valor sustentável pelas empresas.
O Ranking Mundial de Competitividade do IMD enfatiza uma tendência de longo prazo destacada em edições anteriores – que cada país no topo da lista tenha uma abordagem única para se tornar competitivo. Singapura é a economia mais competitiva entre 67 nas oito principais regiões do mundo, em 2024.
A Suíça ficou em segundo e a Dinamarca em terceiro, enquanto Nigéria, Gana e Porto Rico fizeram sua estreia. O WCR fornece a estas economias “um acoplamento oportuno de indicadores de desempenho como uma ferramenta única adaptada às suas necessidades e desafios específicos”, disse Arturo Bris, Diretor do Centro Mundial de Competitividade do IMD, que produz a classificação anual. “Serve de referência para estes países medirem o seu progresso e identificarem áreas de melhoria, oferecendo um caminho claro para o seu desenvolvimento económico, mas também apoiando objetivos globais como os ODS.”
Anteriormente, ele expressou seu comentário como segue: “A competitividade determina a forma como os países, regiões e empresas gerem as suas competências para alcançar o crescimento a longo prazo, gerar empregos e aumentar o bem-estar. A competitividade é, portanto, um caminho para o progresso que não resulta em vencedores e perdedores. Quando dois países competem, ambos estão em melhor situação.”
Na apresentação resumida do ranking há uma indicação inicial de que se analisa e classifica a capacidade dos países de criarem e manterem um ambiente que sustente a competitividade dos empreendimentos; mas há também uma indicação de que se assume que a criação de riqueza ocorre principalmente no nível de uma empresa [a partir de uma empresa] (seja privada ou estatal). No entanto, as empresas operam num ambiente nacional [de um país] o que aumenta ou reduz sua capacidade de competir nacional ou internacionalmente.
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Toda essa leitura desses rankings em detalhes nos leva a algumas considerações. É certo que eficiência governamental e de infraestrutura estão de certa forma em poder do governo central de cada país, e em parte o desempenho econômico do país também está em poder do governo central. Também está claro que é necessário aos países criarem e manterem um ambiente que sustente a competitividade dos empreendimentos.
Mas é bom notar que o próprio grupo de catedráticos que conduzem o estudo assume que a [real] criação de riqueza ocorre principalmente no nível de uma empresa [a partir de uma empresa - seja privada ou estatal. E nesse momento precisamos voltar nossa atenção para o real desempenho econômico e eficiência empresarial no nível de cada empresa.
Nesta circunstância vem a pergunta: como cada empreendedor, empresário, executivo estão e tem medido o desempenho econômico e a eficiência empresarial de sua empresa? Como estão os resultados e o fluxo de caixa? Como está a posição patrimonial e financeira, entre ativos correntes, não correntes, passivos correntes, não correntes, e assim sucessivamente?
O Ranking também enfatiza uma tendência de longo prazo – de que cada país no topo da lista tenha uma abordagem única para se tornar competitivo. Não há dúvidas de que a composição desses países também tem empresas com essa abordagem, com foco claro e direcionado a se tornarem competitivas.
Talvez o Brasil não esteja bem nesse ranking; mesmo assim o Brasil propicia a cada dia oportunidades infinitas de geração de riqueza por meio das empresas. Certamente com foco e determinação, e buscando uma abordagem única e diferenciada, cada empresa brasileira no seu dia a dia poderá se destacar e compor positivamente a geração de riqueza do país.
Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em novembro de 2023 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.