O Nosso Adolescente.
Não conhece a realidade quem acredita que nenhum adolescente quer trabalhar, que estão nem ai para o mundo, para tudo.
A nossa forma de ver a realidade deles é que é diferente.
Sonhamos, idealizamos o adolescente obediente, que não questiona, que aceita o sistema educacional como é: sem mudanças, apesar de tanta tecnologia que poderia ser usada a favor de momentos mais dinâmicos e interativos. Sonhamos com o adolescente que vai ficar horas sentado enquanto um professor passa inúmeras matérias em uma lousa verde, não mais quadro negro (quanta mudança), enquanto sabe que poderia aprender em um clique tudo o que tem que copiar a mão, exaustivamente, e sonhamos, em vão, porque não fomentamos mudanças.
Muitos adolescentes estudam e trabalham, apesar de muitos falarem: na minha época, quando adolescente podia trabalhar, (a lei da aprendizagem é para faixa etária a partir dos 14 anos, não é?). Trabalho com adolescentes que estudam de manhã, trabalham a tarde e fazem cursinho a noite. Trabalho com adolescentes que trabalham durante o dia e já estão na faculdade (psicologia, administração, direito e engenharias são os cursos mais desejados, um por vocação, outros por ambição, rs). Quanto mais difícil é a situação de alguns, mais fácil encontrar os grandes sonhos, os que irão em busca de mudanças.
Então de onde vem esse "ranço", a fala, a crença de que adolescentes querem nada com nada?
Talvez de nossos preconceitos, ideias de manadas, ou da nossa condição social. Nem sempre conseguimos ver além do horizonte.
Quantas vezes você parou para falar sobre sonhos, projetos de vida com um adolescente? Se responder nunca, você fala o que todos falam, e conhece o que a maioria conhece, e essa pode não ser a verdade do outro.