O papel do conselheiro nas finanças corporativas

Nossa maior demanda de consultoria se inicia com uma grande dor do mercado: A necessidade de processos e indicadores, porém, essa geralmente é a solução para o problema que nos é passado.

Os problemas geralmente, estão associados às seguintes frases :

- A empresa não anda sozinha; se alguém faltar ou não vier, as coisas travam.

- As coisas aqui na empresa saem por osmose; de alguma forma, saem, mas ninguém sabe como.

- Minha empresa está uma zona; eu não sei o que as pessoas fazem, mas sempre que se demanda algo a elas, dizem que não têm tempo para fazer.

- Eu não sei qual é a nossa capacidade e toda vez que desejo aumentar a capacidade para atender a uma nova demanda, me pedem mais colaboradores.

Essas quatro afirmações são resolvidas de modo geral com a mesma solução: o estabelecimento de processos bem definidos de como fazer cada atividade e indicadores que possam monitorar a evolução deste setor ou da empresa como um todo.

Como mencionei anteriormente, essa é a nossa maior demanda inicial, mas quando entramos dentro da empresa após alguns meses, já conhecemos os nomes, os clientes, os fornecedores e os jeitinhos de fazer cada coisa, ou de não fazer cada coisa. Em outras palavras, nós entendemos qual é o jeito certo e qual é o jeito rápido, que não necessariamente é o certo.

É chegado então o momento de discutir junto à diretoria ganhos de eficiência, pois agora temos indicadores e sabemos que não estamos tão bem quanto gostaríamos. Logo, precisamos reduzir custos e aumentar a nossa produtividade para conseguirmos fazer mais com a mesma quantidade ou até mesmo com menos gente ou equipamentos.

Nesse momento, um documento que geralmente solicitamos para análise do momento atual da empresa, nos baseando primeiramente no passado, é um documento chamado de Demonstrativo de Resultado do Exercício (D.R.E.). Este documento é responsável por mostrar a saúde da empresa em relação ao passado. Em outras palavras, olhamos pelo retrovisor como tem sido até aqui o nosso faturamento, os principais custos e despesas, os investimentos e o lucro líquido, para então olharmos oportunidades de redução.

O problema aqui é que, quando nos deparamos com o D.R.E., o mesmo foi construído por uma contabilidade terceirizada, que muitas vezes fez o preenchimento de um documento apenas como declaração contábil, mas que dificilmente servirá, com o nível de detalhe necessário para tomarmos as devidas ações.

O papel do conselho consultivo não é apenas olhar para o futuro em relação ao planejamento estratégico, mas também olhar questões financeiras no que diz respeito ao passado, presente e futuro.

• O passado é visto através do D.R.E., onde temos informações suficientes para realizar uma análise horizontal no decorrer de períodos iguais e sabermos quais são os custos principais e onde estão as demais oportunidades de melhoria.
• O presente é visto através do fluxo de caixa, que mostra o quão saudável estamos ou ainda quanto de dinheiro precisamos para podermos honrar algum compromisso ou até mesmo nacionalizar produtos que estão aguardando algum desembaraço em porto, por exemplo.
• O futuro é olhar para o que temos como meta de longo prazo e todas as questões financeiras que possam impactar nesse objetivo, seja captação de recursos de terceiros, amortização de dívida, tomada de decisão quanto à distribuição de dividendos, entre outras decisões a serem discutidas para apoiar a empresa a chegar em um lugar mais longe.

O que posso dizer aqui é que cuidar das Finanças corporativas é fundamental, mas não significa que deve ser competência do Conselho executar essa tarefa no nível de detalhe operacional, mas sim servir como um grande norteador e apoiador nas tomadas de decisão, baseando-se em dados e fatos.

Como está a saúde financeira da sua empresa?

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