O PESO DA LIDERANÇA NÃO É PARA TODOS

O PESO DA LIDERANÇA NÃO É PARA TODOS

É inacreditável como sabemos pouco do jogo que jogamos a vida toda.

É com essa frase, de Mickey Mantle, que o filme O Homem que Virou o Jogo começa.

Confesso que me empolguei com algumas cenas e que até bati palmas e sorri diante delas em perceber como muitos lideres agem ainda de forma inadequada.

Billy – Manager de um time de beisebol – um dia teve uma epifania e considerou que a forma como estavam atuando não era adequada. Com orçamento apertado do clube, ele tenta reinventar o time superando os clubes de bola mais ricos. Contratou Peter para ajudá-lo nessa nova empreitada.

Peter – foi o assistente contratado para fazer estatística dos resultados, do rendimento de cada jogador nas diversas posições. Peter era formado em Economia pela Yale, estava convicto de que suas análises contribuiriam para mudar o jogo. Avaliava os dirigentes como injustos e incompetentes em suas gestão por só basearem as contratações em qualidades físicas, sociais e comportamentais. Veneravam as “estrelas” que nem sempre geravam resultados.

Art – treinador que não obedecia as ordens das mudanças propostas pelo Manager.

Com base em fatos reais, o filme - O Homem que Virou o Jogo, de 2011, me fez reviver algumas cenas também reais vividas na minha experiência como executiva em empresa de grande porte.

Revivi também, cenas reais de alguns executivos(as) dos quais atendo em processos de mentoria. Cenas essas que a vida corporativa nos mostra diariamente.

Já havia assistido alguns anos atrás esse filme. 

Porém, como estamos sempre adquirindo novos aprendizados, passamos a enxergar as coisas num processo de novas descobertas. Essa é a beleza da evolução do conhecimento.

Assim, toda vez que revemos um filme ou relemos um livro, extraímos novos aprendizados ou reforçamos algo que por ventura tenhamos deixado de praticar.

Quero falar deste filme com base na liderança corporativa. Não vou entrar no mérito da análise crítica do filme. Não sou crítica de cinema.

As mensagens que este filme trás

É sobre a importância da reflexão diária das nossas atitudes e da importância de “pensar fora da caixa”.

Do saber que se continuamos a fazer as coisas do jeito que sempre fizemos, teremos sempre os mesmos resultados.

E que, em alguns momentos, esses resultados podem até estar sendo positivos, mas nada garante que continuará sendo. Tudo muda rapidamente. 

Muitos profissionais buscam resultados imediatos tanto na carreira quanto nos projetos que estão desenvolvendo. Querendo mostrar resultados, na maioria das vezes, se mantém na ilusória “zona de conforto”, presos ao “status quo”. Não aceitam mudanças e solapam ideias inovadoras, inclusive, trazidas pela equipe.

Como o filme nos mostra, a diretoria era composta por profissionais tradicionais e resistentes às mudanças. 

Billy, o manager, diante de uma situação financeira ruim do clube, teve que se reinventar e buscar uma forma diferente de atuar. Buscou reerguer talentos, treinar jogadores, dentre aqueles que as estatísticas apresentadas pelo analista Peter mostravam quem poderia ter bons desempenhos. Essa atitude do Billy foi muito criticada pela Diretoria e pela imprensa externa.

Na vida e no mundo corporativo, também é assim. Quem sai na frente, quem lidera processos de mudanças, quem inova, paga um preço alto. 

É preciso ter muita convicção de que, as mudanças que estão sendo propostas trarão resultados a médio prazo – toda mudança tem um tempo de maturação - uma Curva de Aprendizado.

E quando se acredita naquilo que está sendo proposto, aguenta-se firme as críticas que recebe nos primeiros momentos.

Eu propus e liderei alguns processos de mudança quando atuava no mundo corporativo e sei bem a importância em se ter a convicção de que as mudanças trarão os resultados esperados. Tendo essa convicção, fica mais fácil não desistir diante de tanta pressão e crítica. 

Esse é um dos cases que eu conto no meu livro: COMO ESTAR ENTRE OS MELHORES – Sucessos e Crises de Uma Vida Profissional.

Billy – o Manager - para conseguir seus objetivos, mantinha diálogos francos com a equipe.

Usava palavras de incentivo e credibilidade com relação aos resultados que esperava de cada um. 

Esse é o poder da comunicação que precisa acontecer nas empresas. 

Rapidez nas decisõesagilidade na comunicação para não deixar espaço aberto para fofocas e comentários que poluem o ambiente de trabalho.

Quando cada profissional tem clareza sobre seu desempenho, nunca será surpreendido na hora que o gerente toma determinadas atitudes.

franqueza, o diálogo aberto, com evidências apresentadas, direto ao ponto central do problema, de forma educada, proporciona crescimento tanto para os profissionais como para o gestor.

Para que essa forma de comunicação aconteça, é necessário que o líder mantenha um cuidadoso e pequeno distanciamento dos integrantes da equipe.

Isentando-se de criar fortes laços pessoais poderá, mais facilmente, cobrar resultados, mudar posições, fazer avaliações com base nas metas estabelecidas e já acordadas , sem sentimentalismos em função de amizades. O filme evidencia muito bem esse lado quando o manager se isentava de viajar com a equipe de jogadores.

Um líder, quando precisa obter alguma informação e faz a pergunta correta, não aceita respostas vagas e desvirtuadas daquilo que precisa saber. Se isso acontecer, deve refazer a pergunta até conseguir respostas concretas e objetivas. Para isso, a prática da escuta ativa é fundamental.

Billy sabia como tratar um jogador “Estrela”. Com conversas francas do tipo – “se você é um líder, tem deveres com a equipe”. Ajude-os, incentive-os - não permitindo assim que o estrelismo lhes subisse à cabeça.

Billy mostrou sua verdadeira liderança ao chamar a equipe de volta à realidade quando perderam o jogo e demonstraram não estarem se importando com o resultado. 

Essa forma de atuar, chamando determinados profissionais à realidade pelo não comprometimento com prazos de entregas já acordados anteriormente é o que eu mais vejo que NÃO acontece nas empresas. É a falsa ilusão de que ser gestor bonzinho e compreensivo, será bem visto pela equipe.

Outro episódio que este filme apresenta e que pode ser correlacionado com a vida corporativa diz respeito a manutenção do emprego e da posição de trabalho.

Você pode ter apresentado resultados excepcionais por muito tempo, mas ao cometer alguma falha importante, seu passado de glória é rapidamente esquecido.

Ou mesmo, quando surgem crises financeiras, fusões, trocas de diretoria, as perdas de posições podem ser inevitáveis.

Ninguém pode achar que que está seguro na posição que está, na empresa que está. 

Em função disso, o autodesenvolvimento e o autoconhecimento devem ser permanentes, assim como a clareza de objetivos, de um trabalho com significado.

Se você é um gestor ou está se preparando para assumir essa posição, saiba que:

Nem todo mundo pode ser GANDHI, mas se você é chefe, pode estar certo que tem pelo menos um dado em comum com ele: pagará um preço por ser autoridade.

“solidão do comando vem no pacote”.

Assista o filme na Netflix, faça sua análise e compartilhe conosco suas impressões.


Lourdes Rosalem

Mentora para Desenvolvimento na Carreira

Autora dos livros: 

Como Estar entre os Melhores – Sucessos e Crises de uma Vida Profissional

Mulher Executiva – 21 Erros a Serem Evitados para Alcançar o Sucesso Profissional

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