O pilar da Governança na Sustentabilidade
Quando se fala em sustentabilidade, os pilares ambiental e social são mais amplamente debatidos do que o pilar da governança. Este, entretanto, é fundamental para a viabilização das ações nas esferas social e ambiental, e garantirá a perenidade da estratégia de sustentabilidade adotada pela empresa.
Até o final do século passado a atratividade da empresa era medida pelo lucro, retorno sobre investimento e valor para o acionista. Buscava-se um método pragmático e eficaz para a medição da sustentabilidade e de sua agregação de valor ao negócio. Em 1994, John Elkington concebeu o Triple Bottom Line baseado em 3 Ps: Planet, People, Profit. Nessa ótica, o valor da empresa deveria ser mensurado não apenas pelos seus lucros, mas também pelo impacto de suas atividades nas dimensões meio-ambiente e sociedade. Esse conceito também refletia o entendimento de que o desenvolvimento sustentável envolvia três dimensões fundamentais, inter-relacionadas e complementares: econômica, social e ambiental, que passaram a representar as dimensões da sustentabilidade.
Os critérios de avaliação da dimensão econômica do Triple Bottom Line, entretanto, estavam voltados às finanças organizacionais, e consideravam aspectos do planejamento financeiro e as decisões de investimento e financiamento.
Com o aumento da regulamentação, a necessidade de maior transparência e rastreabilidade, maior expectativa de shareholders e clientes, em 2005 foi cunhada a sigla ESG, que trouxe o pilar da governança em substituição à dimensão econômica, reconhecendo a importância da responsabilidade na gestão financeira e do comprometimento com demonstrações de resultados. O conceito de ESG trouxe em seu bojo um conjunto de princípios que buscam uma atuação voltada não apenas ao controle dos impactos do negócio, mas também à promoção da preservação ambiental e do desenvolvimento social.
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Os critérios relacionados ao grau de governança do ESG vão além da avaliação da estrutura de governança corporativa, sistema que assegura que a empresa seja gerenciada no interesse de seus stakeholders; eles incluem também a adoção de códigos de conduta, o gerenciamento de riscos e de crises, a busca da integração dos conceitos ESG na cadeia de suprimentos, a habilidade da organização na identificação e gerenciamento de tópicos relevantes que gerem riscos potenciais para os negócios (materialidades), a adoção de métricas de acompanhamento destes e a divulgação de relatórios transparentes.
Governança, portanto, tem suas raízes na estratégia corporativa, que reflete a cultura da empresa; consolida-se pela estrutura, que deve garantir isonomia de tratamento nas diversas camadas da organização, incentivando a adoção de todas as políticas; e é viabilizada por ferramentas, como códigos de conduta, procedimentos, métricas e relatórios, que buscam a transparência na administração de modo a resguardar os interesses de todos os interessados.
A adoção de práticas de governança garante a efetiva implementação das ações planejadas e age em defesa dos interesses dos envolvidos, evitando desvios éticos como corrupção, suborno, fraudes e mau uso de recursos; coibindo a formação de cartéis e garantindo a integridade na formação dos preços; viabilizando e dando sustentação às práticas de sustentabilidade nas dimensões social e ambiental no longo prazo.
Conselho Consultivo | Gestão Industrial
3 aÓtimo texto, Ivani! Mais que oportuno o histórico da dimensão ESG. Parabéns!