O Poder das Palavras
Sim, as palavras possuem o poder de destruir ou construir um ser humano, em todos os seus aspectos. Quando inteligentes e esclarecedoras, elas podem mudar o mundo. As palavras podem fazer você enxergar o mundo com muito mais oportunidades e mudar sua vida.
Você conhece esse caminho de vida: “Estude na escola e obtenha as melhores notas para entrar numa faculdade. Estude na faculdade e obtenha as melhores notas para conseguir um emprego seguro. Estude no seu trabalho e obtenha as melhores notas (avaliações) para conseguir ser promovido e garantir uma boa aposentadoria.”
Essa é a visão de trabalho e vida de muitas pessoas, que imaginam atingir seus sonhos. Ler era uma tarefa apenas de quem tinha tempo livre para isso. Era muito arriscado sob o olhar de uma família de classe média, parecia coisa de malandro, que desejava se aproveitar dos outros.
Porém, a sensação na realidade era de um hamster numa roda, correndo o máximo que podia sem sair do lugar. Na faculdade, ninguém estudava para aprender, mas sim para passar nas provas e obter uma boa nota. No trabalho, as pessoas são recompensadas pelo tempo de trabalho e não pela qualidade desse trabalho. Estava na hora de dar um basta nisso.
Como estudante, desde o primário, tive a sorte de ter um pai muito culto e professor de literatura portuguesa e francesa. Ele sempre gostou de morar perto da natureza e vivíamos num sítio perto da comarca onde meu pai era Juiz de Direito. Nós brincávamos, tínhamos uma infância feliz. Porém, a cada hora um era chamado para tomar um banho rápido e entrar no templo de meu pai. Aquilo era uma honra para todos os filhos. A biblioteca estava sempre impecavelmente limpa. Os livros nas prateleiras nos hipnotizavam. Ele nos deixava sentar em sua cadeira de couro de espaldar alto. Começávamos com Monteiro Lobato. À noite era o momento família. Após o jantar íamos conversar na grande varanda sobre o que cada um havia lido naquele dia. Isso criou em todos nós o hábito salutar da leitura. Começamos a conhecer o poder da palavra.
Até que…
Na véspera do início das aulas da quarta série do primário, soubemos da morte de meu pai. Ele já estava doente, mas nós éramos muito crianças para perceber. Um dia ele viajou para São Paulo. Ia se tratar e não voltou mais. Daí comecei a escrever as minhas palavras. Tristes, no início. Depois de algum tempo estava fazendo esquetes para serem apresentadas nos festivais escolares de final do ano em minha cidade.
Entretanto, perder meu pai aos dez anos de idade foi uma das experiências que mais me impulsionou a entender o que gostaria de fazer no futuro
Eu reconheci que tempo é nosso bem mais precioso. E quando você percebe que, em questões de segundos, uma morte pode mudar completamente sua vida, você passa a dar valor para o que realmente importa.
Após esse dia, eu estava decidida a sempre entregar o meu melhor, sem desculpas, sem enrolações. Essa filosofia de vida estava valendo para minha recuperação, para o que gostava de estudar, para a minha saúde e minha família.
Eu passei a me apoiar nas sábias palavras inteligentes dos mestres, nos ombros de gigantes, que me ensinariam grande parte do que sei hoje sobre ler e escrever, buscando minha independência e liberdade para trabalhar onde, como e quando eu quiser.
Por esse motivo, eu sou grata pelo caminho que tive de passar para chegar nesse estágio atual e nada me motiva mais do que mostrar a pessoas como você que, quando se soma conhecimento e energia, nada pode separar você de seus sonhos.
Do meu sonho vieram os meus livros. O quinto deles é e PARIS Vermelha e o seguinte Simbiose.
Nunca duvide do poder das palavras.