O profissional multifacetado

Grosseiramente, multifacetado é entendido como aquilo que formado por múltiplas faces, que possui muitos lados, muitas faces. Mas, também é entendido como aquilo que possui múltiplas aparências, características e/ou atributos. Quando trazemos para o lado profissional, estamos falando daquele profissional que possui múltiplos conhecimentos.

É importante distanciar o conceito de multifacetas do conceito de multifunção, que não é o objetivo deste artigo.

A formação da nossa face principal (a mais visível), muitas vezes iniciar na infância ou adolescência. Herança de profissões, anseio por uma das profissões da tríade do status social (medicina, direito e engenharia) e assim por diante. Aqueles que possuem mais condições financeiras são encorajados a aquisição de múltiplos conhecimentos (inglês, informática, esportes) e quanto uma grande maioria é jogada de peito em alguma profissão por mera necessidade de "ser alguém" na vida.

Em 1983, Howard Gardner apresentou o conceito de múltiplas inteligências e esse é o ponto focal dessa postagem. Para Gardner, ser inteligente ia além dos números e leitura, destacando 9 tipos de inteligência que, para ele, todo indivíduo possui, porém, em diferentes níveis de aptidão.

É importante falar que quando falamos de múltiplas inteligências, também não estamos falando de múltiplas habilidades, mas sim de múltiplas capacidades. Portanto, uma pessoa que possui a inteligência espaço-visual (espacial) mais proeminente, poderá se aproveitar disso para estudar um outo idioma através de imagens ao invés de livros. Essas inteligências é que determinam ou não o sucesso de uma pessoa em determinada área do conhecimento.

Retomando ao conceito inicial, o meu objetivo com este artigo é destacar o que o fato de uma pessoa ser formada ou exercer determinada profissão, não impede que ela busque outros conhecimentos ou habilidades. Um enfermeiro pode ser um bom fotógrafo nas horas vagas, um arquiteto cientista da computação pode gostar de legislação e política, assim como um engenheiro pode gostar de poemas.

Recentemente li a história de um médico que divide a profissão com a habilidade de escritor, escrevendo livros e roteiros de peças teatrais e de músico, compondo e tocando. Certa vez, me matriculei em um curso em área oposta a da minha formação e recebi críticas de uma pessoa que afirmou que eu estava doido em investir em uma área "nada a ver" com a minha.

Acontece que, me sinto uma pessoa, não muito inteligente, mas capaz de me adaptar a qualquer ambiente por conta do conhecimento que adquiri. Consigo trabalhar num RH, num departamento pessoal ou numa implantação de sistemas. Consigo conversar com um psicólogo, um cientista da computação e um enfermeiro. Consigo estar no WhatsApp, LinkedIn e Instagram.

Pessoas multifacetadas, na minha opinião, serão as "seleções naturais" do mundo moderno, pois, as relações sociais e profissionais já começam a exigir mais isso. Sergio Kappel fala que:

no mundo atual, além de ter que lidar com a multiplicidade de saberes, profissionais têm de se preparar para um momento em que o “trabalho” se distancia de “emprego” – e cada um pode inventar novas formas de trabalhar.

E isso se torna cada vez mais visíveis quando observamos as pessoas migrando de área, inovando na oferta de seus serviços ou empreendendo. Quando aproveitamos o nosso "dom" e trazemos eles para o nosso conhecimento, trazemos criatividade para lidar com nossos desafios.

Portanto, aproveitem as suas múltiplas inteligências para, sobretudo, viver intensamente. Seja vegano, cuida da horta, seja bodybuilder, músico, ator, poeta. Seja também, administrador, fisioterapeuta, economista, arquiteto ou chef de cozinha. Mescle suas inteligências, inove na sua profissão, migre de área ou simplesmente SAIA DA CAIXA.

E se te disserem que o que você está fazendo não tem nada a ver, faça do mesmo jeito. Esse conhecimento vai ser útil nem que seja para uma conversa com alguém ou para entender uma série do Netflix. Apenas seja multifacetado.