O que é política de identidade?
No debate político contemporâneo muito se fala sobre as chamadas políticas de identidade. Logo, surgem diversas questões em torno desse tema muito difundido em diversas frentes. Neste texto, irei abordar quando surgiu e destacar seus limites e possibilidades para pensarmos a política contemporânea.
O que é identidade?
Identidade é muito além daquele documento que todos temos para nos localizar no chamado Registro Geral dos cidadãos brasileiros. Identidade tem a ver com o modo como o sujeito se identifica e com quem ele se identifica.
Exemplos, o que caracteriza a identidade nacional brasileira? É o samba, o futebol, o carnaval? No entanto, o que identifica ser carioca, paulista, baiano, gaúcho? É possível ser brasileiro e carioca ao mesmo tempo? Como ter uma identidade nacional com todas essas diferenças locais e regionais?
Nas palavras do professor Stuart Hall:
a identidade é definida historicamente e não biologicamente. Isto é, “o sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente”.
(A identidade cultural na pós modernidade, 6ª edição, 2011, p. 13)
Explico melhor, todos temos, não apenas uma, mas várias identidades que se cruzam como um nó e nos constitui como sujeitos sociais. Se você for um homem, brasileiro, carioca, negro, flamenguista, por exemplo, a sua identidade é plural e, em momentos específicos, você irá utilizar uma ou várias dessas identidades, de modo intuitivo, quase natural. Por isso, falamos em “posições de identidade” quando analisamos a trajetória de vida de muitos sujeitos na contemporaneidade.
O que é política de identidade?
A noção de política de identidade foi criada nos anos 1970, nos EUA. Um exemplo foi a criação um coletivo de mulheres negras chamado Cambahee River Collective, considerado um dos primeiros grupos a lutar contra as opressões, tendo em perspectiva a ideia de que a posição política mais radical seria aquela baseada nas identidades de membros de grupos sociais marginalizados.
Esse modelo de luta foi se constituindo ao longo dos anos 1970 e 1980. Até hoje temos a presença dessa perspectiva em muitos movimentos e coletivos sociais diversos. A Partir da obra Foucault, feminismo e subjetividade de Margaret McLaren, podemos destacar as justificativas, possibilidades e limites desse modelo de ação política.
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Novos caminhos?
Uma saída para superarmos certas armadilhas dessa lógica política e a interseccionalidade, ou seja, é observarmos como noções de gênero, raça, classe, sexualidade estão conectadas e configuram, formatam a produção dos sujeitos.
Além disso, precisamos ficar atentos para a instrumentalização das identidades como uma estratégia de enfraquecimento e divisão dos próprios movimentos sociais.
Por fim, o objetivo deste foi apresentar uma leitura inicial desse debate e ajudar o leitor e leitora a ter um ponto de partida para entender como essa temática é disputada politicamente. Para quem quiser mais informações sobre essa temática, sugiro os dois vídeos do canal Tese Onze com a Sabrina Fernandes.