O que a cultura japonesa pode ensinar à gestão empresarial brasileira?

O que a cultura japonesa pode ensinar à gestão empresarial brasileira?

Coincidência ou não, semana passada participei de 2 eventos que abordaram como pontos da cultura japonesa estão presentes não apenas em nosso cotidiano, mas também na gestão empresarial.

No primeiro deles, em uma das palestras do Aex Pocket, o gerente geral da Rede Hirota, contou como a rede expandiu sua atuação no mercado tão concorrido do varejo alimentar através de uma gestão familiar e profissionalizada. Para quem não conhece, o Hirota é uma rede de supermercados bem tradicional em São Paulo, fundada por um imigrante japonês há mais de 40 anos. O Hirota se reinventou e trouxe do Japão um conceito novo, chamado "Kombini", que é como uma loja de conveniência que tem quase tudo que você precisa. Desde uma refeição pronta até serviços como venda de ingressos (esse ainda não disponível no Brasil).

O varejo alimentar conta com grandes tubarões no mercado que compraram dezenas de redes menores que não conseguiram manter números sustentáveis frente à concorrência. O Hirota foi na direção oposta. Achou o seu "oceano azul" e está nadando em um mar calmo. Seu plano de expansão é consistente, e seu modelo de negócio não tem concorrentes. Seus valores são familiares e são considerados a chave do sucesso do negócio.Se você é de São Paulo, vale a pena conhecer uma loja Hirota Food Express para entender melhor esse conceito de "Kombini".

O segundo evento foi o workshop que aconteceu sábado sob comando da queridíssima Tatti Maeda, que nos contou um pouco mais sobre sua experiência no Japão e como nossos amigos orientais utilizam alguns conceitos na gestão de empresas que encantam pela simplicidade e eficiência.

Em uma versão bem resumida, esses conceitos seriam assim:

1- Cordialidade - no sentido mais amplo da palavra, que vai muito além de um sorriso no rosto. Neste cado é fazer sempre o melhor, antecipar as necessidades do cliente e fazer o melhor possível para ele;

2- Evitar o desperdício - também muito além de um cesto de coleta seletiva, mas sim repensar toda a cadeia de consumo, desde as embalagens até os produtos finais, para que tenham menos impacto no meio ambiente. Além, é claro, da redução de custos de produção;

3- Técnicas - treinamento. Muito, mas muito mesmo. Quem nunca passou pela situação de começar uma atividade nova sem se sentir seguro o suficiente ou com dúvidas? Pois é, lá eles trabalham para que isso não aconteça.

Trazendo tudo isso para as terras tupiniquins, dá vontade de chorar, né? Como estamos atrasados! Como nos falta cordialidade (todo mundo tem um, talvez vários, relatos de atendimentos desastrados). Como desperdiçamos absolutamente tudo, desde alimentos até embalagens (por quê a pasta de dente vem numa caixinha de papelão que é descartada imediatamente?). Como falta treinamento (não basta usar uma camisa perguntando "Como posso ajudá-lo" sem treinamento efetivo). o que pode gerar péssimas experiências de consumo e falta de motivação aos profissionais.

Há um longo caminho a percorrer para chegar nesse grau de execução de serviços!

Que mais empresas se empenhem em achar seu "oceano azul" de inovação frente a cenários tão competitivos, e que os valores orientais estejam mais presentes na gestão das empresas no Brasil. Temos muito sushi para comer até alcançar nossos vizinhos do outro lado do globo...






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