O QUE EMPREENDER?
Dois temas formam o núcleo duro de qualquer startup: a “Sociedade” e a “Idéia”. A partir da combinação e reação desses dois elementos surge o produto, que é o ponto de entrada da empresa no mercado.
Cada idéia demanda um conjunto específico de pessoas para executá-la bem. Cada conjunto de pessoas tem maior probabilidade de executar determinada idéia. Dividimos essa reflexão em dois posts: esse sobre “o que empreender” e outro sobre “com quem empreender".
Esse post é dividido em duas partes. Começamos abordando os aspectos decisivos para escolher uma idéia para trabalhar e depois trazemos a reflexão se o problema escolhido é relevante o bastante para justificar o tempo do empreendedor trabalhando para resolvê-lo.
As visões que compartilhamos aqui não são fórmulas prontas, mas padrões que observamos ao trabalhar com milhares de empreendedores nos últimos dez anos. Esses padrões nos ensinam boas práticas que podem ser replicadas para que mais empreendedores possam chegar mais longe e mais rápido.
1) COMO ESCOLHER UMA IDÉIA?
É mais fácil fazer uma empresa “difícil” do que uma empresa “fácil”
A “Sociedade” é formada pelo time de fundadores que aporta suas paixões, aptidões e redes para resolver um determinado problema ou perseguir uma visão de como o mundo deveria ser - a “Idéia”. Tão importante quanto escolher os sócios é escolher a idéia. Quanto maior o problema ou mais ambiciosa for a visão de mundo dos fundadores, maior a capacidade da companhia mobilizar pessoas e atrair recursos.
Você certamente já ouviu falar que “uma idéia não vale nada, o que vale é execução”. Nós discordamos desse pensamento! Somos da linha que acredita que “o que vale é a execução de uma boa idéia”: as melhores pessoas tendem a preferir desafios ambiciosos em lugares que reúnem uma porção de gente muito boa. É a idéia por trás do negócio que chama atenção, tensiona e conecta. É melhor tentar fazer uma empresa "difícil" e criar um campo gravitacional de talentos ao redor dela do que fazer uma empresa "fácil" e cair no ostracismo.
É contra intuitivo, mas nossa experiência diz que quanto mais desafiadora a jornada e quanto mais a startup se parecer como uma "missão", "movimento" ou "cruzada", e não como uma empresa, maiores as chances de sucesso. Pense nas melhores empresas que você conhece. Todas elas tem esse ponto em comum, certo?
Quais os problemas mais difíceis no seu campo e por que você ainda não está trabalhando neles?
As boas idéias tipicamente surgem de problemas com os quais os empreendedores se deparam e simplesmente não conseguem parar de pensar sobre. A obsessão em resolver um problema é o gatilho para o começo de qualquer jornada empreendedora. Em outras palavras é a sensação de "eu não posso não fazer " que move o empreendedor no início.
Quanto maior o problema, maior a oportunidade. Sem problema não há solução, produto e empresa por consequência. Por isso acreditamos que todo empreendedor deveria se perguntar: “Quais os problemas mais difíceis no meu campo e por que eu ainda não estou trabalhando neles?”.
Uma ótima forma de elaborar e aprender sobre certo problema é fazer sessões de brainstorming com amigos, colegas de trabalho e especialistas no assunto que você está pesquisando. Essa também é uma ótima forma de atrair co-fundadores! O início é despretensioso, as pessoas começam a participar do processo de entendimento do problema e criação de uma primeira solução e quando percebem estão tão envolvidas que também não podem não fazer aquilo, assim como você. Depois de observar a formação de milhares de sociedades, podemos afirmar que praticamente todas nascem de um processo similar a esse.
No entanto, montar uma startup puramente baseada no processo de achar um problema relevante não é o suficiente. O grande risco é ter idéias desconectadas do seu domínio, conhecimento, competências, redes de relacionamento, etc. e surgirem soluções sem empatia com consumidores e sem nenhum diferencial competitivo.
É preciso olhar também para o que você tem de “unfair advantage” e tentar responder: “Por que você?" e "Por que agora?”
Comece com o que você conhece
O que você tem de único? Quais as redes, habilidades ou experiências raras que você tem? Quais os insights únicos ou “verdades” que você acredita e pouca gente sabe e/ou concorda? O que você consegue fazer ou construir que pouca gente consegue?
A maior parte dos empreendedores de sucesso que conhecemos começou com o que conhecia:
- Problemas que dominavam profundamente: compreendiam a dor que o cliente sentia;
- Habilidades e conhecimentos que já tinham adquirido: conseguiam criar algo único e relevante;
- Redes de relacionamento que frequentavam: se conectavam muito rápido com primeiros clientes e talentos que ajudaram a construir o produto e a empresa.
2) COMO AVALIAR SE SUA IDÉIA É BOA PARA UMA STARTUP?
Não basta decidir por uma idéia, é preciso garantir que ela seja relevante o suficiente para valer a pena o tempo e esforço dedicados e que você consiga ter algum diferencial para resolvê-lo.
Quão grande e crítico é o problema?
Enxergamos que existem seis variáveis que compõem a criticidade de um problema. Abaixo cada uma delas com seus respectivos indicadores de relevância:
- Quantas pessoas afeta? "Milhões de clientes"
- Quão rápido cresce? "Dois dígitos ao ano"
- Quanto dinheiro movimenta? "Dezenas de bilhões de reais por ano"
- Com que frequência precisa ser resolvido? "Constantemente: várias vezes ao dia, diariamente ou semanalmente"
- É urgente? "Primeira ou segunda prioridade na agenda dos clientes"
- É mandatório? "Uma lei mudou e agora todos precisam se adequar à nova realidade"
Quanto mais variáveis o seu problema se encaixar, mais relevante é. Se o seu problema não se encaixa em nenhuma das variáveis, provavelmente não é crítico o bastante para justificar uma startup. Pense nisso!
Qual seu "unfair advantage"? Por que você vai vencer? Por que esse é o melhor uso do seu tempo?
Nossa experiência diz que as melhores empresas são construídas em um processo de stepping stone que tipicamente começa ao redor de pelo menos um dos três fatores abaixo:
- Você e seus co-fundadores são super experts em algo, ou seja, são como “1 em 1 milhão” em determinado assunto: Fundaram empresas muito bem sucedidas, são PHDs ou executivos com décadas de experiência e realizações em um certo ramo, etc. que conseguem atrair capital, atenção de clientes, talentos, entre outros recursos importantes apenas como sua reputação e "autoridade". Mais do que isso, usam o que têm de melhor para construir seu próximo negócio.
- O produto que vocês conseguem construir é 10x melhor e/ou mais rápido e/ou mais barato que competição oferece. Vocês estão introduzindo uma nova tecnologia que melhora significativamente a experiência dos consumidores.
- Vocês conseguem adquirir novos clientes a um custo muito baixo, beirando R$ 0. Criaram algum tipo de ferramenta, conteúdo, mecanismo ou canal de aquisição de clientes que performa organicamente e viraliza a ponto de dar ampla vantagem em relação a concorrentes.
Se o problema é crítico e se vocês têm um "unfair advantage", não há por que não começar logo. Talvez o maior risco que correm é passar a vida toda sem tomar risco.
*Esse post faz parte de uma série de três publicações: “QUANDO EMPREENDER”, “COM QUEM EMPREENDER” e “O QUE EMPREENDER”.
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Alexia Ventures | Kauffman Fellow
4 aFantástica essa série de posts, Luiz Guilherme Manzano Super claros e diretos, desvendando de maneira simples os “must-have” de bons empreendimentos
CEO at Purple Metrics | Um Pontinho Roxo Falando Sobre Métricas de Branding | Endeavor Scale-Up | 100 Startups to Watch | Top Voice | Latitud and Beacon Member
4 aAdorei, Manza! Acho q tem um ponto mt forte que é a paixão por um problema. Tem mta gente que procura pelo tamanho (somente) mas qndo as dificuldades do caminho começam a aparecer (e vão aparecer) a paixão é oq mantém os empreendedores perseguindo o sonho.
Experienced Product Leader | Expert in UX, Design, & Technology
4 aMuito, muito interessante!
venture capital @ big_bets
4 aMuito bom, Manzano!