"O que a memória ama, fica eterno"
A afirmação, mais que conhecida, é de Adélia Prado, do poema Te Amo, apresentado no livro Bagagem. Adélia, consagrada como poetisa, foi também professora e conheceu o que são os desafios de educar, a qualquer tempo em que esse verbo for conjugado.
Estamos num tempo em que Educar se conjuga na complexidade. A sociedade é líquida, os encontros, virtuais, e uma pessoa vale tanto quanto for o número de curtidas que receber na fotografia de sua última refeição, feita em restaurante gourmet. Aliás, gourmet parece ser o adjetivo mágico desses tempos.
Mas, já em tempos imemoriais, Adélia resgata quase o graal sagrado da Educação: é preciso amar. A memória, não obstante as bilhões de sinapses e a infinidade de possibilidades que cada experiência pode gerar, vai guardar o que for embalado com amor. Todas as metodologias, contemporâneas ou clássicas, surtirão efeito de aprendizagem somente se conseguirem apertar a tecla certa do amor.
Isso não significa simplificar todo o avanço que as ciências da educação e que a neurociência vêm fazendo, em favor de uma melhor aprendizagem. Hoje, mais que ontem, temos mais claro o quanto é importante uma aprendizagem cujo protagonismo seja efetivamente do aluno. O quanto as sinapses são despertadas e estimuladas por ambientes colaborativos e por pessoas com senso refinado de empatia e generosidade.
Ainda assim, o que resta é o que a memória ama. O afeto com o qual cada professor ensina e aprende com seu aluno é decisivo, por todo sempre, para que aquela experiência se incorpore e crie um significado na vida de ambos.
Por essa razão, ainda me causa certa perplexidade quando, na busca por uma escola adequada aos seus ideais, a família procura por rigor, não aquele científico que se satisfaz em encontrar a verdade, mas o rigor no sentido da rigidez, da inflexibilidade, quase da punição. Trata-se de um direito e isso deve ser respeitado. E não se pode duvidar da boa-fé da família.
Mas, não o disse Adélia, mas é possível imaginar que a memória guarde o que ama, tanto quanto guardará o que odeia. E se queremos uma educação valiosa para os nossos, o que precisamos é nutrir de amor essa relação com o aprender, para que a memória efetivamente ame o que for vivenciado. E que o amor, os afetos, a memória agradecida, a vontade de fazer o bem e de querer bem às outras pessoas, isso sim, fique eterno.
Flávio Luis Rodrigues Sousa - professor.
Lindo ! Educar é cuidar sempre ajudar a ser e sermos verdadeiros até nos tornarmos autênticos.
Professora/Pedagoga
6 aIsso, professor! Além de todos os novos conhecimentos que temos à nossa disposição, o elemento imprescindível à Educação é o amor.