O que a organização de um casamento me ensinou sobre gestão

O que a organização de um casamento me ensinou sobre gestão

Situações particulares muitas vezes nos ensinam mais sobre negócios do que situações no nosso ambiente de trabalho. Não é a toa que muitos aqui no LinkedIn colocam ao lado de sua profissão uma outra ocupação ainda mais importante: a de pai ou mãe. E não é pra menos, dado o tamanho da responsabilidade que isso exige. 

Pois bem, eu ainda não cheguei nessa fase, mas dei um passo a mais recentemente, e sim, também aprendi muito com isso. 

Foi menos de um ano de planejamento para um dia que seria um dos mais importantes da minha vida, ou melhor, das nossas. A dona Mirian Gazaniga Belin foi pedida em casamento por mim no dia 25/03/2023 e decidimos casar no dia 20/01/2024. E isso exigiu técnica, planejamento, trabalho duro, e houveram erros e acertos. 

Mas afinal, por onde começar? Como sempre, definindo as prioridades. Isso precisa fazer parte de qualquer planejamento. Pois bem, as nossas eram:

• Uma celebração religiosa na igreja que frequentávamos até então, uma pequena capela na cidade de Penha/SC, seguido por um jantar com buffet livre para um determinado número de convidados que estipulamos.

• Registros fotográficos.

• Decoração modesta

• Que as pessoas fossem tocadas na celebração religiosa e se divertissem após o jantar. 

Tudo isso, gastando o mínimo possível, e aí não era uma questão de preferência, mas sim de possibilidade. E aí vem uma pergunta que precisa ser feita ainda no planejamento: quanto você tem para gastar?

Aqui não importa se você vai orçar o custo de cada serviço para então estipular seu teto de gastos, ou se vai estipular o teto e ir subtraindo cada serviço contratado (eventualmente, nas empresas, isso faz uma grande diferença). O importante é você saber quanto pode gastar. Nesse sentido, conseguimos fazer algo muito bom: saímos do casamento sem nenhuma dívida. Ao orçar, não esqueça de consultar os preços de pelo menos três fornecedores de cada produto e serviço. Você encontrará diferenças bem consideráveis.

Se não tiver possibilidade de sair sem dívidas, não esqueça de colocar no papel quais serão elas. Qual a despesa, em quantas vezes, para qual fornecedor? É um controle financeiro simples demais... vocês podem escrever com uma caneta em um guardanapo e pendurar na geladeira... desde que vocês tenham ciência dos números. Precisa integrá-lo ao orçamento de vocês. Sabe quando o financeiro da empresa pega no pé para proteger o fluxo de caixa? Pois é, é nessa linha de pensamento que estamos seguindo.

A organização desse evento começou com uma técnica conhecida da gestão empresarial: se você não tem expertise em algo, terceirize, e se for pra terceirizar, o faça com quem entende. E nós fizemos. Cerimonialista, fotógrafa, decoração, buffet, os músicos, os locais, enfim, todos os serviços terceirizados. Apenas ditamos as prioridades de cada um, fechamos o escopo, negociamos as condições comerciais e fechamos a contratação. O "como fazer" ficou com os terceiros.

Abrindo parênteses aqui, é extremamente importante você ter algum instrumento para confiar no prestador do serviço: seja por você conhecer, por amostragem da qualidade dos produtos ou serviços, seja por indicação de alguém que você confia, ou outro. E se puder colocar em contrato, melhor ainda. E se o contrato for elaborado pelo fornecedor, é ainda melhor, desde que você o leia, o questione, e o faça valer caso necessário. Enfim, nada diferente do que sugerimos fazer no ambiente empresarial.

A chance de acertar agindo assim é infinitamente maior. Me recordo que, ao contratar a cerimonialista, indicada por uma prima da noiva que eu não tinha tanto contato, fomos conversar com ela e ela disse que havia feito o casamento de uma amiga. Minha resposta foi automática e bem humorada: "opa, se você fez o casamento de alguém enjoada e exigente como ela eu confio em você". E de fato, se seu fornecedor atende bem empresas com alto nível de exigência, eles provavelmente atenderão bem clientes com um menor nível de exigência, que era nosso caso.

Planejamento feito e agora, finalizando...

"Mas Gilberto, cadê o PDCA que você tanto ama? Cadê a execução, a checagem dos resultados, as ações de correção e melhoria?"

Pois bem, vamos a elas.

A execução é por conta de quem vocês contrataram. E o resto é com vocês, vivendo tudo o que vocês pensaram e planejaram na medida do possível. A mensagem mais importante aqui, e essa não se aplica à empresa que você trabalha, é: se tudo der errado, curtam seu dia, seu momento, e só depois invistam algum tempo em correr atrás de algum grande prejuízo que possa ter ocorrido. Parafraseando o padre que nos atendeu antes da missa (e aqui não estou fazendo distinção por religião): "planejem tudo, e se algo der errado, é porque Deus quis assim, então caberá a vocês dois aproveitarem ao máximo aquilo que deu certo.

A checagem dos resultados é vocês sentarem no sofá depois e olharem as fotos, os vídeos, refletirem sobre tudo de bom que vocês viram, ouviram e sentiram.

Correções e melhorias? Isso é viver e tentar ser melhor enquanto pessoa e casal todos os dias.

Na nossa vida pessoal, muitas vezes, precisamos deixar a seriedade e os números um pouco de lado e simplesmente viver. Com sabedoria, discernimento, busca pelas decisões mais certas, mas com bom humor e de forma mais leve. E aplicando isso em nossa vida pessoal, quem sabe tornemos até mesmo nosso ambiente profissional mais leve. Afinal, por trás de um profissional, há sempre um ser humano que quer apenas, ser e fazer sua família feliz e realizada.



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