Cuidado com o "inovamento"

Cuidado com o "inovamento"

Recentemente uma amiga headhunter chegou até mim e disse que tinha uma vaga para uma posição de gestão de Compras em uma empresa e perguntou se eu tinha interesse, ou se conhecia pessoas para indicar. Eu expliquei que no momento não tinha interesse, mas me coloquei à disposição para ajudar. Então perguntei a ela se ela queria alguém para “tocar o barco” ou alguém para #inovar no setor. Como eu já esperava, ela respondeu que queria alguém para inovar, porque é isso que todos querem hoje em dia. Aí perguntei a ela algo que muitos esquecem de se perguntar: o que se espera com a inovação que se planeja fazer?


Eu tentei ajudar a entender a questão e dei umas dicas: “onde sua área de compras precisa de #inovação? No desenvolvimento de fornecedores, nos #indicadores de desempenho, nos #processos internos, na #gestão da #equipe, ou em outro aspecto?”. Não adiantou. O que ocorreu é que a área em questão havia acabado de perder um gestor, que havia reformulado boa parte dos processos nos últimos meses. Se chegasse alguém lá para tentar inovar novamente provavelmente geraria um “nó na cabeça” dos membros daquele setor, e isso geraria desmotivação, prejudicando um grupo que estava desempenhando bem suas atividades, mas que naturalmente precisava de uma #liderança.


Então meu conselho para ela foi o mais improvável que se possa pensar nos dias atuais: “não busque alguém #inovador, mas sim um gestor #profissional, tradicional, que tenha a capacidade de arrancar o melhor dessa equipe com calma, e que vá deixando a marca dele aos poucos, sem ‘estressar’ demais o time, sem inovar por enquanto, sem intenção de reinventar a roda”, disse eu. 


Por mais que estamos vivendo em um mundo que muda o tempo todo, ainda precisamos tomar muito cuidado com a #inovação, ou com aquilo que pensamos que seja inovação, mas muitas vezes não é. Inovação é diferente de #tendência, que é diferente de modinha. 


Modinha é um conceito que não poderia ter surgido em outro lugar se não no Brasil. Um negócio para chamar atenção. Os “marketeiros” amam modinha, e com toda a razão. Você pega uma "febre", faz parecido e ganha muitas visualizações nas redes sociais, e consequentemente visualização da marca como um todo. Lembramos das dancinhas do TikTok ou de tantos memes que surgiram nos últimos anos: propaganda barata, moderna, que chama a atenção, e se você acertar a mão consegue um alto impacto. E se tem uma área cheia de profissionais fora de série nesse país, essa área é a de marketing.


Tendência já é outra pegada. Aqui o marketing não trabalha sozinho. Todo mundo se abraça e constrói junto. Não vai ser para sempre, aliás, existem tendências que passam relativamente rápido, mas ela exige um trabalho especial. Tendências podem criar tendências, que podem criar outras tendências, e isso ajuda muito a empresa a se manter visível no mercado, especialmente aquelas que têm dificuldade de inovar (seja por não terem profissionais de inovação, ou por estarem em um segmento difícil de inovar).


E inovação?


Inovação é criar algo novo para melhorar algo antigo. Não importa se você tem um problema para resolver ou um processo para aperfeiçoar, a inovação precisa vir com um objetivo claro e específico. 


Tá, mas e o tal "inovamento"?


Inovar por inovar, sem pensar na estrutura necessária (especialmente recursos financeiros e humanos), sem pensar nas consequências, e principalmente, sem #propósito. É como criar uma palavra nova para fazer um charme e sem pensar que as pessoas podem questionar sua capacidade por isso (perdoem o autor pelo título do texto).


#Aprimorar o #processo, reduzir #custos, aumentar #receita, aumentar lucro, fidelizar clientes, reposicionar a marca, melhorar o ambiente de trabalho, enfim, há infinitas possibilidades de inovar com objetivo claro. A questão é que, por mais que seja bom, inovar nem sempre é necessário. As vezes você precisa de alguém para estabilizar o ambiente, o que não acontece num período de inovação.


Na onda de inovar por inovar, muitos profissionais acabam esquecendo da premissa básica da inovação: o #objetivo. Inovar sem objetivo claro pode sair caro, gerar custos desnecessários, ou até mesmo ser um tiro no próprio pé, impactando negativamente a imagem de um produto, serviço ou da empresa inteira. Portanto, cuidado com o "inovamento". Inove com #propósito e #planejamento, ou apenas faça o dever de casa bem feito, e você já sairá na frente da maioria. 

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