O que se perde quando perdemos um estudante?
O que é perder um estudante para você? Alguns podem pensar no primeiro momento apenas na perda no âmbito econômico – como não conseguir o valor de uma matrícula e/ou mensalidade, e como isso interfere em sua empresa ou escola. Porém, quando perdemos um estudante, temos impactos múltiplos, na capacidade de transformação para alcançarmos uma sociedade justa, menos desigual.
Inegável é que a educação se presta não apenas ao desenvolvimento integral do indivíduo, mas com ela é possível verificar o progresso econômico, cultural e social do mundo. Seu impacto vai além da ampliação das chances para a obtenção de um emprego, e por este motivo, no Brasil e em outros países é vista como um direito fundamental de todas as pessoas resguardado pelo Estado. A educação ajuda no combate à pobreza, diminuição da violência, fortalecimento da cidadania, crescimento econômico, além de garantir o acesso a outros direitos. Inclusive, o Relatório de Monitoramento Global de Educação da UNESCO constata que um ano adicional de escolaridade aumenta a média anual do PIB em 0,37%.
Para alcançarmos a mudança através da educação, o caminho é relevante. O processo de ensino-aprendizagem baseado no que o estudante necessita aprender, na criação de vínculo entre o professor-estudante e prezando por um ambiente plural pode ser revolucionário. A constante reflexão e trabalho duro fazem parte dessa jornada, mantendo sempre em mente que este processo pode ocorrer de diferentes maneiras. Respeitar seu tempo de aprendizagem, desafiá-lo, instigá-lo a descobrir o mundo são formas de não perpetuarmos o status quo, transformando o estudante em um cidadão crítico, protagonista de sua própria aprendizagem. Para trilhar este caminho, o professor tem papel fundamental como mediador do saber, o estudante e a família estão também envolvidos intensamente nesta trajetória.
Cada estudante é único, e pode se tornar um agente de transformação. Perdê-lo, seja porque este se mostra desinteressado pelas aulas, ou aquele que deixa de frequentá-las pois não possui condições econômicas necessárias para tal, em todos os casos, requer atenção. No atual contexto de pandemia, segundo a UNESCO, estamos passando pela maior interrupção de aprendizagem da história, com quase 1,6 bilhão de estudantes que deixaram de frequentar as salas de aula em mais de 190 países. Isso representa mais de 90% da população estudantil do mundo todo!
Será que estamos mesmo olhando para o que estamos perdendo quando perdemos um estudante? A reflexão, mais do que nunca, é urgente.
As lacunas sociais e de aprendizagem dos estudantes devem ser mapeadas e analisadas, para que possamos nos planejar a fim de encontrar o melhor plano de ação. Algumas instituições de ensino estão se adaptando à nova realidade, trazendo, por exemplo, suas aulas para plataformas online. Apesar de termos barreiras a transpor - no Brasil, por exemplo, apenas 8 a cada 10 domicílios têm acesso à internet (IBGE) -, buscamos avançar nesta temática.
A excelência na aprendizagem e o acesso devem andar juntos. O estudante deve estar no centro do processo, recebendo o estímulo necessário para o seu desenvolvimento socioemocional, se tornando um indivíduo problematizador de suas práticas, com valores sólidos. Assim, ele verá suas oportunidades ampliadas, como a melhoria da sua renda e de sua família, e colaborará com um mundo melhor, uma perspectiva de desenvolvimento. A transformação é consequência da educação, e cada um é importante para a coletividade.
O que se perde, então, quando perdemos um estudante?
O futuro.