O que uma padaria alemã pode nos ensinar sobre ter mais tempo livre

Já foi numa padaria na Alemanha? Ou em algum país da Europa (se aplica a muitos). Pois bem, na cidade que costumo ir da Alemanha tem uma padaria que gosto muito. Ela vende uma variedade imensa de sanduíches, faz vários tipos de pão e tem cafés para vários gostos. Pois bem, quantas pessoas você acha que trabalham lá? Duas nos horários de pico e na maioria do tempo 1 pessoa. 

Essa pessoa põe os pães no forno (já vem de uma central de manhã massa pronta), tira, faz os sanduíches, faz café na máquina, serve os clientes e cobra.

“Ahh, mas aposto que você não é bem tratado!” diria um. Olha, não mesmo. Mas também não sou mal tratado, a pessoa lá apenas trabalha focada (sim, seja ágil com seu pedido e dinheiro, senão vai ter careta).

Lendo um artigo que comparava produtividade alemã com americana, um dos principais diferenciais do trabalhador alemão é o foco no trabalho nos momentos que você está trabalhando. É pouco ou zero celular. Redes sociais nem pensar. E cafezinho tudo bem, mas 2 minutos de conversa furada e depois falamos de trabalho, ok?

Quem não se comporta dessa maneira é rapidamente repreendido pelos pares, mas nem precisa, eles têm ciência do que pode e não pode. Todos sabem que o resultado disso são serviços feitos em menos horas de trabalho e provavelmente permitindo que saiam sempre no horário. Isso é um dos grandes motivadores da eficiência alemã, trabalho feito em menos tempo e mais tempo livre para família, clubes e hobbies. Aliás eles adoram clubes de interesse comum. Clube do vinho, clube do pôquer, clube dos donos de cachorro e por aí vai.

O que menciono acima é o aspecto cultural, porém há outro aspecto que determina o nível de produtividade do trabalhador de um país, que é o nível tecnológico, ou seja, ter a máquina certa, a ferramenta correta, o aplicativo funcionando. A tecnologia inclui o nível educacional e treinamento do trabalhador também. Claro que nesses aspectos a Alemanha também é líder mundial.

Apenas para referência no ranking de produtividade mundial a Alemanha é quinta e o Brasil octogésimo primeiro (fonte: Fórum Econômico Mundial). Segundo o relatório do Fórum "O desenvolvimento da competitividade brasileira só será possível a partir da incorporação de tecnologias, amadurecimento das empresas e empresários, aumento da produtividade e ganhos de comércio internacional, desenvolvida e orientada via uma agenda clara e transparente"

Bem, se do lado da tecnologia e outros aspectos não podemos fazer muito (a não ser investir em nossa educação), do lado cultural podemos fazer muito. Trabalhar com mais foco só depende de você (claro que envolve disciplina). E o resultado é mais tempo para você mesmo.