O reinado do chimpanze lider dura 6 anos
Segunda semana de trabalho completada e eu estou me sentindo esquisito. Talvez seja porque eu acabei de acordar, mas talvez seja porque muita coisa abriu meus olhos essa semana.
Essa semana eu vi um amigo bem competente publicado pela primeira vez um artigo no LinkedIn. Mas não foi um artigo simples e meio bobo. Foi um baita de um artigo falando de problemas reais que nós desenvolvedores e equipe de produtos temos nas empresas. E esse artigo curiosamente refletiu grande parte do que eu experimentei nos sete dias anteriores à leitura.
Muitos de vocês sabem que eu estou vivendo um momento muito interessante da minha vida onde me tornei um gerente de engenharia. Nessa posição eu estou encarando vários dos eventos e dos momentos exatamente iguais que eu vivia quando era um contribuidor individual, mas agora estou do outro lado da mesa. Agora estou atuando como alguém que tem que avaliar a performance, que tem que reforçar processos, e que tem autoridade de dizer sim ou não para exceções.
É impressionante como essa mudança radical inesperada. Novamente, não estou dizendo algo que eu não quisesse ou desejasse. Não é isso. O que estou dizendo é que numa sexta-feira você tem que fazer estimativa de pontos para uma sprint e pensar que parada chata isso é totalmente inútil. Na segunda-feira você está do outro lado dizendo que os pontos são essenciais pois ajudam ao gestor e as equipes externas a terem visibilidade no trabalho que há de ser executado.
Eu sei que hoje em dia muita gente está cansada e polarizada.
Tudo bem.
Sua situação hoje eu te desejo melhoras.
Ninguém fica no topo pra sempre.
Ou parafraseando para parecer mais receptivo: a maioria tem um período no topo e esse período pode ser mais longo ou mais curto.
Como uma analogia, essa semana eu assisti o Joe Rogan falar com o diretor de um documentário sobre chimpanzés na África que está em cartaz no Netflix. Enquanto ele comentava com o diretor, muitas lições foram extraídas por eles e por mim das relações sociais e de tudo que estava por detrás daqueles animais vivendo expostos mas ao mesmo tempo sendo constantemente observados por humanos.
Os chimpanzés têm um macho líder que geralmente se mantém nessa posição pela sua agressividade.
Quanto mais agressivo ele é em uma luta para decidir a posição mas ele tem chance de ganhar-lá e assim ser declarado o alfa.
Mas isso é 20 minutos do reinado dele de 6 anos.
Os outros 3,153,580 minutos da sua carreira são distribuídos em várias tarefas sociais entre elas acariciar os outros machos e tirar insetos e parasitas dos corpos e pelos deles.
O QUE QUE VOCÊ ACHA DISSO? SÉRIO PARE 1 SEGUNDO PRA OUVIR O QUE EU ACABEI DE FALAR. ESCREVE NO COMENTÁRIO SE VOCÊ CONSEGUE PERCEBER ALGUMA COISA DESSA DISTRIBUIÇÃO (% TEMPO) DESSA DISCUSSÃO QUE EU ACABEI DE LEVANTAR. SE VOCÊ ASSISTIU DOCUMENTÁRIO MELHOR AINDA.
Essa semana eu também terminei de ler o livro do Dr. Michael Watkins chamado “The First 90 days”.
O capítulo que mais me impressionou no livro foi o oitavo, e garanto que se você ouvir literalmente, você vai dizer que é manipulação. Um livro ensinando você a manipular outras pessoas e a manipular o seu ambiente.
Dicas de como tornar um adversário a seu favor.
Dicas de como tornar aquela meta sua a meta de todos, mas fazendo isso discretamente, sem parecer um confronto ou uma imposição.
Eu certamente recomendo a todos a lerem esse livro.
Quando eu comentei no meu último trabalho sobre esse livro uma grande quantidade de gerente de sucesso (que tiveram ascensão astronômica no trabalho) disseram que leram esse livro e que acharam ele ótimo.
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O ponto aqui é que as barreiras parece que se mesclam em alguns momentos e não é necessariamente fácil definir quando o que você está fazendo se torna simplesmente uma técnica de gestão para você se tornar um bom gestor ou algo usado para conseguir que as coisas sempre se tornem ao seu favor.
Nada de errado com isso.
Mas é manipulação.
O chimpanzé da África faz isso e os gestores do Vale do Silício também. Eu tenho certeza que é um traço de nós humanos que nos comunicamos não só da forma verbal mas também por vários outros canais físicos, psicológicos, gestuais, etc.
E comunicação como sempre é o ponto central desse meu texto.
O que me deu vontade de escrever esse texto hoje foi justamente uma experiência nova que eu tive de participar de avaliação de performance. Dessa vez eu estava ouvindo somente eu não estava sendo avaliado e eu estava aprendendo sobre como promover essa avaliação para os membros da minha equipe. Foi muito bom e muito interessante (e graças a Deus todos são fenomenais e tiveram avaliações estelares). Como adendo aqui vale dizer que eu me sinto muito sortudo.
Mas o ponto principal é que eu captei muitas coisas interessantes e várias delas são relativas a comunicação e como você se apresenta para as pessoas. Como eu disse a 1 segundo atrás, a comunicação é realmente algo complexo e não é de forma nenhuma algo simples que se dê somente através da via verbal.
Eu vou começar a caminhar para uma conclusão, pois certamente esse texto vai ficar abrindo tangentes e ramificações as quais eu não tenho como me aprofundar por falta de conhecimento e por falta de tempo.
A mensagem principal que eu gostaria de deixar TENTE.
ACREDITE. E erre. ERRE muito.
Erre sem piedade e sem medo de ser feliz. Não se leve muito a sério. Aprenda. Esqueça. Tente sempre. Até que você canse. Até que você não queira mais.
O animal que tem fome ele não dorme. Quem decide se você está com fome é você. Eu estou.
Quando a gente esquece que somos humanos e que temos falhas que a nossa voz fraqueja, que o nosso carro não é igual ao do vizinho, que seu filho/filha da mais birra no shopping que o coleguinha, que tem uma barba branca que não estava a um mês atrás no seu queixo e que a sua olheira está maior hoje do que estava ontem… Eu acho que nessa hora a gente percebe a inevitabilidade do tempo na nossa vida e temos que tomar uma decisão. Vamos continuar prosseguindo e abrindo caminho e andando para frente. Ou vamos recuar retrair e não fechar nessa bolha protegidos com a câmera desligada com medo que as pessoas percebam as mudanças e as variações da nossa vida.
Essa é uma decisão que você e só você pode tomar.
Última bobeira que eu vou falar (mas é verdade): se você está fazendo dieta e se pesar hoje e ver 90 quilos você vai dizer OK esse é o meu peso base. Amanhã, segundo dia da dieta, você vai olhar na balança e vai ver 89 e vai dizer que a minha dieta está dando certo é ótimo. No terceiro dia você vai olhar na balança e vai ver 91, nessa hora certamente a sua reação vai ser desconsiderar e dizer que essa flutuação positiva é algo normal do seu corpo. Você percebe o viés bobo e ao mesmo tempo maléfico que isso representa? Quando está a seu favor você confirma. Quando está contra você você descarte.
Esses somos nós: humanos. Muito prazer.
Agora siga a dieta e os exercícios e a sua vida e o seu trabalho e a sua rotina com zelo por um longo período de tempo e o resultado vai chegar.
Não precisa nem olhar na balança.