O TALENTO BASTA?
Não é só no âmbito da política que a sociedade tem demonstrado rejeição às práticas nefastas de corrupção, má conduta, mau uso do dinheiro público, entre tantas outras negações. A eleição de Bolsonaro demonstra, por exemplo, que essa sociedade quer impor uma nova tábua de valores. Se ele está atendendo esses anseios é outra história.
Bora lá para o esporte, futebol especificamente, paixão nacional de norte a sul do país.
Neymar, um ídolo inconteste, ícone dessa paixão por sua destreza, performance e prêmios conquistados durante a carreira, está sendo defenestrado em redes sociais por causa da agressão que desferiu contra um torcedor, há poucos dias. Por causa desse ato, recebeu críticas até do técnico do time francês.
Por causa disso, está em curso uma campanha para que o técnico brasileiro não o convoque para o próximo jogo da Seleção Camarinho. Como assim, mas o cara é um dos melhores do mundo, um craque que resolve nas piores horas?
Então...
Parece que só o talento não basta para essa nova sociedade, que rejeita o decantado jeitinho brasileiro, a malandragem quase inocente, se esse talento não vier acompanhado de atitudes (valores?) que se coadunam com as expectativas dessa nova sociedade.
Não por acaso, isso tem acontecido bastante nas empresas. Departamentos de Recursos Humanos e Comunicação estão suando a camisa para estabelecer aderência e engajamento à missão e valores das empresas. E as crises são mais frequentes quanto mais distante estão as pessoas dos statments estabelecidos de cima para baixo.
Só o talento já não basta para sustentar um atleta no time ou um profissional na equipe. São cada vez mais necessárias as habilidades intangíveis como colaboração, empatia, voluntarismo, altruísmo e inteligência emocional.
Muitas vezes, até, esses fatores intangíveis substituem o talento em nome do clima organizacional, mas sobretudo, para atender ao cliente, que pode não ser necessariamente quem compra a marca, mas sobretudo quem a propaga.
Uma das preocupações das empresas, hoje, é identificar entre seus stakeholders, influenciadores e embaixadores de suas marcas, que funcionem como aliados do negócio. Mais do que isso: propagadores dos valores vigentes. Assim é com as marcas que apoiam e patrocinam o esporte, por exemplo.
Por maior que seja o talento do moço, uma hora seus patrocinadores vão despertar para o fato de que os valores do atleta não são exatamente os valores defendidos pela marca. Nessa hora, o que vai pesar mais? Com a palavra, o tempo, senhor de todas as razões.
Consultor para investidores imobiliários na Florida
5 aExcelente texto, Silvana! E eu nem vejo isso como uma característica da "nova sociedade", mas uma expectativa de hoje e sempre do ser humano padrão. "Parece que só o talento não basta para essa nova sociedade, que rejeita o decantado jeitinho brasileiro, a malandragem quase inocente, se esse talento não vier acompanhado de atitudes (valores?) que se coadunam com as expectativas dessa nova sociedade." Chega a hora em que todo mundo quer dar um basta nesse tipinho tinhoso, não importando se é celebridade ou um anônimo. Agora, cabe aí o perdão, para todo erro há o arrependimento. O craque pode se redimir e sair por cima dessa crise, pois essa atitude também é muito louvável, e tão bonito quanto se arrepender, é perdoar o arrependido. Abraços!