O uso excessivo das redes sociais prejudica a saúde mental

O uso excessivo das redes sociais prejudica a saúde mental

Você vai para cama, está morrendo de sono, mas o celular continua na mão. Nada de fechar os olhos antes de dar a última checada nas redes sociais. Apenas cinco minutos se passaram desde a última vez que você checou as redes sociais. No entanto, mesmo assim você para de novo e olha tudo outra vez. Vai que alguém perguntou alguma coisa importante no WhatsApp? E se a blogueira postou um novo tutorial no Youtube, aquele que você estava esperando? Você fica tão entretido com as redes sociais que não presta muita atenção ao que acontece à sua volta. Por mais que tente se policiar, você ainda não consegue estar 100% presente quando conversa pessoalmente com alguém.


O Brasil é o segundo país que mais usa celular no mundo, e esse dado impressionante pode esconder riscos sérios para a saúde. Com a popularização dos smartphones, o uso desses aparelhos tem se tornado cada vez mais constante, e muitas pessoas passam a maior parte do dia conectadas, seja por necessidade profissional ou por entretenimento.

De acordo com o Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGVcia), existem mais celulares do que habitantes no Brasil. Além disso, os brasileiros passam em média 9 horas e 32 minutos por dia no aparelho, o que representa quase 60% do tempo em que estão acordados.


O que acontece quando ficamos muito tempo no celular?

O cérebro é um órgão extremamente adaptável. Por mais que não seja totalmente perceptível na hora, algo muda dentro da sua cabeça sempre que você pega o celular. O mesmo ocorre com os diversos estímulos que temos ao passar dos anos, como quando aprendemos a falar, andar, escrever e ler.

Os celulares possuem uma série de incentivos visuais, auditivos e motores que impactam o desenvolvimento do cérebro. A memória é a mais afetada, já que o aparelho funciona como um HD externo para a nossa mente. De repente, não precisamos mais lembrar números de telefone, datas de aniversário e compromissos, pois está tudo armazenado tecnologicamente.

O excesso de estímulos visuais e auditivos pode prejudicar a capacidade de concentração e de memorização. Isso pode ser especialmente grave em crianças e adolescentes, que estão em fase de desenvolvimento cerebral e podem ter seu aprendizado comprometido pelo uso excessivo do celular. A velocidade processada para as informações obtidas por aparelhos eletrônicos é bem mais rápida que a do nosso cérebro, o que pode deixá-lo ‘preguiçoso’ e nos decepcionar quando dependemos só dele, como quando estamos longe dos celulares.

Procurar qualquer informação na internet antes de tentar se lembrar sozinho, seja para trabalho ou lazer, já é um hábito prejudicial. Estamos deixando de exercitar nossa memória e passando muito tempo em frente aos aparelhos.

Além disso, esses dispositivos são pistolas de dopamina (conhecida como hormônio da felicidade). Quando vemos uma notificação na tela, temos o instinto de motivação para ver do que se trata. Pode ser uma mensagem de uma pessoa amada, um aviso de um conteúdo de um influenciador que você gosta ou um alerta de promoção em um site de compras. Não importa: a felicidade está na palma da sua mão.

O problema é que dopamina em excesso vicia. Queremos cada vez mais ter aquela sensação de bem-estar, disposição e vitalidade. E isso, claro, nos faz usar o celular com maior frequência, ocupando boa parte do nosso dia e trazendo prejuízos.


Problemas causados pelo uso excessivo do celular

1. Problemas de visão

Os celulares são aparelhos relativamente pequenos. Dessa forma, muitas pessoas forçam a vista para conseguir ler textos e enxergar vídeos, o que acaba cansando os olhos. Além de que, a luz da tela é capaz de deixar a vista ressecada e com uma sensação de inchaço (o que é chamado de fadiga ocular).

2. Falta de concentração

Os vários estímulos proporcionados pelos smartphones fornecem uma série de distrações para o cérebro. Por isso, é comum que alguns indivíduos encontrem dificuldade em se concentrar no mundo real, que não é tão interessante quanto o online.

3. Dor de cabeça, nas costas e no pescoço

Muitas vezes utilizamos o celular em uma postura inadequada (olhando para baixo ou com a cabeça inclinada para algum lado), o que causa estresse à musculatura, provocando  , desalinhamento da coluna, gerando dores no pescoço e nas costas.

Além disso, forçar a vista, expor os olhos a luzes intensas e assistir conteúdos com o som muito alto (principalmente com fone de ouvido) também pode causar dores de cabeça fortes e crises de enxaqueca.

4. Distúrbios do sono

O uso de telas (incluindo celulares) durante a noite está relacionado a má qualidade do sono, dificuldade para dormir, curta duração do sono, insônia e sonolência diurna. Isso acontece porque o cérebro confunde a luz artificial dos aparelhos com a luz do sol, o que atrapalha a secreção de melatonina, conhecida como hormônio do sono.

Outro ponto de atenção é que os smartphones são muito estimulantes, o que nos deixa naturalmente em um estado de vigília, dificultando o relaxamento, fundamental na hora de dormir.

5. Sedentarismo

Várias pessoas deixam de fazer atividades físicas para ficarem sentadas ou deitadas mexendo no celular. Esse hábito é uma característica comum do sedentarismo e é capaz de evoluir para doenças como obesidade.

6. Transtornos mentais

As redes sociais, costumam ser um grande gatilho para transtornos mentais. A necessidade de aprovação, curtidas, visualizações, engajamento e relevância online levam várias pessoas ao extremo da saúde mental, causando depressão, ansiedade e transtornos obsessivos.

Além disso, a comparação com padrões de beleza e imagens altamente difundidos nas redes geram disformia corporal, um distúrbio em que o indivíduo tende a elevar ao máximo os seus defeitos, gerando insatisfação com sua própria imagem.

Como prevenir os malefícios do uso excessivo do celular?

É importante estabelecer limites para sua utilização e buscar atividades que proporcionem um equilíbrio entre o mundo digital e o mundo real. Até porque, esse excesso pode fazer com que o paciente se torne mais sedentário, pratique uma quantidade menor de exercícios ou coma de maneira desequilibrada, por não prestar atenção ao que está à sua volta.

A melhor maneira de evitar esses problemas é não exagerar. As redes sociais existem para facilitar o início da comunicação, quando não é possível falar com alguém devido à distância ou em situações em que o contato precisa ser feito rapidamente. As redes sociais não podem substituir o contato pessoal, nem as atividades sadias do cotidiano, como sair com os amigos e praticar exercícios físicos.

Dicas para prevenir esses malefícios e ter uma vida mais saudável.

  • Mantenha o dispositivo no silencioso para evitar ansiedade causada pelo som de notificações
  • Identifique as razões que fazem você utilizar o aparelho de forma exagerada
  • Estabeleça horários espaçados (em média 30 minutos) para responder mensagens, checar as redes sociais e consumir conteúdos ao longo do dia
  • Não use o celular antes de dormir e tente não o levar para a cama com você
  • Evite usar o smartphone durante as refeições e comece a prestar mais atenção nos alimentos que você está ingerindo e na mastigação
  • Valorize interações físicas reais, como prática de exercícios físicos, caminhadas ao ar livre, leituras de livros físicos e visitas culturais
  • Tenha um hobby saudável que não envolva tecnologias, como fazer crochê, artesanato, jardinagem, entre outros
  • Estabeleça limites no uso de telas para crianças e adolescentes, reduzindo o contato com o smartphone e incentivo práticas mais saudáveis
  • Faça acompanhamento com um psicólogo para cuidar da saúde mental


Agora que você já sabe todos os malefícios no uso excessivo do celular, é importante que também encontre meios para cuidar da sua saúde física e mental.

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Ana Clara Souza

Psicóloga Clínica

CRP 05/70091

Wpp: (24) 99293-9814

Atendimento online e presencial

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