Obstáculos e barreiras enfrentadas pela juventude empreendedora
Cada vez mais, percebemos uma maior interação dos jovens com o mercado de trabalho, não apenas como aprendizes ou empregados assumindo o seu primeiro emprego, mas, sim, como novos empreendedores ou líderes. Esses indivíduos contam com um despontar de ideias e uma enorme vontade de conquistar seu lugar ao sol, empreendendo em diversas áreas e vencendo barreiras psicológicas, pessoais e naturais da idade, além de lidarem com a falta de apoio do mundo do empreendedorismo.
A verdade é que a cultura juvenil não pode ser emoldurada e nem padronizada. Mas, muito em função de sua vida atribulada aos sentimentos, dúvidas, medos, fobias, culpas e medo do fracasso, os jovens parecem sofrer um processo de imediatismo exacerbado a cada dia, o que os leva a buscar alternativas razoáveis de liberdade financeira, autonomia pessoal e autoafirmação dentro de seus nichos familiares e sociais. Tudo isso na contramão das grandes limitações emocionais comuns da idade.
No entanto, apesar de termos muitos casos famosos de jovens ganhando espaço dentro do mundo corporativo e tocando os seus próprios negócios, também temos uma outra realidade cruel: aqueles intelectualmente bem preparados, que se perdem em um labirinto de oportunidades, pois vivem a grande frustração de não serem aceitos dentro de uma sociedade cheia de pré-julgamentos e instâncias imposta pelo sistema capitalista.
Isso é muito preocupante, já que esses jovens acabam se perdendo em meio ao caos pós-modernista de aceleração dos processos que o sistema estabelece como padrão. Onde, na verdade, não existe um padrão. Existe, sim, a vontade e garra de encarar os seus medos e as suas inseguranças para colocar em prática ideias inovadoras. No entanto, o que se percebe é que, apesar de todo advento tecnológico, ainda vivemos em uma sociedade que “compra” modelos de jovens que preferem não se expor e encarar o universo do empreendedorismo por medo e dúvidas. Não existe incentivo para esses novos empresários, seja ele financeiro ou moral.
Esses jovens que se sobressaem no mundo corporativo ou do empresariado, muitas vezes, não conseguem nem ao menos o apoio familiar. São situações que acabam levando os mesmos a uma depressão repentina e uma cobrança pessoal maior, gerando, assim, muito desânimo e desesperança. Hoje em dia, o que mais vemos são jovens desanimados e sem uma perspectiva de um futuro vindouro, inseridos em famílias desmoronadas, com pouca afetividade e pouco incentivo.
Sem apoio ou escuta, a maioria tende a sucumbir ao álcool e às drogas ilícitas. A omissão para resolver o problema da ansiedade por mudanças, por expor suas aptidões ou simplesmente ser ouvido, em sua maioria, é a ovação aos temas dos mais variados. Por isso é tão importante criar uma rede de apoio social para que todos não acabem no ostracismo. Afinal, temos exemplos de grandes empresas presididas por jovens talentos que demonstram um poder imenso dentro do mercado de trabalho.
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É preciso ter um olhar atento para acolher essa energia jovem, de forma que impeça a cobrança excessiva e as preocupações atuais de provocar ainda mais estresse. Enfim, a dificuldade está no controle das emoções, em ser guiado mais pelo sentimento do que pela razão para viver e suportar os problemas da humanidade. Controlar os seus sentimentos de culpa, cobrança, medo, suas fobias pelo novo e receio das frustrações, caso algo não saia como o esperado, também é um ponto importante.
Afinal, ser um empreendedor, compartilhar as suas ideias e brigar por elas, é uma tarefa conflituosa para os adultos, então, imagine para os jovens, que estão iniciando em suas atividades e sentindo a necessidade de se afirmarem no mercado. Mas, não podemos deixar de pontuar que: os adultos pensam em deixar transparecer ao jovem as aflições que já conhecem. Pelo contrário, o amor, a atenção devida, a paciência em ensinar, a preocupação por sua vida particular, o controle e a invasão da privacidade do adolescente e o carinho são os elementos essenciais para passar segurança a esse novo líder e empreendedor.
Dessa forma, o jovem se sente capaz de fazer as suas escolhas sem perder o foco, conquistando suas realizações pessoais, sua capacidade de empreender, liberdade e espaço no mercado. E que sejamos menos intolerantes com nossos jovens, menos julgadores e mais companheiros, mostrando a eles que são apoiados e protegidos pelos mais próximos, tendo espaço e voz.
Dra. Andréa Ladislau.
Psicanalista.