Olimpíadas: diferença entre o crítico e o chato
Existe uma associação indevida entre ser crítico e ser chato.
A crítica tem sido associada com o ato de apontar defeitos ou de “descer-a-lenha” no outro ou no que o outro fez. Será que consiste tão somente em apontar defeitos? Ou é imprescindível ao crítico investir numa argumentação consistente e respeitosa?
Ser crítico não é simplesmente se posicionar contra, disparar sua opinião pessoal contra alguma coisa ou acontecimento. Crítica não é ataque pessoal ou achincalhe. Não é ser um desagradável, com observações fora de hora e lugar.
Crítica se expressa por argumentos consistentes, confronta argumentos com (contra) argumentos fundamentados, não visa à pessoa e o objetivo é de contribuir.
Já o comentário do chato é sempre corrosivo, é sempre destrutivo, é o tal do “joga pra galera” ... não visa a verdade, mas sim, tem a intenção de destruir a idéia/acontecimento.
Bom senso, ética-moral, elegância no dizer, ter coragem de fazer autocrítica, devem ser imprescindíveis ao crítico. O bom senso orienta que, antes de atirarmos a primeira pedra crítica devemos nos colocar no lugar do criticado. Infelizmente, parece estar desaparecendo essa qualidade e arte de se colocar no lugar do outro, que a psicologia denomina empatia.
Falo isso por conta da abertura e das Olímpiadas no Rio:
- manifestação contra as olímpiadas; parecia show de inconveniência;
- publicações dizendo que o que foi gasto com Olímpiada poderia ter sido gasto em outros setores como saúde e educação. Mas e os esportes? Também não são ingredientes de saúde e educação? E por que não comemorar? Tem que promover mesmo. Não podemos ser só futebol;
- a vaia ao Temer na abertura – totalmente dispensável. Não era ambiente, hora e lugar pra isso. Aqui faltou educação.
- tem jornais nos chamando de cínicos, porque não praticamos o que mostramos ao mundo nas Olímpiadas. Não somos cínicos, mas não desistimos de promover coisas boas e de tentar consertar.
O Brasil deu um show na abertura dos jogos olímpicos. E tem que elogiar, comemorar. Foi lindo e emocionante. Foi pra ver o mundo falar: “_como foi que eles conseguiram fazer tudo isso?”
Lamentável escutar críticas que não são críticas... Quer criticar? Ok... mas o que você, o senhor que se acha “o crítico” teria feito então? E com qual orçamento? E quem disse que você faria melhor? Por que acha que faria melhor?
Contra fatos não há argumentos: foi bonito de se ver!
E foi bom demais ressuscitar a alegria com um Cristo abençoando lá do alto.
Eu escrevi o que entendo e os críticos escrevem o que eles entenderam. Eu, por princípio nunca faço comentários sobre as críticas”. José Saramago